Com o sucesso global de filmes chineses como "Ne Zha: O Menino Demônio Conquista o Mar", "Creation of the Gods II: Demon Force" e "Detective Chinatown 1900", a China dá mais um passo estratégico no uso do cinema como ferramenta de soft power.
No último dia 17 de fevereiro, o Museu do Cinema da China, em Pequim, foi palco do lançamento da atividade “Viajar pela China através dos Filmes Chineses”, organizada pela Administração Nacional de Cinema da China e pelo Grupo de Mídia da China (CMG, na sigla em inglês), com o apoio da China Global Television Network (CGTN).
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O evento contou com a participação de autoridades como Xing Bo, vice-presidente do CMG; Fan Yun, editora-chefe da CGTN; Qi Zhuquan, diretor do Departamento de Intercâmbio Internacional do CMG; e Qin Zhengui, vice-diretor do Departamento de Cinema do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh).
A iniciativa busca aproveitar a popularidade dos filmes lançados durante o Festival da Primavera e a recente flexibilização das políticas de isenção de visto para promover o turismo internacional.
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A estratégia consiste em divulgar filmes chineses em plataformas de streaming e festivais internacionais, além de promover roteiros turísticos inspirados nos cenários retratados nas telas. A proposta não apenas impulsiona o turismo, mas também fortalece a imagem da China como um país acolhedor e culturalmente vibrante.
Segundo Jiang Qiudi, chefe da estação europeia do CMG, a rede global de escritórios da instituição desempenhará papel essencial na promoção da campanha, ampliando seu alcance por meio de parcerias com veículos de mídia e plataformas digitais.
Durante o evento, produtores dos filmes mencionados compartilharam o impacto das estreias em mercados como América do Norte, Europa, Oceania e Ásia. Influenciadores culturais estrangeiros apresentaram os locais de filmagem, destacando a riqueza paisagística da China sob uma nova perspectiva.
Estúdios como Qingdao Oriental Movie Metropolis e Hengdian World Studios exibiram seus recursos de produção e convidaram cineastas internacionais a gravarem no país. A China UnionPay, por sua vez, apresentou a campanha Operação Jinxiu, oferecendo facilidades de pagamento e descontos para turistas internacionais.
O evento consolidou o papel do cinema como uma ferramenta estratégica para o fortalecimento do soft power chinês. Ao promover a cultura local de forma acessível e atraente, a China busca ampliar sua influência global, estimulando não apenas o turismo, mas também o intercâmbio cultural e econômico.
Políticas da China para o cinema
A China tem implementado uma série de políticas para regular e controlar o setor audiovisual, refletindo seu compromisso com a preservação dos valores culturais e a segurança nacional. Essas políticas abrangem desde a produção e distribuição de conteúdo até a cooperação internacional no campo cinematográfico.
Regulamentação da produção e distribuição
A Administração Nacional de Rádio e Televisão (NRTA, na sigla em inglês) exige que todo conteúdo audiovisual seja submetido à aprovação antes da distribuição. No último dia 5 de fevereiro, o órgão estendeu essa exigência aos microdramas — produções com duração de até um minuto — que agora devem obter uma permissão específica para serem veiculados online. Plataformas digitais estão proibidas de disseminar microdramas sem a devida autorização, reforçando o controle sobre o conteúdo compartilhado na internet.
Importação de conteúdo estrangeiro
O governo chinês mantém um controle estrito sobre a importação de filmes estrangeiros, limitando o número de títulos que podem ser lançados comercialmente no país. Historicamente, apenas 34 filmes estrangeiros são permitidos anualmente, com a maioria proveniente de Hollywood. Além disso, o governo detém o monopólio sobre a importação e distribuição desses filmes, impondo procedimentos rigorosos de censura e restringindo a participação de investidores estrangeiros na distribuição cinematográfica.
Parcerias e cooperação internacional
A China busca fomentar a cooperação internacional no setor audiovisual. Em novembro de 2022, o país assinou memorandos de entendimento com o Brasil para promover o diálogo e a colaboração no campo do cinema e do audiovisual. Esses acordos visam desenvolver relações cinematográficas, familiarizar profissionais com os desafios atuais do setor e criar oportunidades de cooperação entre cineastas dos dois países.
Audiovisual como ferramenta de soft power
O governo chinês reconhece o potencial do setor audiovisual como instrumento de soft power, utilizando-o para divulgar a cultura nacional no exterior e fortalecer sua influência cultural global. Iniciativas como a promoção de filmes chineses em mercados internacionais e a organização de festivais de cinema buscam apresentar uma imagem positiva da China e atrair audiências estrangeiras. Além disso, há um incentivo à cooperação entre empresas cinematográficas e o setor turístico, explorando o valor cultural e turístico das produções chinesas para estimular o interesse pelo país.
Controle de conteúdo
O controle de conteúdo é uma prática comum na China, com a NRTA supervisionando rigorosamente o conteúdo exibido nos meios de comunicação. Programas de televisão, filmes e até mesmo conteúdos online passam por um processo de avaliação para garantir que estejam alinhados aos valores e interesses do país. Conteúdos considerados inadequados ou que possam comprometer a segurança nacional são frequentemente editados ou proibidos.
As políticas audiovisuais da China são caracterizadas por um controle estatal abrangente, visando preservar a cultura nacional, proteger a segurança do país e utilizar o setor como uma ferramenta estratégica de influência global.
Iniciativas como a atividade "Viajar pela China através dos Filmes Chineses" refletem os esforços do governo chinês em utilizar o cinema como ferramenta de soft power. Ao promover filmes nacionais no mercado internacional e incentivar o turismo relacionado às locações cinematográficas, a China busca não apenas divulgar sua cultura, mas também estimular o consumo interno e fortalecer a economia.
