Como criminoso de guerra nazista criou cartel de drogas na Bolívia; entenda
Klaus Barbie ficou conhecido como “Açougueiro de Lyon” pela prática de torturas a prisioneiros durante Segunda Guerra Mundial
Criminoso de guerra nazista, participação na CIA, além de traficante internacional de drogas. Como todas essas atividades mais do que ilícitas podem ser reunidas em uma única pessoa? Assim era Klaus Barbie.
Conhecido como o “Açougueiro de Lyon” pela prática de tortura a prisioneiros durante a Segunda Guerra, o ex-chefe da Gestapo na cidade francesa ocupada fugiu para a América do Sul depois do término do conflito mundial.
O alemão esteve profundamente envolvido na criação de um dos mais influentes cartéis de drogas da região, de acordo com reportagem da revista alemã Der Spiegel.
Sob o pseudônimo de Klaus Altmann, o criminoso nazista se tornou conselheiro de segurança do chefe do tráfico na Bolívia, Roberto Suarez, após se conheceram na década de 70.
O filho de Suarez, Gary, declarou à revista que Barbie era “uma pessoa importante para meu pai. Ele entendia de segurança, estratégia militar e trabalho com o serviço secreto”, disse.
O alemão também atuou, ativamente, como consultor de serviços de segurança bolivianos, auxiliando a montar um esquadrão da morte para o ditador Luis García Meza.
Gary Suarez afirmou que “Barbie esteve profundamente envolvido nos regimes militares durante décadas” e teria ajudado a “organizar as milícias que derrubariam o governo”, durante preparação para o violento golpe de Estado de 1980, que levou García Meza ao poder.
Entre os milicianos existia um grupo de mercenários neonazistas chamado “Noivos da morte”, que ostentava uma suástica em sua sede, chamada Clube Baviera, na cidade de Santa Cruz.
Depois do golpe, o grupo foi mobilizado para auxiliar a reprimir a oposição política e os rivais de Suarez na produção de cocaína.
Papel na CIA
A história de Barbie continua. Um documento da CIA, produzido em maio de 1974 e descoberto pela Der Spiegel, revela que os agentes estadunidenses suspeitavam do envolvimento dele com o tráfico de drogas.
O genro de Roberto Suárez, Gerardo Caballero, declarou à revista que “Barbie nos ajudou muito, inclusive trabalhando em conjunto com Pablo Escobar”, o famoso líder do tráfico na Colômbia.
Barbie ainda foi recrutado como agente anticomunista pelo serviço secreto dos Estados Unidos depois da guerra. O país, mais tarde, pediu desculpas à França por ajudar Barbie a escapar da Justiça.
O criminoso nazista também atuou como agente secreto da inteligência da Alemanha Ocidental na Bolívia. Ele foi recrutado no final de 1965, em La Paz, e recebeu o codinome Adler (Águia).
Klaus Barbie, enfim, foi extraditado da Bolívia para a França, em 1983, e condenado à prisão perpétua, em 1987, sob acusação de crimes contra a humanidade. Ele morreu na prisão em 1991.
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