O derretimento do permafrost no Ártico pode liberar mercúrio tóxico preso no solo há milhares de anos, contaminando rios e o meio ambiente, segundo um estudo publicado neste mês na revista científica IOP Science.
Pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia analisaram sedimentos do rio Yukon, no Alasca, e encontraram mercúrio sendo liberado em suas águas devido à erosão do permafrost.
O permafrost é uma camada de solo ou rocha que permanece congelada por pelo menos dois anos consecutivos, mas que pode chegar a milhares de anos. Ele é encontrado em regiões frias, como no Ártico, na Antártida, no norte do Canadá, no Alasca e na Rússia.
Por conta do aumento das temperaturas em uma das regiões mais frias do planeta, o solo acaba descongelando e liberando esse metal tóxico.
"Poderia haver uma bomba gigante de mercúrio no Ártico prestes a explodir", afirma Josh West, coautor do estudo e professor de Ciências da Terra e Estudos Ambientais na USC. "O permafrost acumulou tanto mercúrio que poderia eclipsar a quantidade existente nos oceanos, solos, atmosfera e biosfera juntos", afirmou.
Plantas árticas absorvem mercúrio que, com o tempo, se acumula no solo e no permafrost, ameaçando o meio ambiente e a saúde de milhões de pessoas na região.
O mercúrio não é uma ameaça tóxica aguda agora, mas pode se acumular na cadeia alimentar, especialmente em peixes e caça, aumentando o risco para todo o meio ambiente, além dos seres humanos, com o tempo.
O rio, ao erodir os sedimentos, deposita mercúrio nas margens e praias, afetando comunidades árticas que dependem da pesca e caça para sua subsistência.