Diretora-executiva da COP 30 diz que Belém fará história

Ana Toni participou de dois eventos na capital paraense e visitou o Parque da Cidade, onde será realizada a conferência da ONU

Ana Toni fala durante o Congresso Sustentável, do CEBDS, em Belém.Créditos: Carlos Borges / CEBDS
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Em palestra no Congresso Sustentável, promovido nessa terça-feira (1º/7) pelo CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) em Belém (PA), a diretora-executiva da COP 30, Ana Toni, disse que a capital paraense vai fazer história. 

“Eu e o embaixador André Corrêa do Lago [presidente da COP 30] temos viajado pelo mundo e pelo Brasil inteiro. E toda vez que questionam Belém como sede da conferência, eu falo: ‘poxa, eles não têm ideia do que estão questionando’.  Não tenho nenhuma dúvida de que o debate climático será outro após esta COP. E uma das razões é porque será aqui. Belém vai fazer história”, afirmou no palco do Teatro Estação Gasômetro, localizado no Parque da Residência.

Em entrevista após sua participação no evento, Ana contou que, nas Reuniões Climáticas de Bonn (Alemanha) no mês passado, que são uma espécie de pré-COP, “as pessoas pensavam que Belém era muito pequena”. “Não tinham ideia da dimensão, da história da cidade. Então foi uma oportunidade muito importante de apresentar Belém e toda sua beleza. E também de falar da temas que preocupavam muito os participantes, como segurança, saúde e transporte.”

Porém a diretora-executiva reconhece que o valor elevado da hospedagem na capital paraense, no período da COP, continua sendo motivo de queixas. “Temos que ter preços razoáveis, porque muitos dos países que virão são muito mais pobres do que o Brasil. São nações da África e da própria América Latina, pequenas ilhas...”

Segundo ela, os governos federal, estadual e municipal estão trabalhando para encontrar uma solução para o problema.

Motor de baixo para cima

Ana destacou que a COP 30 será símbolo de que “agora o motor de mudança vem de baixo para cima”. “A convenção do clima nasceu no Rio em 1992 e tivemos o Acordo de Paris há 10 anos. E a gente reconhece pouco o quanto a nossa vida mudou por causa dessas convenções. A revolução energética, no transporte, na agricultura... Isso tudo aconteceu em um espaço muito curto de tempo e veio de cima para baixo, porque a gente começou a entender quais são as consequências da mudança do clima”, afirmou.

Porém, para ela, as mudanças não virão mais das negociações internacionais. “Elas vêm das empresas, dos consumidores, das populações indígenas e tradicionais, dos governadores, dos prefeitos. Somos parte de um mutirão, a mudança está um pouco nas nossas mãos.” 

A diretora-executiva considera que a COP 30 será de aceleração da implementação dos planos e acordos internacionais já estabelecidos. “Já fechamos o livro de regras do Acordo de Paris, foram 10 anos de negociação. Agora a gente precisa acelerar e dar escala a essas mudanças”, afirma.

Ana destacou ainda que o Brasil é um provedor de soluções climáticas. “Não resta dúvida disso, em várias áreas, como agricultura, energia e florestas. Mas nós brasileiros ainda não vestimos essa camisa. E eu acho que o que vai fazer a diferença na COP 30 somos nós brasileiros vestindo a camisa de que, sim, essa é a nossa vocação, com todos os desafios, erros e acertos.”

Logo após sua participação, Ana se reuniu com o governador Helder Barbalho (MDB), que também discursou no Congresso Sustentável, no local do evento. “A gente debateu diversas coisas. Foi ótimo conversar com ele. Discutimos como está a programação.”

Ainda no mesmo dia, ela se encontrou com o prefeito Igor Normando (MDB), na sede do poder municipal, também para falar sobre os preparativos para a COP 30. 

UFPA e Parque da Cidade

Já na quarta-feira (2/7), a diretora-executiva participou do evento “As Contribuições da Amazônia para a COP 30”, organizado pela UFPA (Universidade Federal do Pará), na mesa “Contribuições da Amazônia para a Transição Justa”, ao lado de Edna Castro, presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) e pesquisadora do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea/UFPA), com mediação do jornalista Ricardo Gandour.

“Este evento é magnífico, pois fala de ciência e de pessoas, que são o coração da COP. A ciência vem nos alertando, e as soluções estão nas pessoas. E ter a UFPA hiperengajada, convocando outros reitores para fazer um grande mutirão nas universidades, isso é um prazer, esse é o espírito da COP 30”, avaliou.

Ela também visitou o Parque da Cidade, onde ficarão as zonas azul e verde da COP 30 e que foi aberto recentemente para a população de Belém, com uma colônia de férias com atividades gratuitas para todas as idades. Ana conferiu de perto as obras do prédio que funcionará como praça de alimentação na zona azul e disse que estava “muito grande e bonito”.

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