O cientista brasileiro Carlos Nobre, conhecido internacionalmente por seus estudos sobre mudanças climáticas na Amazônia, foi nomeado na última sexta-feira (24) como o mais recente membro do grupo Planetary Guardians. O grupo é composto por pesquisadores e ativistas dedicados à pesquisa e análise da ação climática e à proteção de comunidades vulneráveis. Agora, Nobre é o 1º brasileiro guardião planetário.
Em entrevista ao Fórum Café desta segunda-feira (3), o cientista conversou com o jornalista âncora do programa, Mauro Lopes, sobre os efeitos da crise climática no Brasil. “É muito preocupante, porque já especificamente na década passada, estávamos vendo o aumento mais rápido da temperatura global. Isso era em parte explicado por cada vez mais gases de efeito estufa na atmosfera, como o gás carbônico, metano e o óxido nitroso”, disse.
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“O que aconteceu em 2023 e continua em 2024? Demos um grande salto, no fim de 2022 e 2023, antes do início do fenômeno El Nino, que está terminando agora, as projeções todas que foram feitas pelas agências climáticas do mundo e até pelo INPE, seria que em 2022 a temperatura estaria ali 1,16ºC acima de 1950”
De acordo com Nobre, os eventos climáticos extremos são resultados desse aumento da temperatura em 2023, com pico registrado em abril deste ano. Além disso, ele destaca que a poluição atmosférica, que já causa a morte de milhões de pessoas, deveria ser um fator de atenção, especialmente na capital paulista.
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“Estudos mostram que a poluição dessas partículas levam à morte de 7 milhões de pessoas por ano. O que mais reduz a expectativa de vida e mata é a poluição urbana. Em São Paulo, há um grande número de mortes. A poluição reduz em média dois anos a expectativa de vida dos paulistanos. As pessoas que pegam transportes públicos nas periferias, ou por 3 horas, têm a expectativa de vida reduzida para 4 anos, por exemplo”
Além de apontar para questões referentes à saúde, o pesquisador acredita que eventos climáticos descontrolados no país, como o assistido no Rio Grande do Sul, devem acontecer com maior frequência. "A diminuição desses poluentes está caminhando muito lentamente e não explica o aumento de temperatura no ano passado de 0,2ºC. Olha como explodiram eventos climáticos extremos. É um risco muito grande. É um aviso de que não podemos passar 1,5ºC, se não aumentamos muito todos esses fenômenos extremos.”
Entrevista completa ao Fórum Café: