Menos de meia hora após divulgar uma carta na rede X anunciando que desistiu de tentar a reeleição nos EUA, o presidente Joe Biden publicou uma foto ao lado da vice, Kamala Harris, pedindo ao Partido Democrata que a indique para substituí-lo na disputa contra o republicano Donald Trump.
"Minha primeira decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha vice-presidente. E foi a melhor decisão que tomei. Hoje quero oferecer todo o meu apoio e endosso para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano", escreveu Biden.
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Em seguida, o presidente estadunidense pediu união em torno da candidatura de Kamala para derrotar Trump, que foi oficializado candidato na convenção republicana na quinta-feira (18).
"Democratas – é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso", emendou Biden.
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Por que Kamala Harris?
Além de um provável acordo de bastidores, Biden trabalha para que Kamala Harris seja sua substituída para que os democratas possam usufruir do dinheiro já doado para a campanha.
Biden desistiu da disputa à reeleição após pressão de aliados e, principalmente, de financiadores da campanha, que fizeram doações a ambos nos últimos dois anos.
O dinheiro doado foi dividido entre a campanha de Biden, o Comitê Nacional Democrata e distribuído aos estados.
A estimativa é que até 30 de junho já haviam sido doados cerca de US$ 240 milhões.
Somente o comitê de campanha Bidan-Harris teria em caixa até 30 de maio US$ 91 milhões.
A doação milionária, no entanto, só poderá ser usada por Biden ou Kamala Harris. Caso os democratas optem por outro candidato, todas as doações terão de ser devolvidas.
Na sequência, o partido teria que fazer uma nova campanha de arrecadação, ficando em extrema desvantagem à campanha de Trump, que até maio já havia arrecadado US$ 116 milhões.
O dinheiro ainda poderia ser transferido para um Comitê de Ação Política para gastar em publicidade para o novo candidato democrata. No entanto, há taxas altas a serem pagas para a manobra, que ainda pode ser contestada na justiça.
Com isso, os democratas devem ratificar a candidatura de Kamala, endossada por Biden.
Quem é Kamala Harris
De ascendência indiana e jamaicana, a democrata Kamala Devi Harris, de 59 anos, é a primeira mulher negra vice-presidenta dos Estados Unidos.
A vice-presidenta é filha de uma renomada pesquisadora de câncer da mama, a indiana Shyamala Gopalan, que emigrou em 1960 da Índia para os Estados Unidos. Já o pai da democrata, o professor de economia Donald J. Harris, veio da Jamaica.
Quando Harris tinha sete anos, ambos se divorciaram. Kamala e a irmã Maya cresceram em Montreal, Canadá, onde a mãe trabalhava como pesquisadora. Mais tarde, retornaram a Oakland, Califórnia.
Kamala Harris estudou Ciências Políticas e Economia na Universidade Howard, em Washington. Mais tarde, cursou Direito na Universidade da Califórnia, em São Francisco.
Em relação à carreira, a democrata costuma ser pioneira nos cargos que ocupa. Antes de ser a primeira mulher a ocupar a vice-presidência nos Estados Unidos, Harris já quebrava paradigmas quando assumiu, em janeiro de 2011, o cargo de procuradora-geral da Califórnia. Ela foi a primeira mulher a ocupar tal vaga.
Em 2016, ela conseguiu se eleger como senadora pela Califórnia, também se tornando a primeira senadora de origem indiana e afro-americana. Nesse cargo, Harris adotou posicionamentos combativos em relação ao governo Trump.
Em janeiro de 2019, formalizou sua candidatura à presidência, mas desistiu da corrida interna do Partido Democrata durante a disputa das prévias. “O futuro do nosso país depende de você e de milhões para levantar sua voz e lutar pelos valores americanos. É por isso que estou concorrendo à presidência dos Estados Unidos”, disse a senadora californiana, em uma entrevista na época da pré-candidatura.
Enquanto candidata à presidência, Harris chegou a defender diversas pautas progressistas, como legislações e ações mais duras para prevenir a violência com armas de fogo, a legalização da maconha recreativa, a redução de impostos para a classe média, a elevação do salário mínimo, o combate ao aquecimento global e a criação de um sistema de saúde universal a partir do programa existente Medicare.