A China anunciou um conjunto de medidas estratégicas para fortalecer o consumo interno e impulsionar a economia. Entre as principais ações, estão a ampliação de subsídios para cuidados infantis, incentivos fiscais, maior oferta de crédito e o desenvolvimento de novos setores de consumo.
O plano, publicado pelo Escritório-Geral do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh) e pelo Escritório-Geral do Conselho de Estado, neste domingo (16), busca transformar a demanda interna no principal motor do crescimento econômico do país.
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Nesta segunda-feira (17), as medidas foram detalhadas durante uma coletiva de imprensa em Pequim, realizada pelo Escritório de Informação do Conselho de Estado, com a participação de altos funcionários do governo, incluindo representantes dos ministérios das Finanças, Comércio e Desenvolvimento Econômico, além do Banco Popular da China.
Renda e acesso ao crédito no centro das medidas
Uma das principais diretrizes do plano é aumentar a capacidade de compra da população por meio da elevação da renda e da ampliação do acesso ao crédito.
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Segundo Li Chunlin, vice-diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, o plano se diferencia de políticas anteriores ao priorizar o estímulo da demanda, com foco no crescimento da renda e na redução de encargos para os consumidores.
“O governo está trabalhando para que os cidadãos tenham mais segurança financeira e confiança para consumir”, afirmou Li.
Entre as medidas anunciadas estão:
- Subvenções para famílias com crianças pequenas, incluindo um programa de subsídios para cuidados infantis, em fase de elaboração pelo Ministério da Saúde e Bem-Estar Social.
- Expansão do fundo habitacional, permitindo maior flexibilidade no uso dos recursos para compra de imóveis e aluguel.
- Incentivos à geração de renda no setor rural, incluindo facilitação do aluguel de propriedades agrícolas e apoio à produção de bens de alto valor agregado.
Para impulsionar ainda mais o consumo, o Banco Popular da China anunciou que prepara novas diretrizes para o financiamento ao consumidor. A proposta inclui a criação de produtos financeiros específicos para incentivar a troca de bens duráveis, como eletrodomésticos e veículos.
O governo também está destinando recursos para cidades estratégicas, com grande base populacional e potencial econômico, a fim de estimular novos modelos de consumo.
Além disso, haverá subsídios para reduzir taxas de juros de empréstimos ao consumidor, conforme destacou Fu Jinling, diretor do Departamento de Construção Econômica do Ministério das Finanças.
“O objetivo é garantir que o financiamento atue como um motor de crescimento sustentável do mercado interno”, afirmou Fu.
Novas oportunidades para o mercado consumidor
O governo também aposta na modernização e diversificação do consumo, incentivando tanto setores tradicionais quanto emergentes.
Li Gang, diretor do Departamento de Operação de Mercado e Promoção do Consumo do Ministério do Comércio, afirmou que a estratégia inclui a reformulação do mercado automotivo, com incentivos para a revenda de veículos usados e facilitação da comercialização de automóveis seminovos.
Outra frente será a atração de grandes marcas internacionais para o mercado chinês, promovendo lançamentos exclusivos no país.
“Estamos incentivando a ‘economia do primeiro lançamento’, convidando empresas a abrirem suas primeiras lojas na China e realizarem eventos exclusivos”, explicou Li Gang.
O setor de turismo também será beneficiado. O governo planeja expandir a isenção de visto para mais países, além de aprimorar a infraestrutura para receber turistas estrangeiros. O turismo de inverno receberá investimentos, com foco na criação de destinos de alta qualidade para esportes na neve.
Proteção ao consumidor e ambiente seguro de compras
Além dos incentivos financeiros, o governo pretende fortalecer a segurança do consumidor e garantir um ambiente de compras mais confiável.
Ji Xiaoling, inspetor do Departamento de Fiscalização do Mercado da Administração Estatal de Regulamentação do Mercado, anunciou que o governo ampliará a supervisão sobre a qualidade de bens e serviços, combatendo fraudes e garantindo maior transparência nas transações.
As medidas incluem:
- Campanhas de certificação de autenticidade de produtos, para evitar falsificações.
- Mecanismos de compensação ágeis para consumidores lesados.
- Regulamentação mais rígida para compras online e publicidade digital.
Além disso, comerciantes serão incentivados a aderir a programas de “compromisso com o consumo seguro”, nos quais garantem altos padrões de qualidade e atendimento ao cliente.
Empregos e estabilidade no mercado de trabalho
O estímulo ao consumo também passa pela expansão do emprego e pela estabilidade no mercado de trabalho.
