CHINA EM FOCO

China assume protagonismo na integração econômica asiática e fortalece investimentos regionais

Relatório do Banco Asiático de Desenvolvimento, lançado no Fórum Boao, destaca avanços comerciais e desafios para a sustentabilidade

Relatório do Banco Asiático de Desenvolvimento, lançado no Fórum Boao, destaca avanços comerciais e desafios para a sustentabilidade.
China assume protagonismo na integração econômica asiática e fortalece investimentos regionais.Relatório do Banco Asiático de Desenvolvimento, lançado no Fórum Boao, destaca avanços comerciais e desafios para a sustentabilidade.Créditos: Fotomontagem (Xinhua)
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A China consolidou sua posição como um dos principais motores da integração econômica na Ásia, conforme aponta o Relatório de Integração Econômica Asiática 2025 do Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB, na sigla em inglês). 

O estudo evidencia o crescimento do comércio intrarregional e a ampliação do investimento estrangeiro direto (IED), setores nos quais a China tem desempenhado um papel central, especialmente no Sudeste Asiático e no Sul da Ásia.

O relatório foi divulgado nesta quarta-feira (26) durante o Encontro Anual do Fórum Boao para a Ásia 2025, evento realizado desde o dia 25 e que prossegue até a próxima sexta-feira (28) na cidade de Boao, província de Hainan, China.

Na coletiva regular de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da China, o porta-voz Guo Jiakun destacou que a Ásia é a região mais populosa do mundo e apresenta a economia mais dinâmica, demonstrando forte resiliência.

“A Ásia está na vanguarda mundial em termos de crescimento econômico, comércio de bens e serviços e integração econômica regional, tornando-se uma força motriz e estabilizadora essencial para o crescimento econômico global”, afirmou Guo.

O porta-voz ressaltou que, diante do aumento da instabilidade e incerteza na economia global, a comunidade internacional acompanha atentamente as escolhas econômicas da Ásia e busca soluções que possam emergir da região.

Guo afirmou que Pequim espera que os participantes do Fórum Boao deste ano realizem trocas e discussões aprofundadas, compreendam a tendência dominante da globalização econômica inclusiva e benéfica para todos, avancem na rápida conclusão e implementação da Área de Livre Comércio China-ASEAN 3.0 e explorem novos motores sustentáveis de crescimento, como a economia digital e a economia verde.

“Como um membro fundamental da grande família asiática e país anfitrião do Fórum Boao para a Ásia, a China seguirá comprometida com a promoção do desenvolvimento de alta qualidade e da abertura em alto nível, unindo forças com outros países asiáticos para enfrentar desafios de desenvolvimento com solidariedade e buscar resultados mutuamente benéficos por meio da cooperação, contribuindo ainda mais para o crescimento global”, concluiu Guo.

China no Relatório de Integração Econômica Asiática 2025

Confira os destaques sobre a China no Relatório de Integração Econômica Asiática 2025 do ADB:

1. Papel central na integração econômica da Ásia

A China é um dos principais motores da integração econômica regional, impulsionando o crescimento do comércio intrarregional e dos investimentos estrangeiros diretos, especialmente no Sudeste Asiático e no Sul da Ásia.

A expansão das cadeias de suprimentos regionais, especialmente na indústria eletrônica e veículos elétricos, fortaleceu a posição da China como um elo essencial no desenvolvimento econômico da Ásia.

2. Investimentos estratégicos e liderança em infraestrutura verde

A China lidera os investimentos em infraestrutura sustentável, sendo a principal força por trás da expansão da energia solar e eólica na Ásia.

O investimento chinês em projetos sustentáveis cresceu de 8% do total de IED em 2013 para 27% em 2023, impulsionado pelo avanço das energias renováveis e pelo fortalecimento das cadeias de suprimentos de veículos elétricos.

3. Crescente influência no comércio regional

A China desempenha um papel fundamental nos Acordos de Livre Comércio e busca a rápida implementação da Área de Livre Comércio China-ASEAN 3.0, visando aprofundar laços comerciais com os países do Sudeste Asiático.

