O presidente chinês, Xi Jinping, recebeu o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, em Pequim, nesta sexta-feira (7), e destacou que China e o Brasil são amigos e parceiros que têm a mesma ambição e estão progredindo em conjunto. Este ano completam 50 anos de relações diplomáticas entre as duas nações.
Xi relembrou que, em abril do ano passado, o presidente Lula e ele chegaram a um consenso importante sobre liderar e abrir o novo futuro das relações China-Brasil na nova era. Ele destacou que naquela ocasião foram alcançados importantes consensos para o futuro das relações sino-brasileiras.
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"Com esforços conjuntos no último ano, os dois países aprofundaram continuamente a confiança mútua estratégica, avançaram na cooperação prática e coordenaram-se estreitamente no cenário internacional. Isso não só promoveu o desenvolvimento respectivo, mas também protegeu efetivamente os interesses comuns de todos os países em desenvolvimento", disse Xi.
Durante encontro o Grande Salão do Povo Xi frisou que a China e o Brasil, como duas grandes nações em desenvolvimento e importantes mercados de emergência, têm amplos interesses comuns, e que o relacionamento entre os dois lados é uma demonstração da união e cooperação de todos os países em desenvolvimento.
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Xi lembrou ainda que este ano coincide com o 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, por isso as duas partes devem aproveitar a oportunidade para fortalecer a cooperação em todos os setores.
"A China apoia que o Brasil desempenhe um papel mais relevante na arena internacional e deseja que o país consiga pleno sucesso em realizar a Cúpula do G20 neste ano", completou Xi.
A vice-ministra de Relações Exteriores da China, Hua Chunying, fez registros da missão oficial brasileira à China liderada por Alckmin.
Missão exitosa
O encontro entre Alckmin e Xi foi o último compromisso oficial em Pequim antes do retorno ao Brasil. Durante o encontro, o vice-presidente brasileiro falou sobre o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo governo Lula.
“O presidente Lula lançou o PAC, grande programa de modernização da infraestrutura e tenho certeza de que teremos muitas empresas chinesas trabalhando nesse objetivo”, comentou.
Ao longo da missão oficial, tanto Alckmin quanto os ministros que integraram a comitiva fizeram ampla divulgação do PAC a empresários e a autoridades chinesas, com o intuito de promover integração ainda maior entre Brasil e China.
Na conversa com o presidente chinês, Alckmin destacou o sucesso da missão de quatro dias na China que resultou entre outras coisas, em R$ 24,6 bilhões em concessões de crédito para o Brasil.
Alckmin também fez um balanço da VII Sessão Plenária da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação (Cosban), copresidida por Alckmin, que facilitou a aprovação dos recursos, que serão destinados a obras de infraestrutura, inclusive para a reconstrução do Rio Grande do Sul.
“Concluímos esta missão à China com resultados muito satisfatórios. Garantimos mais de R$ 24,6 bilhões em financiamentos para projetos diversos no Brasil, com foco significativo na reconstrução do Rio Grande do Sul”, afirmou Alckmin.
As plenárias da Cosban, sofisticado mecanismo de negociação bilateral Brasil-China, acontecem a cada dois anos; em 2026, o encontro ocorrerá no Brasil. “As reuniões bienais da Cosban são de grande relevância para manter abertos os canais de diálogo entre os dois governos, permitindo o aprofundamento de nossa parceria em uma vasta gama de projetos”, afirmou o vice-presidente.
Alckmin compartilhou um vídeo sobre a reunião nas suas redes sociais.
O vice-presidente brasileiro lembrou que, nos últimos anos, centenas de milhões de chineses saíram da pobreza, o que é um milagre no mundo, e que a experiência chinesa tem um importante significado de referência para o Brasil.
Alckmin também deu boas-vindas para as empresas chinesas investirem no Brasil e destacou que os dois países devem continuar ampliando as cooperações e promovendo as relações bilaterais, para construir um mundo mais justo, equitativo e sustentável.