Chen Yongjia, chefe do Departamento de Promoção do Emprego do Ministério de Recursos Humanos e Seguridade Social, anunciou a prorrogação da redução temporária de tributos para empresas que contratam novos trabalhadores. Pequenas e médias empresas terão acesso facilitado a linhas de crédito para manutenção de empregos.
Outras medidas incluem:
- Expansão dos programas de incentivos fiscais para empresas que criam novas vagas.
- Criação de plataformas nacionais para o mapeamento de empregos, garantindo maior eficiência na contratação.
Salário mínimo varia conforme a região
O plano também destaca a importância do crescimento salarial para impulsionar o consumo. Na China, o salário mínimo não é uniforme em todo o país, sendo definido por cada província, região autônoma ou município, de acordo com suas condições econômicas locais.
Em 2025, os salários mínimos mensais variam significativamente entre as regiões:
- Xangai: 2.690 yuan (cerca de R$ 2.131)
- Pequim: 2.420 yuan (cerca de R$ 1.912)
- Guangdong: 2.300 yuan (cerca de R$ 1.808)
- Gansu: 2.020 yuan (cerca de R$ 1.598)
- Qinghai: 1.880 yuan (cerca de R$ 1.490)
Essa variação reflete as disparidades econômicas e o custo de vida entre as diferentes regiões chinesas.
As novas diretrizes mostram o compromisso da China em consolidar a demanda interna como motor do crescimento econômico, garantindo renda estável, acesso ao crédito e um ambiente seguro para os consumidores.
Com ações voltadas para o curto e longo prazo, o governo busca reduzir a dependência do setor externo e impulsionar um ciclo sustentável de crescimento baseado no consumo doméstico.
Confira o plano na íntegra
Plano de Ação Especial para Impulsionar o Consumo
O Gabinete Geral do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh) e o Gabinete Geral do Conselho de Estado divulgaram neste domingo (16) o "Plano de Ação Especial para Impulsionar o Consumo", emitindo uma notificação que orienta todas as regiões e departamentos do país a implementá-lo de acordo com suas realidades locais.
Objetivos do Plano
Para estimular fortemente o consumo, expandir a demanda interna de forma abrangente, aumentar a capacidade de consumo por meio do crescimento da renda e da redução de encargos, bem como impulsionar a demanda por meio da oferta de alta qualidade, este plano propõe medidas para melhorar o ambiente de consumo e resolver os principais desafios que o restringem.
1. Ação para Aumentar a Renda de Residentes Urbanos e Rurais
- Promoção do crescimento salarial.
- Expansão das fontes de renda patrimonial.
- Incentivo à renda dos agricultores.
- Solução de atrasos em pagamentos.
2. Ação para Garantir a Capacidade de Consumo
- Benefícios para creches e apoio à infância.
- Expansão do suporte à educação.
- Melhoria dos benefícios de saúde e previdência.
- Garantia do sustento básico para grupos vulneráveis.
3. Ação para Melhorar a Qualidade dos Serviços de Consumo
- Expansão dos serviços para idosos e crianças.
- Estímulo ao consumo de serviços, incluindo alimentação e hospitalidade.
- Impulso ao turismo e eventos culturais.
- Promoção do turismo de inverno e entrada de turistas estrangeiros.
4. Ação para Atualização e Expansão do Consumo de Bens Duráveis
- Incentivos para a substituição de produtos antigos (eletrodomésticos, automóveis, eletrônicos).
- Estímulo ao mercado imobiliário e facilitação de financiamentos.
- Expansão do setor automotivo, incluindo revenda de veículos usados e turismo automotivo.
5. Ação para Elevar a Qualidade do Consumo
- Fortalecimento de marcas chinesas e incentivo à inovação.
- Estímulo a novos setores de consumo, como inteligência artificial e robótica.
6. Ação para Melhorar o Ambiente de Consumo
- Garantia de direitos trabalhistas e férias remuneradas.
- Aprimoramento da infraestrutura de consumo, como modernização de centros comerciais.
7. Ação para Reduzir Restrições ao Consumo
- Redução de restrições à compra de bens, como automóveis.
- Melhoria do ambiente de negócios, reduzindo burocracias para empreendedores e comércio digital.
8. Apoio a Políticas de Incentivo ao Consumo
- Reformas fiscais para estimular o consumo.
- Expansão do crédito ao consumidor com medidas de controle de risco.
- Criação de incentivos para setores estratégicos que impulsionam a demanda doméstica.
O plano reafirma o compromisso da China em colocar o consumo no centro da estratégia econômica, promovendo um crescimento sustentável e melhorias na qualidade de vida da população. As medidas serão implementadas em todo o país, adaptadas às realidades locais para garantir eficácia e impacto positivo.
Leia aqui o Plano de Ação Especial para Impulsionar o Consumo (em chinês)