ANÁLISE

Extrema direita, fake news e crise climática – Por Mateus Muradas

A desinformação e o negacionismo da extrema direita são obstáculos significativos na luta contra a crise climática

Enchentes no Sul.Créditos: Ricardo Stuckert/PR
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O bolsonarismo abriu a tampa dos bueiros para todo tipo de monstruosidade. O pior dos monstros, sem dúvida, é a crescente onda de desinformação e teorias da conspiração. Há uma tática de confusão e imbecilização da opinião pública, com a enxurrada de fake news propagadas por estes movimentos extremistas.

Um dos exemplos mais alarmantes foi a associação da negligência do governo federal com as catástrofes do Rio Grande de Sul, com a apresentação da Madonna. O que tem haver o show da cantora com as chuvas intensas no RS? Nada! Absolutamente nada! Esta associação é a cabal evidência desta tática destrutiva de imbecilização da opinião pública.

Essas teorias da conspiração infundadas não apenas desviam a atenção pública de questões reais, mas também minam os esforços sérios para enfrentar a crise climática global. O negacionismo da emergência climática, promovido pela extrema direita, representa uma ameaça direta à nossa capacidade de lidar com a crise ambiental. Apesar das evidências científicas esmagadoras, esses grupos insistem em desacreditar as mudanças climáticas, classificando-as como farsa ou exagero. O grande engodo para os extremistas é que o tiro está saindo pela culatra.

Esse tipo de desinformação tem gerado prejuízos materiais, econômicos e sociais, além de impedir a implementação de políticas necessárias para mitigar os efeitos devastadores das catástrofes ambientais.

O caso do Rio Grande do Sul é emblemático. Aparentemente, mesmo com a tentativa nojenta de mentir sobre a catástrofe, a tática extremista não tem dado certo. A realidade está se impondo e furando a bolha do esgoto de fake news criado por este movimento.

Está ficando cada vez mais evidente a incapacidade, a brutalidade e a real imbecilidade da própria ideologia de extrema direita para formular soluções para a crise climática, que é uma realidade. Afinal, qual é a proposta dos extremistas para estes problemas reais? Espalhar fake news? Privatizar empresas públicas? Destruir o estado? Não tem propostas, este movimento é vazio, como é a cabeça de cada um destes extremistas monstruosos.

Prejuízos financeiros e humanos são inquestionáveis na catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul. É um exemplo trágico das consequências da negligência e do negacionismo climático. As enchentes não apenas destruíram a infraestrutura e a economia, mas milhões de gaúchos terão suas vidas radicalmente impactadas.

Como negar isso? Como mentir sobre isso? É a vida real do povo gaúcho que está em jogo. Tentaram criar um ambiente de oposição da “solidariedade cidadã”, e a “livre iniciativa e o papel do Estado”. Novamente se deram mal.

É impossível enfrentar a emergência climática sem políticas públicas de atenção a catástrofes, mas fundamentalmente para prevenir os desastres. E, nesse aspecto, os extremistas não só não fizeram absolutamente nada, mas como destruíram as políticas ambientais no período bolsonarista no governo federal.

Definitivamente, o ambientalismo de esquerda tem propostas concretas e viáveis para enfrentar a crise climática. É do campo da esquerda que se observa soluções concretas para a crise. Urbanismo sustentável, promoção de práticas agrícolas sustentáveis, defesa da descarbonização da economia e dos transportes, fomento e financiamento da Economia Verde, mas principalmente a presença ativa do Estado, como promotor de Justiça Climática.

A Justiça Climática tem seu foco central na prevenção da crise climática, mas especialmente promover políticas públicas para proteger os direitos das comunidades mais vulneráveis e afetadas pela crise climática. Esta vanguarda propositiva, vem do campo ideológico da esquerda.

O ambientalismo de esquerda busca criar um futuro mais equitativo e sustentável. Este é um contraste marcante com as políticas de negação e inação promovidas pela extrema direita, que demonstraram claramente seus efeitos destrutivos para a vida das pessoas e até para o chamado “mercado”.

Em suma, a desinformação e o negacionismo climático da extrema direita são obstáculos significativos na luta contra a crise climática. Contudo, a boçalidade desta ideologia está cada vez mais evidente, e os efeitos destrutivos para o meio ambiente também.

A esquerda, com seu compromisso com a justiça social e ambiental, oferece soluções tangíveis e reais. O presidente Lula tem posicionado internamente e externamente o Brasil como vanguarda na questão climática. É necessário ir além, e afirmar cada vez mais a emergência climática como agenda número 1 do novo ciclo progressista. A crise climática não é secundária.

Precisamos de ações imediatas, mas também soluções estruturais para o problema. O futuro será menos desigual, mas especialmente sustentável, pois o oposto, será a evolução da catástrofe ambiental potencializada pela extrema direita. Esta é a polarização entre promotores da catástrofe e quem defende a sustentabilidade. Nós, da esquerda, precisamos abraçar mais esta pauta. Esta agenda é nossa, vamos à luta!!!

*Mateus Muradas é poeta, integrante do Fórum Social da Zona Leste e conselheiro municipal de políticas urbanas.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.