Clara Camarão é uma figura histórica fascinante que representa coragem e liderança no Brasil colonial. A única mulher indígena no livro dos Heróis da Pátria, seu legado tem sido resgatado como símbolo de força feminina e luta pela soberania nacional.
Nascida na região onde hoje se localiza o estado do Rio Grande do Norte, Clara Camarão era uma mulher indígena da etnia potiguara. No século XVII, em meio às invasões holandesas no Brasil, ela se destacou como uma líder militar. Após sua conversão ao cristianismo pelos padres jesuítas, adotou o nome de Clara, mas manteve seu protagonismo cultural e político.
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Durante a ocupação holandesa em Pernambuco, por volta de 1630, Clara Camarão liderou um grupo de guerreiros e guerreiras indígenas na defesa da Capitania contra as invasões holandesas em Pernambuco.
Lutando ao lado do marido, o também líder indígena Filipe Camarão, Clara organizou verdadeiras estratégias de combate e participou ativamente de batalhas importantes como a Batalha dos Guararapes — episódio considerado um marco na formação da identidade nacional brasileira.
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A participação de Clara é notável também pela presença feminina no campo de batalha, algo raro para os holandeses e portugueses colonizadores.
Sua atuação foi decisiva para o sucesso das tropas luso-brasileiras contra os invasores holandeses. Em 2017, seu nome foi inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que fica no Panteão da Pátria, em Brasília. Esse reconhecimento é reservado a pessoas que contribuíram significativamente para a construção da identidade nacional e da história do Brasil. A proposta original partiu da deputada federal Sandra Rosado (PSB-RN), em 2012.
No projeto de lei, Rosado defende que a indígena foi uma pioneira do feminismo no nosso país. "Clara Camarão é considerada uma das precursoras do feminismo no Brasil por ter rompido a barreira da divisão de trabalhos na tribo, ao afastar-se dos trabalhos domésticos para participar das batalhas ao lado de seu marido nas invasões de Olinda e do Recife. As tropas do príncipe Maurício de Nassau já haviam incendiado Olinda quando Clara, à frente de seu exército de índias potiguares, combateu os holandeses com uma bravura sem limites", diz o projeto de lei.