CRISE CLIMÁTICA

Por causa da crise climática, esse país pode desaparecer em breve

Localizado na África, país pode desaparecer se algo não for feito a tempo

País pode desaparecer em breve.Créditos: ACNUR/Sylva Nabanoba
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

Nas últimas semanas, chuvas intensas em diferentes países da África têm causado inundações sem precedentes na história das regiões afetadas. Em decorrência dos estragos provocados pelo aumento do nível da água, cerca de quatro milhões de pessoas foram atingidas, com quase um milhão sendo obrigadas a abandonar suas casas até o presente momento, de acordo com informações de agências humanitárias. No entanto, é no Sudão do Sul que a situação parece ter se tornado mais crítica.

Com as chuvas elevando os níveis de água no Lago Vitória a patamares recordes que fluem para o Nilo, mais de 700.000 pessoas já foram impactadas no país. Nos últimos anos, os estragos provocados pelas tempestades levaram centenas de milhares a deixar suas residências devido a inundações provocados pelas cheias. As sucessivas inundações impedem um clima estável para o retorno ao país, tornando a reconstrução das regiões quase impossível e gerando temor. O receio é que todo o contingente populacional de refugiados climáticos, levados obrigatoriamente a migrar após as inundações, nunca mais consiga retornar às suas terras.

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Uma cidade úmida 

A situação crítica do Sudão do Sul deve-se principalmente à sua geografia. Localizado entre rios, o país é conhecido por ser uma das zonas mais úmidas do mundo. Na região de Sudd, que é uma área de pântano, o Nilo atravessa uma extensa rede de outros rios e planícies aluviais, tornando essa região extremamente sensível às flutuações do nível da água no Lago Vitória, que variam de ano para ano, mesmo quando controladas pela barragem de Uganda, onde o lago encontra o Nilo.

Além de estar situado entre rios, quando o nível da água aumenta em função das chuvas, o solo argiloso da região dificulta a absorção e o escoamento da água, que fica retida na superfície, causando inundações que só desaparecem quando a água evapora.

Entre 2020 e 2022, 2,6 milhões de pessoas foram deslocadas de suas residências no Sudão do Sul. Deste número, 1 milhão deixou suas casas devido a conflitos e à violência que ainda persiste no país, enquanto 1,5 milhão foi motivado pelas inundações. Somado a esses fatores, o nível de mortalidade aumenta na medida em que crescem os números de pessoas doentes por infecções transmitidas pela água, como cólera e hepatite E, além de picadas de cobra e doenças como a malária. Atualmente, cerca de 800 mil pessoas enfrentam subnutrição no país.

Retorno é incerto

A possibilidade de retorno das pessoas ao Sudão do Sul é incerta e depende de diversos fatores, incluindo a situação climática e política na região. Especialistas alertam que as inundações estão se intensificando, possivelmente devido às mudanças climáticas que afetam, principalmente, os mais pobres. Os modelos climáticos apontam para um aumento nas precipitações na bacia do Sudd, assim como uma maior frequência de fases positivas do Dipolo do Oceano Índico. Esse fenômeno, que se assemelha ao El Niño no Pacífico, já foi responsável por chuvas recordes em 2020 e 2023. No entanto, mesmo pequenas variações na frequência dessas fases positivas e um leve incremento na quantidade de precipitações podem resultar na expansão permanente das zonas úmidas de Sudd.

Com informações do The Conversation.