A Polícia Federal (PF) desencadeou na manhã desta quinta-feira (21) a operação Lágrimas de Sal, que investiga supostos crimes cometidos pela Braskem na exploração de sal-gema na cidade de Maceió, em Alagoas, que resultou no afundamento do solo e fez com que mais de 60 mil pessoas deixassem suas casas.
Aproximadamente 60 policiais federais cumprem 14 mandados judiciais de busca e apreensão em Maceió, Rio de Janeiro e Aracaju, todos expedidos pela Justiça Federal do Estado de Alagoas. Na sede da Braskem, na capital alagoana, os agentes da PF recolheram documentos e possíveis provas.
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De acordo as investigações, foram apurados indícios de que as atividades de mineração desenvolvidas no local não seguiram os parâmetros de segurança previstos na literatura científica e nos respectivos planos de lavra, que visavam garantir a estabilidade das minas e a segurança da população que residia na superfície.
Ainda segundo a PF, foram identificados indícios de apresentação de dados falsos e omissão de informações relevantes aos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização da atividade, permitindo assim a continuidade dos trabalhos, mesmo quando já presentes problemas de estabilidade das cavidades de sal e sinais de subsidência do solo acima das minas.
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"Os investigados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de poluição qualificada, usurpação de recursos da União, apresentação de estudos ambientais falsos ou enganosos, inclusive por omissão, entre outros delitos", diz nota da corporação.
O nome da Operação “Lágrimas de Sal” é uma referência ao sofrimento causado à população pela atividade de exploração de sal-gema, que obrigou as pessoas a deixarem suas casas em razão do risco decorrente da instabilidade do solo nos bairros afetados.
Novas jazidas
Alvo da PF e em meio ao imbróglio para pagamento de indenização aos moradores que tiveram que deixar suas casas, a Braskem realiza uma sondagem para exploração de novas jazidas de sal-gema em cidades da região metropólitana de Maceio, onde ocorreu o afundamento do solo.
Segundo informações de Carlos Madeiro, no portal Uol, a petroquímica tem aval da Agência Nacional de Mineração (ANM) para explocar o minério nas cidades de Paripueira e Barra de Santo Antônio, nas proximidades de Maceió.
Os pedidos foram feitos em setembro de 2019, durante o governo Jair Bolsonaro (PL), quando o Serviço Geológico do Brasil já apontava afundamento do solo e fissuras em imóveis. Mesmo assim, a empresa obteve o aval para prospecção das novas jazidas, que estariam localizadas em áreas ainda não urbanizadas.
Nesta quarta-feira (20), a Braskem divulgou nota dizendo que está fechando seus poços de sal.
"O fechamento definitivo dos poços de sal está sendo executado desde 2020. Já foram concluídas 70% das ações definidas", diz mensagem na rede X, antigo Twitter.