CHINA EM FOCO

China acelera modernização industrial com novas forças produtivas de qualidade

Estratégia do governo chinês aposta na inovação tecnológica e na transformação de setores estratégicos para impulsionar o crescimento sustentável e reduzir a dependência externa

Estratégia do governo chinês aposta na inovação tecnológica e na transformação de setores estratégicos para impulsionar o crescimento sustentável e reduzir a dependência externa.
China acelera modernização industrial com novas forças produtivas de qualidade.Estratégia do governo chinês aposta na inovação tecnológica e na transformação de setores estratégicos para impulsionar o crescimento sustentável e reduzir a dependência externa.Créditos: Xinhua
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A China apresentou, durante as Duas Sessões de 2025, um novo conceito para o seu desenvolvimento econômico: as novas forças produtivas de qualidade. O termo, que enfatiza a inovação tecnológica e industrial como motores do crescimento, foi incluído no Relatório sobre o Trabalho do Governo, aprovado pela Assembleia Nacional do Povo, o legislativo chinês.

A proposta destaca a necessidade de transformar setores tradicionais por meio de tecnologias emergentes, impulsionando a modernização industrial, a sustentabilidade econômica e a autossuficiência tecnológica.

Durante coletiva de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da China, a porta-voz Mao Ning comentou que esses novos conceitos são exemplos das novas forças produtivas de qualidade, impulsionadas pela inovação tecnológica e industrial.

“O que as diferencia das demais forças produtivas é justamente o seu caráter ‘novo’. Modelos avançados de IA generativa, computação quântica, robôs humanoides e veículos autônomos movidos a novas energias são algumas das expressões do potencial dessas novas forças produtivas”, explicou.

Mao destacou que a China está ativamente explorando novas energias, novos materiais e novas tecnologias, promovendo o desenvolvimento dessas forças produtivas por meio da inovação.

Ela disse ainda que essas forças produtivas aceleram a transição de antigos motores de crescimento para novos, aprimoram a eficiência na alocação de recursos, impulsionam a transformação industrial e agregam um novo impulso ao desenvolvimento de alta qualidade.

A porta-voz pontuou que as novas forças produtivas de qualidade da China também se integram às cadeias globais de suprimento, produção e valor. Ela ressaltou que empresas chinesas têm levado manufatura avançada, energia limpa, redes inteligentes e outras inovações para o mercado global, ampliando as opções disponíveis para o mundo.

“A China também compartilha seus avanços em inovação tecnológica, especialmente com países em desenvolvimento, contribuindo para a transição verde e a modernização industrial nesses países. As novas forças produtivas de qualidade fortalecem a China e beneficiam o mundo. À medida que a China avança, essas forças continuarão sendo um dos principais motores de crescimento”, finalizou.

Origem e evolução do conceito

O termo “novas forças produtivas” foi citado pela primeira vez pelo presidente chinês, Xi Jinping, durante uma visita à província de Heilongjiang, em setembro de 2023.

Naquela ocasião, Xi destacou a importância da inovação industrial para o futuro econômico do país, incentivando a China a liderar o desenvolvimento de indústrias emergentes e setores estratégicos.

A ideia foi reforçada em dezembro do mesmo ano, na Conferência Central de Trabalho Econômico, onde foram traçadas diretrizes para o crescimento baseado em avanços científicos e tecnológicos.

Implementação e exemplos concretos

A estratégia chinesa busca reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras e consolidar a autonomia industrial, em alinhamento com o plano "Made in China 2025". Setores priorizados incluem:

  • Inteligência artificial (IA): Modelos de IA generativa, como chatbots avançados, assistentes virtuais e IA embarcada em soluções industriais.
     
  • Computação quântica: Investimentos crescentes no desenvolvimento de chips quânticos e supercomputadores para otimizar cadeias logísticas e pesquisas científicas.
     
  • Robótica e automação: Uso de robôs humanoides para serviços e produção industrial.
     
  • Veículos autônomos e movidos a novas energias: Expansão da indústria de carros elétricos e hidrogênio, com a China consolidando sua liderança global no setor.
     
  • Novos materiais: Pesquisa em semicondutores avançados, baterias de sódio e hidrogênio verde, visando melhorar a eficiência energética.

A iniciativa também impulsiona empresas gazela (startups de crescimento acelerado) e fortalece parcerias público-privadas para desenvolvimento tecnológico.

Made in China 2025 e o 14º Plano Quinquenal

A China vem consolidando sua posição como potência industrial e tecnológica global por meio do Made in China 2025 (MIC 2025), um plano estratégico lançado em 2015 que visa transformar o país em um polo de manufatura avançada e alta tecnologia.

Inspirado no modelo da Indústria 4.0 da Alemanha, o plano busca reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras e ampliar a competitividade das empresas chinesas no cenário internacional.

O 14º Plano Quinquenal da China (2021-2025) absorveu as diretrizes centrais do MIC 2025, priorizando autossuficiência tecnológica e inovação industrial. Para evitar pressões externas, o governo chinês deixou de mencionar o nome "Made in China 2025" oficialmente, mantendo suas diretrizes sob novas formulações.

Integração com a estratégia de dupla circulação

As novas forças produtivas de qualidade estão diretamente integradas à estratégia de "dupla circulação", que prioriza o mercado interno, sem abrir mão da interação com o mercado global. Empresas chinesas estão levando energia limpa, redes inteligentes e inovações manufatureiras para o mundo, ampliando a participação da China nas cadeias globais de valor.

Anunciada pelo presidente Xi Jinping em 2020, a estratégia de dupla circulação busca fortalecer o consumo interno e reduzir vulnerabilidades externas sem deixar de promover exportações e investimentos internacionais.

Os dois pilares da estratégia:

  • Circulação interna (domestic circulation) – Incentivo à produção e inovação nacionais para fortalecer o mercado doméstico e reduzir a dependência externa.
     
  • Circulação externa (international circulation) – Manutenção da China como potência exportadora, garantindo competitividade no comércio global.

Objetivos da estratégia de dupla circulação:

  • Reduzir a dependência de mercados externos, especialmente diante de restrições comerciais impostas pelos EUA e União Europeia.
     
  • Incentivar a inovação e produção interna, garantindo que a China seja capaz de fabricar produtos essenciais sem precisar importá-los.
     
  • Fortalecer a classe média chinesa, aumentando o poder de consumo e promovendo um crescimento sustentável baseado no mercado interno.
     
  • Expandir as exportações e acordos comerciais, consolidando a China como um centro global de inovação e manufatura.

Perspectivas para o futuro

A China avança para consolidar sua posição como líder global na transformação industrial baseada em tecnologia e inovação. O conceito de novas forças produtivas de qualidade reforça o compromisso do país com um crescimento sustentável, inteligente e tecnologicamente avançado, garantindo sua competitividade no cenário global, ao mesmo tempo em que evita atritos diplomáticos com o Ocidente.

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