A defesa do estudante de medicina, Yuri de Moura Alexandre, que está preso pelo crime de homofobia após espancar o ator Victor Meyniel, tomou uma atitude inacreditável para tentar tirá-lo da cadeia.
Durante a audiência de custódia, realizada nesta segunda-feira (4), a defesa de Yuri apresentou uma certidão de casamento com outro homem para tentar livrá-lo da acusação de crime de homofobia. A Justiça recusou tal argumentação.
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"É importante registrar que, embora o custodiado [Yuri] já tenha sido casado com outro homem e possua interesse em pessoas do mesmo sexo, tais fatos não impedem que ele tenha praticado o delito de lesão contra a vítima e a injuriado por homofobia", decretou o juiz Bruno Rodrigues Pinto, da Central de Custódia.
Falsidade ideológica
Em depoimento à 12ª DP (Copacabana), Yuri declarou que agrediu Victor por ter "desrespeitado sua esposa". O estudante de medicina também informou aos policiais que conheceu Victor em uma "balada".
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Além disso, quando a Polícia Militar chegou ao prédio de Yuri para prendê-lo e prestar socorro a Victor, ele se identificou como militar e apresentou um crachá do Hospital Central da Aeronáutica. Na delegacia, ficou comprovado que era mentira: ele não era médico nem militar.
Dessa maneira, Yuri vai responder pelos crimes de lesão corporal, injúria por preconceito e falsidade ideológica.
Victor Meyniel: “o porteiro me arrastou porque eu estava atrapalhando a passagem”
O ator Victor Meyniel, que foi espancado covardemente por um sujeito identificado como Yuri Alexandre na madrugada do último sábado (2), deu uma longa declaração ao jornal O Globo em que explica os detalhes sobre o ocorrido. Segundo ele, após não se intrometer na agressão, “o porteiro segurou a minha mão e me arrastou porque eu estava atrapalhando a passagem”.
“O porteiro ficou olhando Yuri me espancar e não ajudou. Ele até abriu o portão para ele passar e ir à academia”, afirmou. “Sozinho, tentei me levantar e chamar a polícia. Até perguntei por que o porteiro não quis me ajudar. Enquanto estava caído, quase desacordado, o porteiro segurou a minha mão e me arrastou porque eu estava atrapalhando a passagem. Não queria que ele fosse um herói, apenas que tivesse sido humano. No lugar dele, se tivesse visto alguém sendo agredido, teria ajudado. Isso é uma questão de empatia. Meu rosto doí, minha mandíbula doí. A alma por si só está dolorida. Yuri passou cerca de 40 minutos na academia após me agredir e voltou para casa como se nada tivesse acontecido. A polícia estava no local e o parou. Tudo que quero é justiça”, relatou ainda o ator.
Entenda o caso
Yuri e Victor se conheceram em uma boate em Copacabana, bairro do Rio, e depois seguiram para o apartamento de Yuri, onde trocaram beijos e conversaram, de acordo com a defesa da vítima. O agressor começou a ficar violento após uma mulher, que alega ser sua esposa, chegar ao local. Nesse momento, ele expulsou Meyniel da casa.
Na portaria do prédio, Victor questionou a atitude violenta de Yuri. “Ele ficou maluco quando eu falei, na frente do porteiro: por que você está me enxotando, se a gente estava ficando, com beijos, com carinho?’ Aí ele olhou para o porteiro, o porteiro olhou para ele, e ele começou a bater”, relata Victor ao afirmar que o crime ocorreu por homofobia.
A partir dali, Yuri começa a dar socos em Victor, e depois sai do local, deixando o ator no chão. O porteiro permaneceu sentado assistindo à cena, e vai responder por omissão de socorro.
Victor prestou queixa na 12ª Delegacia de Polícia e passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
Agressor preso
Yuri de Moura Alexandre, de 28 anos, foi preso em flagrante após agredir Meyniel. A vítima relata que o ataque ocorreu por homofobia. O agressor vai responder por lesão corporal e por injúrias homofóbicas. Nesta segunda-feira, em audiência de custódia, sua prisão foi convertida em preventiva.
De acordo com a delegada Débora Rodrigues, da 12ª Delegacia de Polícia, Yuri afirmou que “bateu mesmo, não se arrependia e se achava no direito, que ele era médico e militar da aeronáutica”. Porém, segundo a delegada “ele parece ser residente, ele não é médico ainda". A polícia também não confirmou se ele seria do hospital da aeronáutica, mas afirma que apurou seus registros e o homem não é militar.
Os investigadores também revelaram que Yuri já tem uma passagem pela polícia também pelo crime de injúria. Débora vai pedir para que a prisão em flagrante seja convertida em preventiva, o que o obrigará a permanecer preso enquanto responde à Justiça.