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Buraco na camada de ozônio atinge três vezes o tamanho do território brasileiro

No início do mês de outubro deste ano, a Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou dados do satélite Copernicus Sentinel-5P, que demonstraram um dos maiores aumentos de tamanho do buraco na camada de ozônio 

O buraco na camada de ozônio foi identificado por cientistas na década de 1970.Créditos: Foto: Freepik
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A discussão sobre a abertura de um buraco na camada de Ozônio é datada de décadas – foi no ano de 1977 que cientistas começaram a observar a formação do fenômeno, na região da Antártida. No entanto, a cratera volta a ser o centro das atenções após seu aumento massivo

O buraco na camada de ozônio surgiu devido aos altos níveis de emissão de gases clorofluorcarbonos (CFC), que estão muito presentes em geladeiras e sprays aerossóis, por exemplo. Os principais impactos ao fenômeno são a radiação de raios UVA e UVB mais intensa, que afetam toda a esfera da fauna e flora do planeta. 

No início do mês de outubro deste ano, a Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou dados do satélite Copernicus Sentinel-5P, que demonstraram um dos maiores aumentos de tamanho do buraco na camada de ozônio. 

Em setembro, a fissura atingiu 26 milhões km² que, em termos de comparação, seria 3 vezes maior do que o tamanho do Brasil. A falha é chamada pelos cientistas de “área de depleção de ozônio”

O satélite que registrou essa alteração foi o primeiro lançado com o objetivo de monitorar a atmosfera terrestre. Os dados são coletados através de um reconhecimento de ondas eletromagnéticas, que identificam as marcas dos gases.

O instrumento utilizado pelo satélite se chama Tropomi, o qual repassa as informações à unidade terrestre do Sentinel-5P no Centro Aeroespacial Alemão (DLR). 

"Os produtos totais de ozônio do Sentinel-5P têm uma precisão em nível percentual em comparação com os dados em terra, o que nos permite monitorar de perto a camada de ozônio e sua evolução", afirma Diego Loyola, cientista sênior do DLR, em comunicado, acrescentando que o Tropomi fornece três décadas de dados.

Incêndios florestais na Austrália causaram consequências na camada de ozônio

A série de incêndios florestais que ocorreram na Austrália, entre os anos de 2019 e 2020, contribuíram para o aumento do buraco da camada de ozônio, afirmam os cientistas. A informação foi publicada em um artigo na revista Nature, em março deste ano. 

De acordo com os especialistas, uma nuvem de fumaça causada pelos incêndios, que atingiu cerca de 30 km de altitude, alcançou a estratosfera e a camada de ozônio, que fica localizada nesta região. Susan Solomon, uma das co-autoras do estudo, afirma que a relação entre os dois eventos é estabelecida devido aos componentes químicos liberados na atmosfera durante os incêndios. 

Por conta do contato com os gases emitidos, a camada acabou se degradando, uma vez que um dos principais componentes responsáveis pela abertura da fissura – o CFC – deixou resquícios após o incêndio. 

"A fumaça dos incêndios nas altas temperaturas da Austrália permitiu coisas que não aconteceriam de outra forma.", disse Solomon.