Em 2023, o Brasil registrou o menor nível de emissões de carbono dos últimos 15 anos, de acordo com o novo levantamento do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima,.
De acordo com o documento, divulgado na quinta-feira (7), o país reduziu em 12% suas emissões no último ano, com uma queda de 2,6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (GtCO2e) para 2,3 GtCO2e. Esta é a maior queda anual desde 2009, quando o Brasil registrou a menor emissão da série histórica iniciada em 1990.
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O Observatório do Clima destaca que a queda do desmatamento na Amazônia foi o único fator que influenciou na redução das emissões. Em 2023, o governo federal retomou o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal.
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A organização ressalta, porém, que mesmo com a diminuição do desmatamento na Amazônia, a devastação dos biomas brasileiros emitiu 1,04 GtCO2e em 2023. Isso coloca o Brasil como o quinto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo.
Os setores da economia também foram responsáveis pelo aumento das emissões, principalmente a agropecuária, que atingiu seu quarto recorde consecutivo de emissões, com elevação de 2,2%. O Observatório aponta que, somando as emissões por mudança de uso da terra, a atividade agropecuária segue sendo de longe a maior emissora do país, com 74% do total.
“A queda nas emissões em 2023 certamente é uma boa notícia, e põe o país na direção certa para cumprir sua NDC, o plano climático nacional, para 2025. Ao mesmo tempo, mostra que ainda estamos excessivamente dependentes do que acontece na Amazônia, já que as políticas para os outros setores são tímidas ou inexistentes. Isso terá de mudar na nova NDC, que será proposta ainda este ano. O Brasil precisa de um plano de descarbonização consistente e que faça de fato uma transformação na economia", declarou o coordenador do SEEG, David Tsai.
O levantamento do Observatório também comenta sobre o aumento de queimadas em 2024. Mesmo com a queda do desmatamento, os incêndios florestais atingiram recorde nos primeiros nove meses deste ano. "À medida que a crise do clima se agrava, o fogo é um fator cada vez mais importante no balanço de carbono do Brasil; como visto em 2024, mesmo com o desmatamento em queda as queimadas vêm aumentando, só que o carbono do fogo não associado ao desmatamento (que afeta, por exemplo, florestas em pé na Amazônia e na Mata Atlântica) não é contabilizado nos inventários nacionais", diz a organização.
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