Quase metade dos maiores rios do mundo registra queda no volume de água, aponta estudo

Considerados "vasos sanguíneos da Terra", alterações no comportamento de rios afetam desde a disponibilidade de água potável até a capacidade de transporte de sedimentos

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Um estudo, recentemente publicado pela revista Science, registrou transformações aceleradas nos quase 3 milhões de rios que cruzam o planeta, com consequências que podem impactar desde o fornecimento de água potável até o aumento do risco de inundações, a exemplo do que acopanhamos ao redor do mundo neste ano como no Brasil, na Africa e Europa

Os pesquisadores analisaram o fluxo diário de água em todos os rios do mundo ao longo de 35 anos, combinando dados de satélite com modelagem computacional. De acordo com o levantamento, quase metade dos maiores rios globais – 44% – registraram uma redução no volume de água

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Entre os rios mais afetados estão o Congo, o segundo maior da África, o Yangtze, na China, e o Prata, na América do Sul, todos apresentando quedas expressivas em seus fluxos, segundo Dongmei Feng, autor principal do estudo e professor na Universidade de Cincinnati.

Por outro lado, 17% dos rios menores em regiões montanhosas mostraram aumento no volume de água. Apesar de o estudo não detalhar as causas dessas mudanças, os cientistas apontam a atividade humana e a crise climática como fatores principais, especialmente devido às alterações nos padrões de chuva e ao derretimento acelerado de neve causado pelo uso de combustíveis fósseis.

Diferente de pesquisas anteriores, que analisavam apenas grandes rios ou períodos limitados, esta investigação teve um escopo mais abrangente. Colin Gleason, coautor do estudo e professor na Universidade de Massachusetts Amherst, explicou que o método empregado permitiu mapear fluxos "em todos os lugares ao mesmo tempo". Embora não ofereça precisão local, trata-se de um dos mapas mais completos já produzidos sobre a dinâmica fluvial.

Os resultados destacam mudanças significativas nos rios, com algumas áreas registrando variações de até 10% ao ano, o que Gleason descreveu como "uma transformação extremamente rápida".

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Segundo Feng, os rios podem ser comparados aos "vasos sanguíneos da Terra". Alterações em seu comportamento afetam desde a disponibilidade de água potável até a capacidade de transporte de sedimentos, essenciais para formar deltas e proteger contra o aumento do nível do mar.

Enquanto rios menores beneficiam-se temporariamente do aumento de nutrientes para peixes, o fluxo mais intenso também apresenta desafios. Ele pode comprometer a infraestrutura hidrelétrica ao transportar sedimentos em excesso, além de intensificar enchentes, que já cresceram 42% em áreas montanhosas nas últimas décadas.

Hannah Cloke, professora de hidrologia da Universidade de Reading, que não participou do estudo, ressaltou a importância de incluir rios menores na análise, pois as inundações mais fatais muitas vezes ocorrem nesses cursos d’água menos esperados.

O próximo desafio será identificar com precisão as causas das mudanças e formular estratégias de adaptação. Segundo Cloke, é urgente reduzir emissões de combustíveis fósseis, adaptar-se às alterações climáticas já em curso e evitar intervenções humanas como mudanças nos leitos dos rios.

"Os rios são sistemas dinâmicos e fascinantes", afirmou Cloke, "e é essencial que a humanidade os preserve e valorize como recursos vitais".

*Com informações de CNN 

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