MODA DO FUTURO

Crise climática: camiseta brasileira reduz pegada de carbono

Grupo Malwee anuncia tecnologia têxtil que captura emissões de CO2 do meio ambiente que são eliminadas durante lavagem

Créditos: Divulgação Grupo Malwee - Peças estarão no mercado brasileiro ainda este ano
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

Imagine vestir uma camiseta que ajuda a enfrentar a crise climática. Essa tecnologia existe e consiste em um tecido que captura o CO2 do meio ambiente e o elimina durante a lavagem.

A novidade, chamada 'Ar.voree' foi anunciada pelo Grupo Malwee, marca brasileira de moda, durante o primeiro dia da London Fashion Week, a Semana de Moda de Londres, nesta sexta-feira (13).

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A inovação foi desenvolvida pela Xinterra, startup de Singapura fundada em 2021. A empresa desenvolve novos materiais em setores como energia solar, termoelétricos, química verde, biopolímeros e nanomateriais, essenciais para a criação de produtos e aplicações sustentáveis.

A tecnologia COzTERRA, voltada para o mercado têxtil, capacita cada pessoa a remover CO2 da atmosfera ao transformar os tecidos em aliados para enfrentar o maior desafio da humanidade: o enfrentamento às mudanças climáticas.

Como funciona

O processo funciona ao tratar os tecidos na fase final de produção, o acabamento. A COzTERRA não produz os têxteis em si, mas trabalha com fábricas têxteis, fornecendo os auxiliares. 

O tecido recebe um produto que captura o CO2 e, na lavagem, em contato com sabão em pó ou líquido, vira bicarbonato de sódio e é totalmente dissolvido. 

Durante esse mesmo processo de lavagem, os agentes de captura de CO2 são recarregados e, ao usar a camiseta novamente, ela seguirá capturando mais gás carbônico do ambiente.

A empresa de Singapura planeja expandir esse conceito para outros tipos de superfícies além dos têxteis. 

Ao tratar nossas roupas, toalhas de mesa, roupas de cama, toalhas, cortinas, entre outros, para capturar e remover CO2 da atmosfera, é possível aumentar o potencial dessa tecnologia para uma escala de gigatoneladas.

A Xinterra começou com tecidos celulósicos, como o algodão, mas já obteve resultados promissores em laboratório com outros materiais, como poliéster, poliamida e lã.

Em entrevista à Veja Negócios, a CEO do Grupo Malwee, Gabriela Rizzo, explicou que a técnica sustentável levou dois anos de pesquisa.

“Cada 25 peças usadas ou cada 25 usos dessa camiseta [e suas consequentes lavagens] equivalem ao trabalho de uma árvore adulta”, explicou a CEO à revista.

A 'Ar.voree' está prevista para ser lançada no mercado nos próximos meses, antes do final deste ano. A previsão de preço não foi divulgada.

A pegada de carbono gigante da moda

Em 2023, a indústria global da moda foi responsável por cerca de 2,1 bilhões de toneladas métricas de emissões de gases de efeito estufa (GEE), representando aproximadamente 4% do total global de emissões. Esse valor é comparável às emissões combinadas de países como França, Alemanha e Reino Unido.

A indústria da moda é considerada uma das mais intensivas em carbono, principalmente devido às atividades de produção de matérias-primas, fabricação de roupas e transporte. Projeções indicam que, sem ações significativas de mitigação, essas emissões podem aumentar para 2,7 bilhões de toneladas até 2030.

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