De 10 a 14 de maio de 2025, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva esteve em visita oficial à China, a convite do presidente Xi Jinping. Durante a IV Reunião Ministerial do Fórum CELAC-China, realizada em Pequim, os dois líderes reforçaram o compromisso de fortalecer a parceria entre os dois países, com foco no desenvolvimento sustentável, na cooperação estratégica e na resolução de crises globais, como a da Ucrânia.
Leia aqui a Carta de Pequim, em espanhol
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Compromisso com a cooperação e o multilateralismo
O encontro entre Lula e Xi Jinping, realizado no dia 13 de maio de 2025, no Grande Salão do Povo, em Pequim, teve como destaque a reafirmação da construção de uma comunidade China-Brasil com um futuro compartilhado, com o objetivo de contribuir para um mundo mais justo e um planeta mais sustentável.
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Xi Jinping destacou que, no 50º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países, foi apresentada uma visão para os próximos "50 anos dourados" da parceria bilateral. O presidente chinês sublinhou a importância de integrar as estratégias de desenvolvimento de ambos os países, fortalecer a confiança mútua e promover maior solidariedade entre os países do Sul Global.
"A China e o Brasil são parceiros naturais, e estamos determinados a fortalecer nossa cooperação para enfrentar os desafios globais e garantir um desenvolvimento mais equilibrado para as nossas populações", afirmou Xi Jinping.
Lula, por sua vez, reforçou a importância estratégica da relação entre os dois países, destacando que a cooperação entre Brasil e China é vital para enfrentar os desafios globais.
"A relação entre Brasil e China nunca foi tão necessária. Em tempos de instabilidade e incertezas no mundo, precisamos fortalecer os laços entre nossas nações, não apenas em termos econômicos, mas também em termos de solidariedade e cooperação política", afirmou o presidente brasileiro.
Lula também destacou que o Brasil está comprometido com o multilateralismo, em contraposição ao protecionismo e às políticas unilaterais que têm caracterizado a cena internacional.
"Devemos trabalhar juntos para construir um sistema internacional mais justo, baseado no respeito à soberania dos países e no diálogo entre as nações. O Brasil, ao lado da China, será um defensor incansável da paz e do desenvolvimento sustentável", concluiu Lula.
A Crise na Ucrânia: Diálogo pela Paz
A crise na Ucrânia também foi abordada pelos dois líderes. Ambos manifestaram apoio ao diálogo direto entre Rússia e Ucrânia e reafirmaram seu compromisso em promover uma solução pacífica para o conflito. Durante o encontro, a importância do Grupo de Amigos pela Paz, criado em 2024, foi ressaltada como um espaço para coordenar esforços pela resolução do impasse.
Na véspera da chegada de Lula à China, os principais diplomatas dos dois países se reuniram. No dia 12 de maio, o membro do Politburo do Comitê Central do Partido Comunista Chinês (PCCh) e ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, reuniu-se em Pequim com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o assessor-chefe da Presidência, Celso Amorim.
Durante o encontro, as duas partes revisaram os frequentes intercâmbios entre os chefes de Estado nos últimos anos, discutiram detalhadamente a implementação dos resultados da visita do presidente Xi Jinping ao Brasil no ano passado e prepararam a visita do presidente Lula à China.
Os dois lados concordaram em seguir a orientação estratégica dos dois presidentes para avançar na construção de uma comunidade China-Brasil com futuro compartilhado, defender o multilateralismo, proteger as regras internacionais universalmente reconhecidas e juntos salvaguardar os direitos legítimos e interesses do Sul Global, contribuindo para a paz, estabilidade e desenvolvimento mundial.
Além disso, trocaram opiniões sobre a crise na Ucrânia e outros temas, reafirmando apoio ao diálogo direto e negociações entre Rússia e Ucrânia. As partes também comprometeram-se a continuar utilizando o grupo "Amigos pela Paz" para ampliar o consenso internacional e promover a resolução política do conflito.
