Com quase 4 mil focos de incêndios registrados ao longo de 2024, a grande maioria oriunda de propriedades privadas, o Pantanal, conhecido como “a maior planície alagada do mundo”, queima como nunca. São 700 mil hectares queimados ou uma área equivalente a 6 vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro. As imagens de paisagens inteiras reduzidas a cinzas com as carcaças de animais silvestres chocam o mundo e as incalculáveis perdas sociais e ambientais retiram a atenção de um detalhe desesperador: os incêndios subterrâneos, também chamados de “hibernantes”.
A modalidade assombra os brigadistas, segundo apuração do g1. As chamas que consomem o Pantanal penetram o solo e ficam por lá, acesas e ardendo, fora da vista, por algum tempo. De acordo com informações da Deustche Welle, o fenômeno ocorre porque o solo da região conta com acúmulo de matéria orgânica, oriunda de vegetais e animais mortos. O material é precursor do carvão e, portanto, inflamável.
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O depósito dessa matéria fica nas camadas “húmus” ou “turfa”, localizadas entre o piso – “chão” – e o chamado “solo mineral”, mais profundo. As chamas chegam à turfa, usam a matéria orgânica como combustível e forma-se uma espécie de brasa subterrânea que aquece o solo e é notada pela fumaça que sobe do chão.
A brasa vai se espalhando pelas camadas internas do solo e pode gerar outros tipos de incêndios, inclusive subindo à superfície, a depender do tipo de material que cruze e consiga usar como combustível. Chamas podem atingir copas de árvores de repente por conta dos incêndios subterrâneos.
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Trata-se de um tipo de incêndio difícil de ser combatido. Jogar água não adianta. Vai apagar alguma brasa que consiga alcançar, mas a probabilidade de atingir os maiores focos, nas entranhas da Terra, é baixa. Os incêndios subterrâneos só se extinguem com a falta de oxigênio, mas mesmo assim podem continuar vivos. Como que em hibernação, podem reacender com uma rajada de vento.
Perigosos para o Pantanal pois podem destruir a biodiversidade, em especial a microbiologia do bioma, além de queimar raízes, provocar processos de erosão do solo e afetar a fertilidade dos mesmos. Estuda-se a melhor forma de combatê-los. O problema é que costumam ocorrer em áreas que nada têm a ver com o nosso bioma: florestas boreais frias do Canadá, Alaska (EUA), Sibéria (Rússia) e norte da Europa.