A China aprovou nesta terça-feira (11) um novo plano estratégico para o desenvolvimento econômico e social em 2025 durante a Terceira Sessão do 14º Congresso Nacional do Povo, também chamado de Assembleia Popular Nacional (APN).
O relatório, apresentado pelo primeiro-ministro Li Qiang no início do evento anual, estabelece diretrizes para fortalecer a inovação, impulsionar o crescimento econômico e reforçar a estabilidade social, consolidando o papel do país como potência global.
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A aprovação do Plano de Desenvolvimento para 2025 reflete o compromisso da China com um crescimento sustentável e inovador. O país está deixando para trás um modelo baseado apenas em volume de produção e avançando para um estágio de qualidade e sofisticação tecnológica.
A aposta na inteligência artificial (IA), semicondutores, infraestrutura verde e transformação digital coloca a China na vanguarda da inovação global. Com uma base industrial consolidada, políticas estratégicas e um mercado interno forte, Pequim não apenas manterá sua posição como potência econômica, mas seguirá redefinindo os padrões da geopolítica e da tecnologia mundial.
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Com esse novo ciclo de desenvolvimento, a China reafirma seu papel como um motor de inovação e progresso para o século 21.
Democracia com características chinesas
As Duas Sessões, evento anual que reúne a APN e a Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), serviram como uma plataforma essencial para discutir o futuro da China.
Em 2025, o governo projeta um crescimento do PIB de aproximadamente 5%, com a criação de mais de 12 milhões de empregos urbanos, investimentos em infraestrutura e tecnologia, além do reforço da segurança nacional.
A reunião contou com a participação de 2.977 delegados e delegadas da APN e 2.172 membros da CCPPC, representando diversos setores da sociedade chinesa. O evento é considerado uma janela para entender a democracia ao estilo chinês, baseada na governança participativa e na modernização nacional.
A prática democrática da China leva a um caminho político diferente daquele dos países ocidentais e proporciona experiências e inspiração valiosas para o mundo, especialmente para os países do Sul Global.
Durante coletiva regular de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da China, realizada em Pequim nesta quarta-feira (12), a porta-voz Mao Ning comentou que as Duas Sessões são uma prática vívida da democracia popular de processo integral da potência asiática.
Mao observou que, para a elaboração do Relatório sobre o Trabalho do Governo, foram coletadas quase quatro mil sugestões e mais de 2 milhões de opiniões online, com o objetivo de agregar amplamente a sabedoria coletiva e representar a vontade popular.
Agora, com a conclusão das Duas Sessões, os departamentos governamentais vão implementar de forma abrangente as tarefas estabelecidas, após ouvirem a opinião pública e realizarem consultas, explicou a porta-voz.
"A democracia é um valor comum da humanidade e um direito dos povos de todos os países. A democracia popular de processo integral é o modelo democrático em sua forma mais ampla, genuína e eficaz. É a democracia do povo mais adequada às condições nacionais da China e tem feito contribuições importantes para enriquecer a civilização política da humanidade", destacou Mao.
Principais metas do Plano de Desenvolvimento para 2025
O Relatório de Trabalho do Governo de 2025 define estratégias para sustentar o crescimento econômico e aprimorar a governança em diversas áreas:
1. Crescimento Econômico e Expansão do Consumo
A meta de crescimento do PIB em torno de 5% será sustentada por um déficit orçamentário de 4% do PIB, acima do registrado em 2024, permitindo maior investimento em infraestrutura e programas sociais. As medidas incluem:
- Subsídios para a troca de bens duráveis.
- Incentivos à classe média para impulsionar o consumo interno.
- Aumento dos investimentos em educação, saúde e seguridade social.
2. Inovação tecnológica e autossuficiência em chips
A China reforçará sua aposta na inteligência artificial (IA), computação quântica, semicondutores e tecnologia digital. As diretrizes incluem:
- Expansão da IA em setores estratégicos.
- Avanço na produção de chips RISC-V para reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras.
- Aceleração da infraestrutura para redes 6G.
- Estímulo ao crescimento de polos tecnológicos.
3. Abertura econômica e comércio exterior
Apesar das tensões comerciais globais, a China seguirá expandindo sua política de abertura econômica, fortalecendo parcerias internacionais por meio da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI). As medidas incluem:
- Expansão das Zonas de Livre Comércio (FTZs).
- Facilitação do investimento estrangeiro no setor manufatureiro.
- Estímulo ao comércio com países do Sul Global.
4. Governança e estabilidade social
A segurança e estabilidade social são pilares do desenvolvimento chinês. O governo pretende:
- Aprimorar a regulação do mercado financeiro para evitar crises sistêmicas.
- Expandir a formalização do emprego e os direitos trabalhistas.
- Fortalecer a seguridade social e os serviços públicos.
Impacto global e liderança tecnológica
O plano de desenvolvimento de 2025 não apenas impulsiona a economia chinesa, mas também fortalece a influência global do país.
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O DeepSeek, modelo avançado de IA de código aberto, se tornou um exemplo da inovação chinesa, rivalizando com a OpenAI. Há outros destaques como o Xiaomi SU7 Ultra, que fez sua estreia no circuito de Nürburgring, consolidando a indústria automotiva chinesa.
Já o jogo Black Myth: Wukong abriu portas para a China no mercado de games AAA e o filme Ne Zha 2, que reforçou o impacto do cinema chinês no mercado global.
Além das grandes inovações, a modernização também se reflete no cotidiano. Como a agricultura inteligente em Zhangzhou, na província de Fujian, onde o uso de tecnologia elevou a produtividade dos abacaxis em mil quilos por hectare. As automações industriais nas quais robôs no setor siderúrgico estão substituindo trabalhadores em tarefas de alto risco, aumentando a segurança. E as inovações urbanas, que em Pequim tornou possível pedir café entregue por drones na Grande Muralha.
China como modelo de desenvolvimento
A expectativa dos chineses e do resto do mundo é que a próxima China seguirá com suas próprias características, mas melhoradas.
Esse avanço tem sido impulsionado por inovação independente para reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras; ampliação da abertura econômica para promover parcerias internacionais; e inclusão tecnológica para permitir que mais países participem desse crescimento.
Projetos como a missão lunar Chang’e-6, que leva cargas científicas de diversos países, e o satélite sino-brasileiro CBERS, que auxilia na preservação da Amazônia, demonstram o compromisso chinês com a cooperação internacional.
Enquanto algumas potências ocidentais adotam restrições tecnológicas, a China promove um ecossistema global de inovação baseado no compartilhamento de conhecimento.
Leia aqui o Relatório sobre o Trabalho do Governo aprovado durante as Duas Sessões (em inglês).