Leia aqui a declaração conjunta sobre a Guerra na Ucrânia
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Avanços na Cooperação Bilateral
A visita também serviu para consolidar a relação entre Brasil e China em diversas áreas. Lula e Xi celebraram os avanços na cooperação em setores como infraestrutura, agricultura, energia renovável, inteligência artificial e transição energética.
O presidente brasileiro se comprometeu a aprofundar a colaboração com a Iniciativa do Cinturão e Rota, além de ampliar os investimentos em infraestrutura, setor espacial e finanças.
Leia aqui a declaração conjunta Brasil-China
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Foco na cultura e conexões populares
A promoção de intercâmbios culturais também foi um ponto de destaque. Lula e Xi discutiram o Ano Cultural Brasil-China de 2026, que terá como objetivo fortalecer ainda mais os laços culturais entre os dois países. A parceria cultural visa também ampliar as trocas entre os povos e promover a amizade entre as nações.
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Protocolos e Assinaturas de Acordos
Durante a visita, foram assinados 20 acordos de cooperação, abrangendo áreas como ciência e tecnologia, economia digital, finanças, inspeção e quarentena. Os líderes também discutiram o futuro da cooperação multilateral, especialmente dentro de organizações como a ONU, BRICS e G20.
Leia aqui os acordos celebrados
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Fortalecendo o Multilateralismo
Tanto Lula quanto Xi reafirmaram o compromisso com o multilateralismo e com a construção de um sistema internacional mais justo, baseado no respeito à soberania dos países e à resolução pacífica de conflitos. Eles enfatizaram a importância da cooperação regional para enfrentar desafios globais e promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo.
Desafios e oportunidades para o futuro
O presidente Lula se comprometeu a apoiar a estabilidade do Sul Global, especialmente no contexto da crise ucraniana, e a trabalhar com a China para fortalecer a cooperação no combate à pobreza e fome, aprendendo com a experiência chinesa no combate à desigualdade. A visita também refletiu a vontade de ambos os países em colaborar para um futuro mais sustentável, que beneficie as nações em desenvolvimento.
A cerimônia de boas-vindas
A visita foi marcada por uma cerimônia de boas-vindas, que contou com uma guarda de honra, execução dos hinos nacionais e um desfile militar em Tiananmen. À noite, Xi Jinping e sua esposa, Peng Liyuan, receberam Lula e sua esposa, Rosângela Lula da Silva, para um banquete oficial, consolidando ainda mais a relação pessoal e diplomática entre os dois países.
Um marco para o futuro
O balanço da visita de Lula à China demonstra um fortalecimento significativo das relações bilaterais, alinhado à promoção de uma agenda de desenvolvimento sustentável, paz e multilateralismo. Com a assinatura de novos acordos e a reafirmação de compromissos, o Brasil e a China estabelecem um marco importante para o futuro da parceria entre as duas nações e para a cooperação global, especialmente no contexto do Sul Global.
O que acharam os chineses
A visita de Estado do presidente Lula foi amplamente coberta pela mídia chinesa, destacando a importância estratégica do encontro para ambos os países e para o fortalecimento do Sul Global.
Fortalecimento das Relações Brasil-China
A agência de notícias Xinhua enfatizou que a visita de Lula ocorre em um momento de mudanças e turbulências no cenário internacional, destacando a importância das relações entre os dois países como membros do BRICS e do Sul Global. A visita visa aprofundar a construção de uma comunidade China-Brasil com um futuro compartilhado, promovendo a solidariedade e a cooperação regional e mundial.
Cooperação Econômica e Investimentos
O Global Times noticiou que Lula participou do Fórum de Negócios China-Brasil em Pequim, destacando o potencial ilimitado da relação bilateral. Durante o evento, foram anunciados investimentos significativos em áreas como energia renovável e infraestrutura, além de acordos para reduzir a dependência de exportações de commodities e promover o desenvolvimento sustentável.