A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Santa Catarina aprovou, na última terça-feira (5), o projeto de lei que proíbe mulheres transexuais de competirem em modalidades esportivas femininas no estado.
A proposta, que causa discussão acerca do assunto, é fruto de uma concepção, muitas vezes, conservadora. Argumentos embasados em "vantagens" e, até mesmo, "exclusão" de um espaço conquistado pelas mulheres, são comuns de serem utilizados.
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Embora mulheres trans tenham nascido, biologicamente, como homens, as possíveis vantagens físicas são descartadas após o início do tratamento hormonal, no período de transição de gênero.
Mesmo que antes, por exemplo, o corpo da mulher possuísse mais resistência muscular, o equilíbrio da testosterona e a adição de outros hormônios diminui consideravelmente essa diferença.
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Joanna Harper, uma cientista americana pioneira em pesquisar sobre pessoas trans no esporte, explicou, em entrevista ao portal Ponte Jornalismo, um pouco mais sobre essa situação.
“Mulheres transgênero ficam com menos massa muscular e capacidade aeróbica reduzidas, e isso pode levar a desvantagens na rapidez, recuperação e resistência. Todas as pessoas trans também enfrentam muitos desafios sociológicos e psicológicos que também são prejudiciais para o desempenho esportivo’", disse Joanna.
Além disso, quaisquer outras condições físicas que os homens possuem não serão apresentadas por mulheres, sejam elas cis ou transexuais, uma vez que o funcionamento do corpo de ambas é totalmente diferente do corpo masculino.
Diferentemente do que, muitas vezes, é propagado, não é necessário que mulheres trans possuam uma categoria especial para competir e elas sequer invalidam a luta feminina por reconhecimento nos esportes –ao contrário disso, a presença de mulheres trans reforça a inclusão esportiva e resiste frente a exclusão.
Tais pensamentos denunciam a transfobia enraizada no Brasil e a ignorância com que as pessoas tratam questões da comunidade transexual.