O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, defendeu nesta terça-feira (18) a importância do multilateralismo e da construção de um sistema de governança global mais justo e equitativo.
Durante reunião de alto nível do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada na sede da instituição em Nova York, Wang ressaltou o papel da ONU na promoção da paz e do desenvolvimento internacional, especialmente no contexto dos 80 anos de sua fundação.
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Em seu discurso, Wang Yi destacou que, ao longo das últimas oito décadas, o sistema internacional liderado pela ONU tem sido essencial para garantir o progresso humano.
No entanto, ele alertou que o mundo ainda enfrenta desafios como conflitos geopolíticos, crises econômicas e mudanças climáticas. Nesse contexto, o chefe da diplomacia chinesa afirmou que é necessário fortalecer o multilateralismo e promover uma governança global mais inclusiva.
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"Os últimos 80 anos foram um período de avanço acelerado da multipolaridade mundial e da globalização econômica, uma época em que os povos de todo o mundo avançaram juntos e enfrentaram desafios comuns. Apesar de a sociedade humana ter emergido das sombras da Guerra Fria, a paz abrangente e a prosperidade compartilhada ainda são difíceis de alcançar. No terceiro decênio do século XXI, a busca pela paz e pelo desenvolvimento continua sendo uma tarefa árdua e de longo prazo."
Princípios para a governança global
Diante das rápidas transformações globais e da intensificação dos conflitos geopolíticos, Wang destacou a importância de não perder de vista os princípios que nortearam a fundação das Nações Unidas. Em um contexto marcado por crises múltiplas, instabilidade e incertezas, ele defendeu a necessidade de revitalizar o verdadeiro multilateralismo para promover um sistema de governança global mais justo e equitativo.
"Para traçar nosso caminho para o futuro, não devemos esquecer os motivos que nos trouxeram até aqui. Hoje, transformações não vistas em um século estão se acelerando em todo o mundo. Conflitos geopolíticos continuam a se intensificar, crises múltiplas surgem, e a instabilidade e a incerteza se tornam cada vez mais evidentes."
O ministro chinês apresentou quatro princípios fundamentais que, segundo ele, devem orientar a construção de um sistema internacional mais justo:
- Igualdade Soberana: Wang enfatizou que todos os países, independentemente de seu tamanho ou poder econômico, devem ter igualdade de participação nas decisões internacionais. Ele criticou ações unilaterais, como sanções sem autorização do Conselho de Segurança, classificando-as como violações das normas internacionais.
- Equidade e Justiça: O chanceler ressaltou a necessidade de corrigir desigualdades históricas, especialmente em relação aos países do Sul Global. Defendeu ainda a reforma do Conselho de Segurança da ONU para ampliar a representação das nações em desenvolvimento, com destaque para a inclusão da África.
- Solidariedade e Coordenação: Wang apelou para que os países substituam a confrontação pela cooperação, promovendo ações conjuntas para enfrentar os desafios globais. Segundo ele, o Conselho de Segurança deve atuar com espírito de unidade para garantir a paz mundial.
- Ação Efetiva: O diplomata enfatizou que a governança global deve ser pautada por ações concretas, não apenas por discursos. Ele destacou o “Pacto para o Futuro”, aprovado na Cúpula do Futuro em setembro de 2024, como um marco para transformar planos em realizações.
Posições da China em conflitos internacionais
Sobre o Oriente Médio, Wang Yi avaliou que a situação continua frágil e tensa, que Gaza e a Cisjordânia pertencem ao povo palestino e que é essencial promover a solução de dois Estados para alcançar uma paz duradoura.
“A situação no Oriente Médio continua frágil e tensa. Gaza e a Cisjordânia são a terra natal do povo palestino, não uma moeda de troca em negociações políticas. O princípio de que “os palestinos governem a Palestina” é essencial e deve ser seguido na governança de Gaza no pós-conflito. É fundamental defender a solução de dois Estados, buscar uma resolução abrangente, justa e duradoura para a questão palestina e trazer paz e segurança permanentes ao Oriente Médio.”