Pequim também tem se consolidado como principal exportador de insumos tecnológicos para economias vizinhas, fortalecendo cadeias produtivas regionais.

4. Resiliência econômica e impacto geopolítico

Apesar das tensões geopolíticas e comerciais globais, a China segue como destino prioritário e origem central de investimentos na Ásia.

O país também tem redirecionado parte de seus investimentos para economias da ASEAN, como Vietnã, Malásia e Indonésia, que atraem cada vez mais capital chinês em meio a disputas comerciais internacionais.

5. Integração financeira e digitalização

A China tem promovido avanços na digitalização dos sistemas financeiros, facilitando pagamentos transfronteiriços e impulsionando o uso de plataformas digitais para transações internacionais.

Pequim também defende a expansão da cooperação financeira regional, incentivando mecanismos para maior estabilidade monetária e melhor integração do sistema bancário asiático.

6. Cooperação e desafios futuros

A China reforçou seu compromisso com a globalização econômica inclusiva, defendendo a importância da cooperação regional para enfrentar desafios econômicos globais.

No entanto, o relatório também destaca que algumas economias asiáticas mantêm cautela em relação à influência chinesa, buscando diversificar suas fontes de investimento e evitar dependência excessiva do capital chinês.

A China continua sendo um dos principais pilares da integração econômica asiática, impulsionando setores estratégicos como energia sustentável, digitalização financeira e comércio regional. Seu papel será determinante na construção de um modelo econômico mais resiliente e interconectado para a Ásia nos próximos anos.

Integração econômica impulsiona crescimento e influência global da Ásia

O Relatório de Integração Econômica Asiática 2025 do ADB aponta que a integração econômica tem sido um dos pilares do crescimento acelerado da Ásia e do Pacífico, consolidando a região como uma das mais influentes no cenário global nas últimas duas décadas. 

De acordo com estimativas do ADB, o nível de integração comercial da Ásia já se equipara ao da União Europeia e Reino Unido

Apesar dos avanços no investimento estrangeiro direto, a integração financeira continua sendo o elo mais frágil desse processo, ficando aquém do comércio, do investimento e da mobilidade de pessoas.

Avanços e desafios dos acordos comerciais

O documento mostra que a expansão dos acordos comerciais preferenciais (PTAs, da sigla em inglês) reforça o compromisso da Ásia com a integração regional e a ampliação do acesso a mercados.Atualmente, esses acordos representam 45% do total global. 

No entanto, seu impacto ainda é limitado: enquanto os membros desses tratados na Ásia registraram um aumento de 3% nas exportações, acordos mais abrangentes fora da região impulsionaram as exportações em até 20%.

Os PTAs asiáticos têm fortalecido fluxos comerciais existentes, mas sem diversificar significativamente os produtos comercializados. O impacto sobre a manufatura é modesto, especialmente em comparação com acordos firmados com blocos externos. Além disso, a burocracia complexa e as regras rigorosas de origem dificultam a adesão de pequenas e médias empresas.

Investimentos estrangeiros e o impacto das tensões geopolíticas

O estudo do ADB informa que os setores de serviços, digital e indústrias sustentáveis emergiram como os principais focos do investimento estrangeiro direto na Ásia. Entre 2013 e 2023, 52% dos investimentos estrangeiros internos foram realizados entre países asiáticos, demonstrando a forte interdependência econômica regional. O setor de serviços, em particular, ampliou sua participação no IED de 46% para 58% na última década.

Os investimentos em infraestrutura sustentável também registraram crescimento expressivo, passando de 8% do total de IED em 2013 para 27% em 2023. A expansão das energias renováveis e o fortalecimento das cadeias de suprimentos de veículos elétricos no Sudeste Asiático foram fatores determinantes para esse avanço.

