Milhares de peixes apareceram mortos na lagoa Mundaú, em Maceió (Alagoas), onde uma mina de sal-gema da Braskem colapsou em dezembro. O registro em vídeo foi gravado por Vanessa dos Santos, presidente da Cooperativa de Trabalho das Marisqueiras, na última segunda-feira (1).
“Olha que malvadeza com os pescadores”, lamentou a mulher. “Temos que agir urgentemente”.
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A lagoa onde os peixes foram encontrados é a mesma onde está localizada a mina 18 da Braskem que colapsou no dia 10 de dezembro, levando à evacuação da população do local. Os pescadores estão proibidos de trabalhar no local devido aos riscos.
Questionada, a Braskem afirmou ao Uol que não tem relação com a morte dos peixes pois não teria feito "lançamento de qualquer efluente na lagoa” e que o local já apresenta altos índices de contaminação.
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"O trabalho realizado pela Braskem na região está relacionado com o fechamento dos poços para extração de sal e todas as atividades são devidamente licenciadas e fiscalizadas”, disse a empresa.
O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas informou que já recolheu amostras de água para investigar a morte dos peixes.
Relembre o caso
No dia 10 de dezembro, a mina 18 da Braskem, localizada em Maceió, Alagoas, colapsou após dias de tensão com o risco de afundamento do solo em diversos locais.
Por mais de 40 anos, a empresa petroquímica explorou sal-gema no subsolo da região, o que resultou em um solo 'oco' em diferentes bairros. Em 2018, o primeiro abalo sísmico foi sentido em Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto, Farol e Mutange, que hoje viraram bairros fantasmas devido à desocupação. Desde aquele ano, mais de 200 mil pessoas tiveram que deixar suas casas.
Em 2019, a empresa informou à Agência Nacional de Mineração (ANM) que deixaria de explorar sal-gema no município. No entanto, isso não aconteceu.
A empresa já foi multada algumas vezes. Em 2023, ela recebeu sua 20ª autuação em cinco anos de operações, informando que deveria pagar R$ 72 milhões às populações atingidas.