Em relação à crise na Ucrânia, o ministro ressaltou que o conflito se arrasta há quase três anos, mas que recentemente houve avanços em direção ao diálogo e à negociação. A China apoia todos os esforços em prol da paz e continuará colaborando com outros países, especialmente do Sul Global, para construir consenso e abrir caminho para a resolução pacífica do conflito.
“Desde o início da crise, a China tem defendido uma solução política e incentivado conversas de paz. O país apoia todas as iniciativas que contribuam para a paz. Em consonância com os quatro pontos essenciais propostos pelo presidente Xi Jinping, continuaremos a trabalhar com outros países, especialmente os do Sul Global, para amplificar vozes mais objetivas, equilibradas e racionais, construir consenso para o fim do conflito e abrir caminho para a paz."
Compromisso da China com o multilateralismo
Wang Yi lembrou que a China foi o primeiro país a assinar a Carta da ONU em 1945, marcando sua contribuição histórica para a governança global. Desde a restauração de seu assento legítimo na ONU, o país tem participado ativamente das iniciativas da organização.
“Oitenta anos atrás, representantes chineses foram os primeiros a assinar solenemente a Carta das Nações Unidas, escrevendo, com um pincel de caligrafia chinesa, um capítulo importante na história mundial. Desde a restauração do assento legítimo da República Popular da China na ONU, permanecemos firmes em contribuir para a governança global. A comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, a Iniciativa de Desenvolvimento Global, a Iniciativa de Segurança Global e a Iniciativa de Civilização Global — a visão e as iniciativas apresentadas pelo presidente Xi Jinping representam a proposta da China para a reforma e o aprimoramento da governança global."
O chanceler destacou que a China seguirá promovendo a paz e a segurança internacional, resolvendo disputas por meios pacíficos e apoiando as operações de manutenção da paz da ONU, nas quais os capacetes azuis chineses desempenham papel crucial.
“Como um dos principais países com o melhor histórico em questões de paz e segurança, a China está comprometida em seguir um caminho de desenvolvimento pacífico, resolver disputas e diferenças por meios pacíficos e promover de forma construtiva a resolução de questões delicadas. Os Capacetes Azuis chineses tornaram-se uma força crucial nas operações de manutenção da paz da ONU, mantendo viva a esperança da paz mundial."
Como maior país em desenvolvimento do mundo, a China prioriza o desenvolvimento de alta qualidade, defende uma globalização econômica inclusiva e promove a cooperação no âmbito da Iniciativa do Cinturão e Rota, contribuindo para a prosperidade global.
“A China prioriza o desenvolvimento de alta qualidade e promove uma abertura de alto padrão com determinação firme. Tornou-se o principal parceiro comercial de mais de 150 países e regiões. A China defende uma globalização econômica universalmente benéfica e inclusiva e promove a cooperação da Iniciativa do Cinturão e Rota como parte de sua contribuição para a prosperidade e o desenvolvimento dos países ao redor do mundo."
A China também valoriza a abertura e a inclusão na governança global, respeitando a diversidade cultural e promovendo o diálogo entre civilizações. Como membro fundador da ONU, o país adota o verdadeiro multilateralismo, participando de quase todas as organizações intergovernamentais universais e de mais de 600 convenções internacionais.
“Como uma civilização milenar, a China acredita na harmonia sem uniformidade, abraça a inclusão, respeita a diversidade cultural e defende os valores comuns da humanidade. A China promove intercâmbios, diálogos e a convivência pacífica e harmoniosa entre as civilizações, com uma mente aberta, visando proporcionar um novo impulso ao progresso da civilização humana.”
Ao concluir seu discurso, Wang Yi afirmou que a China, ao trilhar o caminho da modernização, continuará criando oportunidades para o desenvolvimento global. Com a ONU prestes a entrar em seus próximos 80 anos, a China está pronta para trabalhar com todos os países, aprender com a história e construir uma nova era de multilateralismo baseado em equidade e justiça.
“Sustentamos a cooperação multilateral na governança global. Como membro fundador das Nações Unidas, a China lidera ao seguir o verdadeiro multilateralismo. O país é membro de quase todas as organizações intergovernamentais universais e signatário de mais de 600 convenções internacionais e suas emendas. A China apoia o papel central da ONU nos assuntos internacionais e contribui continuamente para a causa da organização.”
Leia aqui o discurso na íntegra (em inglês)