A onda de intolerância à comunidade LGBTQIAPN+ está preocupando muito quem faz parte dela. Além do risco da proibição do casamento homoafetivo, retrocesso discutido em forma de projeto de lei pela Câmara dos Deputados, Karol Eller, vítima das falácias da "cura gay", defendida por instituições religiosas fundamentalistas, também é uma situação que afeta esse público diretamente.
Assim como outros grupos sociais que pertencem às minorias, mais uma vez, a comunidade LGBTQIAPN+ vê seus direitos protegidos pela lei serem feridos e questionados.
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Como resultado da pressão de uma sociedade heteronormativa que, mais do que não aceitar, parece querer extinguir a existência de qualquer um que fuja de tais padrões, a influenciadora Karol Eller se suicidou após participar de um retiro religioso, que prometia a "cura gay" e anunciar que iria parar com as "práticas homossexuais".
Milla Magalhães, empresária de Salvador, na Bahia, que se descreve como uma sobrevivente dessas imposições religiosas, compartilhou um desabafo sincero e vulnerável sobre o assunto.
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Ela, que faz parte da comunidade LGBTQIAPN+, consegue traduzir através de sua trajetória, a realidade de milhares de outras pessoas, que se sentem reprimidas em aceitar quem realmente são. "Eu já sabia que eu estava do lado errado da história", menciona ela, ao contar sobre quando percebeu gostar de meninas, aos 5 anos de idade, ao assistir um filme da franquia Harry Potter.
A culpa carregada por ela foi intensificada a partir do meio em que vivia, que compartilhava de crenças que condenavam sua existência. Todas as outras conquistas e qualidades atribuídas à sua personalidade, seriam facilmente questionadas frente à "imoralidade" de ser LGBTQIAPN+.
Quando Milla já estava na adolescência, situações como testemunhos que incentivavam a "cura gay", além do pastor da instituição em que ela frequentava lhe dizer que também já passou por momentos de "desejos impróprios", a fizeram acreditar ainda mais que havia algo de errado com ela.
"Você olha pra essa pessoa e pensa: 'essa pessoa é pastor agora, então eu também consigo [ser curado pela cura gay]", pensava Milla, aos 13 anos.
A empresária sofreu tanto com a pressão, que acabou sendo internada em instituições psiquiátricas. O intuito da publicação do vídeo de Milla é denunciar tais repressões, que continuam acontecendo em diversos ambientes sociais. É possível assisti-lo acessando este link.
"Eles me quebraram. [...] Eles quebraram a única coisa que eu sabia sobre mim [a sexualidade]", conta Milla.