A Defesa Civil de Maceió confirmou o rompimento de parte da mina da Braskem que fica sob a lagoa Mundaú, no bairro Mutange, neste domingo (10) às 13h15. Imagens divulgadas pela prefeitura mostram o reflexo do rompimento, quando os rejeitos liberados pela mina no fundo da lagoa emergem sobre sua superfície.
Nas imagens é possível ver a água barrenta muito próxima da margem da lagoa. A mina – uma das 35 mantidas pela Braskem na região para mineração de sal-gema – e todo o entorno foram evacuados. Apenas a Defesa Civil permanece no local fazendo o monitoramento.
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Não há maiores informações sobre esse recente rompimento. Conforme divulgado nos meios de comunicação, nas últimas 24 horas a superfície da mina (sob a água) já cedeu 12,5 cm e a velocidade da movimentação do solo está um pouca acima de 0,5 cm/h.
“Por precaução, a recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo”, informou a nota da Defesa Civil.
O afundamento das minas, que por consequência pode vir a afundar bairros inteiros, começou a ser monitorado mais de perto no último dia 30 de novembro. Desde então, o pico de profundidade chegou a 2,35 metros.
Entenda o caso
A cidade de Maceió, capital de Alagoas, enfrenta uma crise profunda que se desenrola há mais de cinco anos, culminando na desocupação forçada de áreas nesta semana. Mais de 60 mil pessoas já foram evacuadas de 14 mil imóveis devido ao risco iminente de colapso das minas de sal-gema exploradas pela Braskem. O drama ganhou um novo capítulo com a decisão da Justiça Federal, baseada em relatórios técnicos, que determinou a inclusão de novas áreas na zona de risco, resultando na criação de bairros fantasmas na cidade.
A ação judicial atendeu ao pedido do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União e do Ministério Público do Estado de Alagoas, que solicitaram a inclusão de mais áreas no programa de realocação da Braskem. Além disso, a Justiça estabeleceu a intensificação do monitoramento, dada a gravidade da situação.
Segundo a Defesa Civil de Maceió, a zona afetada já estava praticamente desocupada, e medidas preventivas foram adotadas, como a solicitação para que embarcações e a população evitem transitar na região até nova atualização do órgão. O risco iminente de colapso poderia resultar na formação de sinkholes, caracterizados pelo afundamento da superfície e a criação de crateras devido ao esvaziamento do subsolo.
Em resposta à crise, a Prefeitura de Maceió decretou estado de emergência por 180 dias e estabeleceu um Gabinete de Crise para acompanhar de perto a situação. O governo federal também demonstrou preocupação, com o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, orientando ministros a acompanharem a situação de perto.
A exploração das minas pela Braskem, que começou na década de 1970, está relacionada ao afundamento progressivo da região.