O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi submetido a mais uma humilhação na Câmara. Desta vez, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) que fez o bolsonarista passar vergonha.
Durante debate na Comissão de Previdência e Família em torno do projeto de lei 5167/2009, que visa proibir o casamento civil entre pessoas LBTQIA+, Nikolas Ferreira, que é conhecido como "Chupetinha", tentou associar a homossexualidade à pedofilia, afirmando que "daqui a pouco vai ter adulto com criança".
Sâmia Bomfim, então, pediu a palavra e deu uma resposta contundente: ela relembrou que um prefeito bolsonarista, do mesmo espectro político de Nikolas, tem 65 anos e é casado com uma adolescente de 16 - sendo que o político já mantinha um relacionamento com a jovem antes de oficializar a união. Trata-se de Hissam Hussein Dehaini, prefeito de Araucária (PR).
"Em que país o senhor vive? São cerca de 2,2 milhões de crianças, de meninas, que sim, já estão casadas com adultos. Inclusive, um prefeito do PL. O nome dele é Hissam Dehaini, ele tem 65 anos. Ele se casou com uma menina de 16 anos. Aliás, a menina tem 16 anos agora, mas quando eles se casaram ela tinha menos de 16 anos. Isso é crime, é ilegal no Brasil. É com esse tipo de suposta família que a gente tem que se preocupar. Por que isso não é família, deputado. Isso é estupro, é violência, é abuso de vulnerável. Mas contra essa imoralidade eu não vejo deputado de extrema direita se revoltar", disparou Sâmia.
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Hissam Hussein Dehaini, diferentemente do que disse Sâmia, não é filiado ao PL. O prefeito era do Cidadania, mas deixou o partido e atualmente está sem legenda. O mandatário municipal, entretanto, pertence ao mesmo espectro político de Nikolas Ferreira: é bolsonarista.
Hissam Hussein: casou com menina de 16 anos e foi preso na CPI do Narcotráfico
O prefeito de Araucária, Hissam Hussein Dehaini, que casou com uma menina de 16 anos e indicou a mãe da jovem para um cargo de secretária no município, tem uma longa ficha corrida.
O cidadão, que além da sogra, nomeou a tia da adolescente entre outros parentes ao longo de seus dois mandatos, foi preso duas vezes durante a CPI do Narcotráfico, uma delas após Operação da Polícia Federal que investigava licitações fraudulentas.
Ele foi investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico, entre o início dos anos 1990 e início dos 2000. Na ocasião, Hussein foi indiciado por envolvimento com tráfico de drogas, furto e desmanche de veículos, concussão, extorsão, corrupção ativa e passiva.
Ele era apontado como empresário do ramo de hotéis e agência de carros. Em uma das chácaras de sua propriedade, Hussein teria uma pista de pouso para helicópteros e um laboratório para o refinamento de cocaína, o que foi negado por ele com a justificativa de que operava uma empresa de transporte aéreo.
Em março de 2000, foi preso por 60 dias pela Polícia Federal, a pedido da CPI nacional. Voltou a ser detido sete meses depois, em outubro de 2000, na fase paranaense da Comissão, denunciado por tráfico de drogas, proteção a traficantes e pagamentos a policiais. Permaneceu detido na Prisão Provisória do Ahú, em Curitiba, mas foi solto 104 dias depois, já em janeiro de 2001.