Hedy Lamarr foi uma das maiores estrelas da "Era de Ouro" de Hollywood. Mas por trás da fama de estrela dos anos 1930 e 1940, estava uma mente brilhante cuja invenção revolucionária durante a Segunda Guerra Mundial pavimentou o caminho para tecnologias essenciais do século XXI, como o Wi-Fi, o GPS e a telefonia celular.
Nascida Hedwig Eva Maria Kiesler em Viena, em 1914, Lamarr fugiu de um casamento opressor com um magnata de armamentos austríaco, Friedrich Mandl, em 1937, refugiando-se em Londres. Lá, chamou a atenção de Louis B. Mayer, da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), que a levou para Hollywood.
Te podría interesar
Rebatizada como Hedy Lamarr — uma homenagem à atriz do cinema mudo Barbara La Marr —, estrelou clássicos como Algiers (1938) e Samson and Delilah (1949), consolidando-se como ícone do glamour.
Da tela para a ciência: uma invenção visionária
Enquanto encantava o público nas telonas, Lamarr nutria um interesse profundo por ciência e tecnologia. Durante a guerra, preocupada com a ameaça nazista, uniu-se ao compositor George Antheil para desenvolver um sistema de comunicação secreto.
Te podría interesar
A ideia surgiu durante um dueto ao piano: eles criaram um mecanismo de "salto de frequência", que permitia a transmissão de sinais de rádio entre diferentes canais, dificultando a interceptação por inimigos.
Patenteado em 1942 sob o nome "Hedy Kiesler Markey", o projeto foi inicialmente rejeitado pelo Departamento de Guerra dos EUA.
A tecnologia só ganhou aplicação prática duas décadas depois, durante a Crise dos Mísseis em Cuba (1962), e tornou-se base para sistemas como o CDMA (usado em celulares) e o Wi-Fi. Apesar disso, Lamarr nunca lucrou com a invenção — a patente havia expirado quando a tecnologia foi adotada.
Reconhecimento tardio e legado
Por anos, sua contribuição científica permaneceu esquecida, ofuscada pela fama cinematográfica. Somente em 1997, aos 83 anos, Lamarr recebeu o EFF Pioneer Award por sua inovação.
Em 2014, foi postumamente incluída no National Inventors Hall of Fame, ao lado de nomes como Thomas Edison.
Uma vida de contrastes
A vida pessoal de Lamarr foi marcada por turbulências. Casou-se seis vezes, adotou três filhos e enfrentou escândalos, como acusações de furto em lojas nos anos 1960 e 1990. No fim da vida, viveu reclusa na Flórida, evitando holofotes.
Seu último ato público significativo foi um processo contra a Corel Corporation em 1998, por uso não autorizado de sua imagem na capa do software CorelDRAW.
O caso foi resolvido em acordo, mas reforçou sua luta por reconhecimento — não como ícone de beleza, mas como pioneira tecnológica.
Lamarr faleceu em 2000, aos 85 anos, mas seu legado persiste. Desde 2005, a Alemanha celebra o Dia do Inventor em 9 de novembro, data de seu nascimento.