Os servidores ambientais federais, que estão há oito meses em estado de mobilização e faz mais de um mês em greve, assinaram um acordo com o governo federal nesta segunda-feira (12) e encerraram a paralisação.
Porém, apesar de terem assinado o acordo, já que a data-limite chegava ao fim, os servidores ambientais protestaram. Ainda não estão satisfeitos com as propostas do governo. Desde o início do ano, eles lutam pela reestruturação da carreira e maior valorização dos profissionais.
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"A Ascema Nacional destaca que o acordo foi feito a contragosto dos servidores... em que os servidores se viram na obrigação de aceitar a proposta para não ter prejuízo ainda maior. A greve deve acabar, mas a mobilização continuará. Temos COP30 em 2025 e muita luta pela frente, com um calendário de ações a ser elaborado nos próximos dias", disse a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente em nota.
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Segundo o acordo, o reajuste será de 23% nos salários, sendo a primeira parte em janeiro de 2025 e a segunda, em abril de 2026. Também ficou previsto que o salário mais alto vai a 20 mil reais no fim da carreira.
Como destacado pela Ascema, os servidores ambientais continuarão em mobilização. Desde o início do ano, os profissionais iniciaram a "Operação Tartaruga" para intensificar o protesto pelas suas reivindicações. Com isso, houve uma paralisação parcial das atividades, causando impacto em diversas áreas.
Impacto das mobilizações
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados em maio mostraram que, sem a fiscalização do Ibama, a área de degradação florestal da Amazônia aumentou quase 17 vezes no primeiro quadrimestre de 2024 em comparação ao mesmo período do ano passado.
Além disso, a falta de acordo com o governo e o prosseguimento da paralisação parcial também resultaram num aumento de 81% dos focos de incêndio entre janeiro a abril, quando o país registrou mais de 17 mil focos, um número sem precedentes para esse período desde que os dados começaram a ser compilados, há 26 anos.
A mobilização da categoria também causou uma baixa no número de autos de infração e aplicação de multas no primeiro quadrimestre em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com levantamento do ICMBio.
Esses dados revelam, como reforça o diretor da ASCEMA Nacional e Agente Ambiental e Fiscal do Ibama, Wallace Lopes, a importância dos servidores ambientais para o funcionamento de políticas públicas no país, principalmente para as voltadas à conservação ambiental.
Estamos falando da imagem do país, de perdas bilionárias em faturamento, de investimentos não realizados, e de uma diminuição significativa na arrecadação de tributos e royalties. É o desenvolvimento sustentável de um país inteiro que anseia por geração de emprego e renda, que depende de instituições ambientais realmente estruturadas e fortalecidas. Essa é a principal luta dos servidores.
O diretor complementa que esse vácuo na proteção ambiental do país compromete esforços nacionais e internacionais de conservação e prejudica a reconstrução da imagem do Brasil como liderança climática no cenário internacional. "Portanto, desconsiderar o fortalecimento das instituições ambientais é um equívoco que tem um custo elevadíssimo, muito maior que o eventual impacto financeiro de acolher integralmente as reivindicações dos servidores", afirma.