CHINA EM FOCO

China alerta para impacto global do tarifaço de Trump

Ministério do Comércio chinês critica tarifas dos EUA e pede que Washington pare de usá-las como ferramenta coercitiva

China alerta para impacto global do tarifaço de Trump.Governo de Xi Jinping critica tarifas da administração de Donald Trump e pede que Washington pare de usá-las como ferramenta coercitivaCréditos: Wikipedia
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Os Estados Unidos devem evitar o uso de tarifas como ferramenta coercitiva, afirmou o Ministério do Comércio da China nesta quinta-feira (20).

O porta-voz do ministério, He Yadong, fez a declaração em resposta a uma pergunta da imprensa sobre o anúncio recente dos EUA de impor “tarifas recíprocas” aos seus parceiros comerciais.

“A China está profundamente preocupada com essa medida”, disse He.

O porta-voz destacou que o comércio internacional se baseia nos recursos naturais e nas vantagens comparativas de cada país, visando promover o crescimento econômico global e melhorar o bem-estar das populações em todo o mundo.

As “tarifas recíprocas” propostas pelos EUA violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e desconsideram o equilíbrio de interesses estabelecido ao longo de quase 80 anos de negociações comerciais multilaterais. 

"A abordagem dos EUA também ignora os benefícios significativos do comércio internacional que o país desfrutou por décadas, demonstrando unilateralismo e protecionismo", afirmou He.

Segundo o porta-voz, essa postura prejudicará gravemente o sistema de comércio multilateral, que depende de princípios como o da nação mais favorecida, além de desestabilizar as cadeias de suprimentos globais.

Ele acrescentou que a medida introduzirá uma enorme incerteza nas atividades econômicas e comerciais internacionais normais, ressaltando que muitos países já manifestaram abertamente sua oposição à abordagem dos EUA.

“Uma guerra comercial não oferece saída nem produz vencedores”, afirmou He. “Os Estados Unidos devem corrigir essas práticas equivocadas e trabalhar com todos os países para encontrar soluções por meio de consultas em condições de igualdade.”

Linha do tempo do tarifaço de Trump

No primeiro mês de seu segundo mandato, iniciado há exatamente um mês, no dia 20 de janeiro, o presidente Donald Trump implementou uma série de medidas protecionistas com o objetivo de reduzir o déficit comercial dos Estados Unidos e proteger a indústria nacional.

Tarifas sobre importações

1º de fevereiro de 2025: Trump assinou ordens executivas impondo uma tarifa de 25% sobre todas as importações provenientes do México e do Canadá, e uma tarifa de 10% sobre produtos importados da China. Inicialmente, essas tarifas estavam programadas para entrar em vigor em 4 de fevereiro. Além disso, uma tarifa reduzida de 10% foi aplicada às exportações de energia do Canadá, incluindo eletricidade, gás natural e petróleo, com o intuito de minimizar possíveis efeitos disruptivos.

3 de fevereiro de 2025: Após negociações, Trump anunciou a suspensão das tarifas sobre o México e o Canadá por um mês, após esses países concordarem em intensificar medidas para impedir o tráfico de drogas para os EUA.

10 de fevereiro de 2025: O presidente aumentou as tarifas sobre o alumínio de 10% para 25% e encerrou isenções e exclusões previamente concedidas para as tarifas sobre aço e alumínio.

13 de fevereiro de 2025: Trump instruiu os departamentos competentes a determinarem "tarifas recíprocas" necessárias para países que impõem tarifas sobre produtos dos Estados Unidos.

18 de fevereiro de 2025: O presidente anunciou a intenção de impor tarifas de aproximadamente 25% sobre os setores automotivo, farmacêutico e de semicondutores, visando proteger essas indústrias estratégicas e reduzir o déficit comercial.

Retaliações e repercussões internacionais

As medidas tarifárias de Trump geraram respostas imediatas de parceiros comerciais:

México e Canadá: Anunciaram a intenção de impor tarifas retaliatórias sobre produtos dos EUA, o que poderia levar a um aumento adicional nas tarifas, conforme cláusulas incluídas nas ordens executivas assinadas por Trump.

China: Implementou medidas de retaliação em resposta às tarifas impostas pelos EUA, aumentando as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

Críticas e preocupações

Especialistas e líderes internacionais expressaram preocupações de que as políticas protecionistas de Trump poderiam desencadear uma guerra comercial global, afetando negativamente o comércio internacional e a estabilidade econômica mundial.

Reações da China

A China tem manifestado forte oposição às tarifas impostas por Trump sobre produtos chineses. Em resposta às tarifas adicionais de 10% aplicadas pelos EUA, Pequim anunciou, em 4 de fevereiro, a implementação de tarifas retaliatórias de 10% a 15% sobre certos produtos estadunidenses, incluindo controles sobre exportações de minerais essenciais e a abertura de uma investigação antitruste sobre a empresa tecnológica americana Google.

Durante uma reunião da OMC na última terça-feira (18), o embaixador chinês Li Chenggang, reporta a Reuters, condenou as ações unilaterais dos EUA, afirmando que as "tarifas chocantes" poderiam desestabilizar o comércio global e aumentar o risco de uma recessão mundial. 

A China também apresentou uma disputa formal contra Washington na OMC, buscando resolver o conflito por meio dos mecanismos multilaterais de comércio.

Na quarta-feira (19), o ministro do Comércio da China, Wang Wentao, expressou insatisfação com as tarifas em uma carta ao recém-nomeado secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. Wang enfatizou que as tarifas unilaterais prejudicam a cooperação econômica e comercial normal e destacou a disposição da China para dialogar e colaborar, visando criar um ambiente político justo e previsível.

A China considera as tarifas de Trump como violações das regras da OMC, prejudiciais ao sistema de comércio multilateral e potencialmente desestabilizadoras para a economia global. Pequim tem adotado medidas retaliatórias e buscado resolver as disputas por meio de canais diplomáticos e institucionais.

 

 

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