Apesar do crescimento, as tensões geopolíticas afetaram a distribuição dos investimentos. O ADB aponta que setores mais expostos ao comércio sofreram quedas acentuadas em momentos de instabilidade, enquanto as economias da ASEAN passaram a atrair mais investimentos estrangeiros, impulsionados principalmente pela China. O desafio para os países da região é aprimorar o ambiente de negócios e reduzir barreiras ao capital externo.

Política monetária e estabilidade econômica

O relatório do ADB mostra que a flexibilização monetária global pode aumentar o fluxo de capitais para a Ásia, mas também traz desafios. Desde meados de 2024, a redução das taxas de juros globais tem diminuído as diferenças entre as taxas dos Estados Unidos e da zona do euro em relação às economias asiáticas. Isso pode estimular a entrada de investimentos, mas também exige que os países da região permaneçam atentos à volatilidade cambial e às oscilações nos fluxos de capital.

A cooperação regional é essencial para fortalecer a integração financeira e minimizar riscos associados. A harmonização de padrões de transparência e o desenvolvimento de instrumentos financeiros regionais são estratégias fundamentais para garantir a segurança dos mercados e promover um crescimento sustentável.

Turismo e infraestrutura: motores do crescimento

O documento revela que o turismo tem se consolidado como um dos setores mais dinâmicos da economia asiática. Entre 2010 e 2019, a região registrou um crescimento médio anual de 7,6% no número de turistas internacionais, superando a média global de 5,1%. Como resultado, a participação do turismo intrarregional subiu de 73,1% para 77,3%.

A qualidade da infraestrutura aeroportuária e logística é essencial para sustentar esse crescimento, já que cerca de 60% dos turistas chegam à região por via aérea. A conectividade terrestre também é um fator crucial para destinos que compartilham fronteiras internacionais, como Singapura-Malásia e Geórgia-Turquia.

Pesquisas do ADB indicam que investimentos em infraestrutura e políticas mais abertas para viagens internacionais podem impulsionar ainda mais o turismo na região. Essas medidas não apenas aumentam o fluxo de turistas, mas também fortalecem a contribuição do setor para o crescimento econômico da Ásia.

Fórum Boao para a Ásia 2025: O 'Davos Asiático' 

O Encontro Anual do Fórum Boao para a Ásia 2025, conhecido como o “Davos Asiático”, reúne líderes políticos, empresariais e acadêmicos para debater questões econômicas e sociais fundamentais para a região e o mundo. O evento, realizado na cidade de Boao, na província de Hainan, China, se consolida como um espaço de diálogo estratégico sobre o futuro econômico da Ásia.

Tema central: crescimento inclusivo e cooperação regional

O tema desta edição é “A Ásia no Mundo em Transformação: Rumo a um Futuro Compartilhado”, destacando a necessidade de promover o desenvolvimento sustentável e a integração econômica em meio às rápidas mudanças no cenário global. O fórum busca fortalecer parcerias e discutir novas abordagens para desafios econômicos emergentes.

Principais temas debatidos

  • Inteligência Artificial (IA): Debates sobre a governança da IA e seu impacto no crescimento econômico, com foco em inovação e regulamentação.
     
  • Acordos de Livre Comércio: Discussões sobre o papel dos tratados comerciais na ampliação da cooperação econômica entre países asiáticos.
     
  • Economia Verde e Digital: Análises sobre as novas forças motrizes do crescimento sustentável, incluindo investimentos em tecnologia digital e energias renováveis.

Presença global e impacto do evento

O Fórum Boao para a Ásia 2025 conta com a participação de cerca de 2.000 delegados de mais de 60 países e regiões, além de 1.100 jornalistas de 30 países, reforçando sua relevância internacional.

O encontro destaca a importância da cooperação multilateral e do fortalecimento das parcerias regionais para impulsionar a resiliência econômica e enfrentar desafios globais. O evento reafirma o compromisso dos países asiáticos com um desenvolvimento sustentável e uma economia cada vez mais conectada e inovadora.

Leia aqui o Relatório de Integração Econômica Asiática 2025 do ADB, em inglês.

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