GASES POLUENTES

Frigoríficos rivalizam com petroleiras em taxa de emissões de metano, revela estudo

Relatório avaliou as emissões de 29 empresas de carnes e laticínios

Créditos: Governo Federal
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

Cinco das maiores empresas de carnes e laticínios do mundo estão emitindo quantidades de metano comparáveis às gigantes do setor de combustíveis fósseis, de acordo com um novo estudo do Greenpeace. 

O levantamento aponta que as empresas brasileiras JBS, Marfrig, Minerva e as americanas Cargill e Dairy Farmers of America liberam, juntas, mais de 9 milhões de toneladas de metano anualmente. Essa emissão é equivalente à das principais petrolíferas globais, como ExxonMobil, Chevron, Shell, TotalEnergies e BP.

O relatório, publicado pelo Greenpeace Nordic, analisou as emissões de 29 grandes companhias do setor de carnes e laticínios, com foco no gado bovino, que gera metano durante a digestão. O estudo utilizou dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e também avaliou as 100 maiores empresas do setor de combustíveis fósseis.

O relatório alerta que, sem regulamentação, o setor de carne e laticínios pode adicionar 0,32°C ao aquecimento global até 2050. No entanto, uma redução de 50% na produção e consumo desses produtos poderia resultar em um "efeito de resfriamento" de 0,12°C no mesmo período.

Somente em setembro de 2024, o Brasil exportou 286,7 mil toneladas de carne bovina, um recorde histórico que representa um aumento de 30,8% em comparação ao ano anterior.

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Empresas contestam 

Em resposta ao estudo, a Cargill afirmou estar comprometida com a segurança alimentar e redução das emissões de gases de efeito estufa, incluindo o metano. A empresa destacou que já superou sua meta de redução de 10% até 2025, alcançando uma redução de 15,84% em 2023, e visa diminuir as emissões de sua cadeia de suprimentos em 30% até 2030.

A Marfrig contestou a metodologia usada pelo Greenpeace, defendendo que suas emissões estão concentradas no Escopo 3, que envolve operações indiretas, ao contrário do setor de petróleo, cujas emissões estão no Escopo 1, ligado à atividade industrial direta. A empresa reafirmou seu objetivo de reduzir suas emissões em 33% até 2035.

A Minerva também criticou os dados do relatório, alegando que suas emissões foram subestimadas em 37%. A JBS classificou a comparação como "inapropriada", argumentando que práticas agrícolas sustentáveis podem não só reduzir as emissões, mas também capturar gases de efeito estufa, contribuindo positivamente para o meio ambiente.

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