A ofensiva do governo Trump contra a Universidade Harvard ganhou novos contornos nesta quarta-feira (28), quando a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, anunciou em entrevista à Fox News que a instituição deve perder seus subsídios federais — que hoje somam cerca de US$ 3 bilhões. O objetivo, segundo Leavitt, é redirecionar os recursos para escolas vocacionais e comerciais “que treinam encanadores e eletricistas”.
“O presidente está mais interessado em dar esse dinheiro do contribuinte para escolas e programas comerciais e estaduais, onde estão promovendo os valores americanos. Mas, o mais importante, onde estão educando a próxima geração com base nas habilidades de que precisamos em nossa economia e nossa sociedade”, afirmou Leavitt.
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A retórica, que já vinha se intensificando, atingiu um novo patamar com uma declaração abertamente hostil à comunidade LGBTQ. Leavitt acusou Harvard de “promover valores antiamericanos” e defendeu o corte total de verbas públicas. “Aprendizes, eletricistas, encanadores — precisamos de mais pessoas assim em nosso país e menos graduados LGBTQ da Universidade de Harvard. Essa é a posição deste governo”, disparou a porta-voz.
A fala marca um novo capítulo no embate do trumpismo contra políticas de diversidade. Desde o início de seu mandato, o presidente Trump desmantelou todos os programas de inclusão e apoio à população LGBTQ implementados sob a gestão de Joe Biden, alinhando-se a uma pauta ultraconservadora que vê instituições acadêmicas e movimentos sociais como inimigos ideológicos.
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Justiça derruba decisão de Trump e abre Harvard a estudantes estrangeiros
A administração Trump ultrapassou mais uma fronteira em sua cruzada isolacionista: tentou impedir a presença de estudantes estrangeiros em Harvard, uma das universidades mais prestigiadas do planeta. A iniciativa, carregada de xenofobia, foi barrada nesta sexta-feira (23) pela Justiça dos EUA, após uma ação movida pela própria instituição.
O Tribunal Federal de Boston acatou a queixa apresentada pela direção de Harvard, suspendendo imediatamente a medida do Departamento de Segurança Interna que previa a revogação de vistos de cerca de 7 mil estudantes internacionais, o equivalente a um quarto do corpo discente da famosa universidade.
A juíza Allison Burroughs, responsável pela decisão, impôs a paralisação da ordem até que novos desdobramentos ocorram. Harvard alegou na ação que a decisão governamental era uma "violação flagrante" da Constituição norte-americana e denunciou os "efeitos devastadores" que a exclusão provocaria.
“Sem seus estudantes internacionais, Harvard não é Harvard”, declarou a instituição na ação judicial.
Repressão disfarçada de exigência burocrática
A medida extrema foi justificada pelo governo como uma retaliação pelo suposto descumprimento de solicitações burocráticas. Harvard teria se negado a entregar documentos sobre seus estudantes estrangeiros, o que levou o Departamento de Segurança Interna a exigir que esses alunos fossem transferidos para outras instituições, sob pena de deportação.
A secretária de Segurança Interna chegou a enviar uma carta formal acusando Harvard de manter um “ambiente hostil para estudantes judeus”, promover simpatias ao Hamas e adotar políticas raciais inaceitáveis. A universidade rebateu com firmeza e classificou a ação como ilegal e arbitrária.
Impacto direto na vida dos estudantes
A tentativa do governo Trump de remodelar a política educacional com base em critérios nacionalistas afetava de forma ainda mais dramática alguns alunos, como aqueles que se formam em breve, o que estão bem em meio ao curso e, sobretudo, os novos aprovados este ano letivo de 2025.
Harvard, por sua vez, comunicou que segue orientando os alunos e busca reverter a situação. A universidade foi intimada a entregar em até 72 horas uma série de registros de protestos e dados disciplinares, exigências consideradas abusivas e com forte teor de intimidação política.