A Terra gira em torno do Sol e de si mesma, realizando movimentos conhecidos como translação e rotação. Porém, esse giro se dá em torno de um eixo que, desde 1899, se deslocou cerca de 10,5 metros.
Durante essa rotação, o planeta oscila (ou ainda, balança) e um estudo recente da NASA revela que essa oscilação é motivada por três fatores principais: o derretimento do gelo, o rebote glacial e a convecção do manto.
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Mas como essa dinâmica ocorre quado influenciada pelo aquecimento das geleiras?
Apesar de imaginarmos a Terra como uma esfera perfeita, ela pode ser melhor descrita como um esferoide — ou seja, uma esfera de superfície “imperfeita” com polos mais ou menos achatados e, por isso mesmo, com desníveis que levam à distribuição desigual de peso. Porém, esse desnível está sendo alterado pelo derretimento do gelo em taxas alarmantes.
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Com o aquecimento global, impulsionado pelo desmatamento e pela emissão de gases de efeito estufa, o nível do mar tem aumentado consideravelmente, especialmente na Groenlândia.
Recentemente, cientistas descobriram que, em setembro de 2023, um megatsunami gerou ondas que se espalharam pelo mundo, criando vibrações sísmicas que duraram nove dias.
Deslizamento está na origem do fenômeno
O deslizamento de terra na Groenlândia, resultado do aquecimento global, causou a queda de um bloco de rocha de 1,2 km de altura em um fiorde (montanhas que fazem divisa com o mar). A queda do bloco, com aproximadamente 25 milhões de metros cúbicos, gerou ondas de até 110 metros, afetando áreas a até 70 km de distância e destruindo uma base de pesquisa e sítios arqueológicos.
A onda do megatsunami viajou para frente e para trás na entrada e criou uma onda estacionária chamada seiche (onda de longo período). Porém, em razão da força impulsionadora do tsunami, o seiche irradiou ondas sísmicas globalmente, de modo a balançar o planeta por nove dias.
Derretimento histórico
A NASA estima que 7.500 gigatoneladas de gelo tenham derretido no século 20 (o equivalente ao peso de 20 milhões de Empire State Buildings) e o impacto desse derretimento é mais evidente com eventos como o megatsunami, que foram os primeiros observados no leste da Groenlândia.
A combinação de dados de campo e observações remotas permitiu que uma equipe internacional, composta por cerca de 70 pessoas de 15 países diferentes, identificasse a relação entre o deslizamento e os sinais sísmicos.
Os cientistas destacam que a rápida aceleração das mudanças climáticas torna fundamental caracterizar e monitorar regiões antes consideradas estáveis, a fim de fornecer alertas antecipados sobre deslizamentos de terra e tsunamis.
Esses fenômenos nos mostram que a oscilação da Terra não é apenas uma curiosidade científica; é um reflexo das mudanças provocadas pela ação humana que fundam o antropoceno. A observação e o estudo desses movimentos pode servir como um medição da influência humana sobre o ambiente, ressaltando a urgência de ações efetivas contra as mudanças climáticas.
Segundo estudo da Revista Nature de 2023, cerca de 35% da porção norte da Groenlândia já foi perdida nos últimos quarenta anos.