CRISE CLIMÁTICA

O novo alerta de aumento catastrófico da temperatura do planeta se emissões não forem reduzidas

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente divulgou novo relatório em que reforça urgência de ações internacionais para frear aquecimento global

Poluição e qualidade do ar ruim na cidade de São Paulo, vista desde o Rio Tietê.Créditos: Paulo Pinto/Agencia Brasil
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A Organização das Nações Unidas (ONU) fez um novo alerta: se as emissões de gases do efeito estufa não forem reduzidas em pelo menos 42% até 2030, o planeta pode aquecer de 2,6°C a 3,1°C.

Os dados fazem parte do Relatório sobre Lacuna de Emissões 2024, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O documento mostra que as nações devem apresentar ambição e ação muito mais fortes na próxima rodada de Contribuições Nacionalmente Determinadas para que ainda seja possível atingir a meta de 1,5°C do Acordo de Paris. 

"Se falharmos em aumentar a ambição nessas novas NDCs e se não começarmos a cumprir as metas imediatamente, o mundo entrará na rota de um aumento de temperatura de 2,6°C a 3,1 °C ao longo deste século. Isso traria impactos devastadores para as pessoas, o planeta e as economias", alerta o PNUMA. 

De acordo com o documento, o cenário de 2,6°C é baseado na implementação completa das atuais NDCs incondicionais e condicionais. Já a implementação das incondicionais atuais levaria ao aumento de 2,8°C. Por fim, caso as nações apenas continuem com as atuais políticas de emissões, o planeta pode aquecer 3,1°C.

"Nesses cenários - que operam com uma probabilidade de mais de 66% -, as temperaturas continuariam a subir no próximo século. Acrescentar promessas líquidas zero adicionais à implementação total de NDCs incondicionais e condicionais poderia limitar o aquecimento global a 1,9°C, mas atualmente há pouca confiança na implementação dessas promessas líquidas zero", afirmam os pesquisadores.  

Eles também destacam que a meta de 1,5°C é praticamente impossível, mas ainda viável se adotadas medidas como energia solar, energia eólica e as florestas sendo uma promessa real de cortes rápidos e abrangentes nas emissões.

"Para concretizar esse potencial, as NDCs precisariam ser amparadas urgentemente por uma abordagem governamental holística, por medidas que maximizem os benefícios socioeconômicos e ambientais, por uma colaboração internacional aprimorada que inclua a reforma da arquitetura financeira global, por uma ação forte do setor privado e por um aumento mínimo de seis vezes no investimento em mitigação. As nações do G20, especialmente os membros que mais emitem, precisariam fazer o trabalho pesado", diz o relatório. 

O Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, em mensagem de vídeo sobre o relatório, também fez um alerta: "Em todo o mundo, as pessoas estão pagando um preço terrível. Emissões recordes significam temperaturas marinhas recordes que potencializam furacões monstruosos; o calor recorde está transformando as florestas em barris de pólvora e as cidades em saunas; chuvas recordes estão resultando em inundações bíblicas".

Momento decisivo

A diretora-executiva do PNUMA também destacou que o mundo vive um momento decisivo para a crise climática. "Precisamos de uma mobilização global em escala e ritmo nunca antes vistos - começando agora mesmo, antes da próxima rodada de promessas climáticas - ou a meta de 1,5°C logo estará morta e 2°C ocupará seu lugar na unidade de terapia intensiva", declarou.

Ela ainda fez um apelo às nações que vão participar da Conferência das Partes (COP-29), em Baku, no Azerbaijão, em novembro. "Peço a todas as nações: chega de ar quente, por favor. Usem as próximas negociações da COP29 para intensificar a ação agora, preparar o terreno para NDCs mais robustas e, em seguida, fazer de tudo para entrar em uma trajetória de 1,5°C”, pediu a diretora.

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