Em sua passagem pelo país asiático, o vice-presidente reforçou o compromisso do governo do presidente Lula da Silva com o desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente, ressaltando que o Brasil é um país estável, com economia em expansão e que, recentemente, aprovou reformas como a tributária, que facilitam ainda mais os investimentos no país.
Negócios da China
Entre os empréstimos firmados durante a missão oficial, destacam-se, por exemplo memorando de entendimento (MOU) firmado entre o Ministério da Fazenda e o Banco Asiático de Investimentos e Infraestrutura (AIIB), que garante até R$ 5 bilhões para apoio emergencial ao Rio Grande do Sul, cujo projeto de reconstrução está apenas começando. “Tenho certeza que a reconstrução do estado será maior que a destruição”, afirmou Alckmin.
Outros R$ 4 bilhões em crédito serão concedidos pelo Banco de Desenvolvimento da China (CDB) para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Estes recursos deverão apoiar projetos na área de infraestrutura no Brasil, incluindo projetos relacionados à mudança do clima e à economia verde. CBD e BNDES acordaram também crédito de R$ 3,6 bilhões para ações de investimento do BNDES.
Já o Banco de Exportação e Importação da China (Eximbank) e o Banco do Brasil (BB) assinaram acordo de empréstimo de R$ 2,5 bilhões; estes recursos devem facilitar o comércio e a cooperação bilateral entre Brasil e China.
O BB também firmou acordo com o CDB para linha de crédito de R$ 2,5 bilhões, empréstimo que deve permitir o aprofundamento da cooperação pragmática entre Brasil e China. Fechando a lista de novos investimentos, BNDES e AIIB assinaram carta de intenção para negociação de uma nova linha de crédito, de R$ 1,3 bilhão.
Também durante a missão de Alckmin à China, foi formalizado financiamento de R$ 5,7 bilhões do New Development Bank (NDB), o banco do Brics, para o Rio Grande do Sul. O acordo foi assinado pelo vice-presidente e pela presidenta do NDB, Dilma Rousseff.
Já a Sinovac, conhecida dos brasileiros por produzir a Coronavac, um dos principais imunizantes utilizados no Brasil no combate ao coronavírus, investirá R$ 500 milhões para desenvolver, em conjunto com a Fiocruz, vacinas e imunizante em nosso país.
Entre os negócios fechados por brasileiros na China está o com a maior rede de cafeterias da China, a Luckin Coffee, que vai importar 120 mil toneladas de café brasileiro neste ano, o valor da transação será de cerca de 500 milhões de dólares (2,525 bilhões de reais).
Acupuntura chinesa
A agenda de Alckmin em Pequim incluiu uma visita o Centro de Medicina Tradicional Chinesa para um intercâmbio cultural. O vice-presidente, que é médico e acupunturista, tem interesse na medicina tradicional chinesa por seus conhecimentos milenares e, inclusive, fez uma especialização por dois anos. Ele espera que a tradição milenar se torne um conteúdo especial no intercâmbio cultural entre o Brasil e a China.
Alckmin compartilhou a experiência com as agulhas chinesas pelas redes sociais.
A jornalista chinesa que fala português e trabalha na Rádio China Internacional, Isabela Shi, também falou sobre a visita de Alckmin ao centro de acupuntura na capital chinesa no seu programa Sala de Visitas.
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Agenda do G20 e encontros com empresários
Em sua missão oficial à China, o vice-presidente deu ênfase à agenda do G20 presidida pelo Brasil. Ele citou diversas vezes o compromisso brasileiro com transição energética, segurança alimentar e reforma da governança multilateral. Há sinergia entre Brasil e China na defesa e implementação destes objetivos.
Alckmin manteve também, ao longo da visita à China, encontros com representantes de empresas chinesas se setores como os de energia, automotivo e farmacêutico. Além disso, um número recorde de empresários brasileiros participou de fórum empresarial destinado ao fortalecimento da relação bilateral entre os dois países.
Os seguintes ministros acompanharam o vice-presidente na missão à China: Rui Costa (Casa Civil) Simone Tebet (MPO), Carlos Fávaro (MAPA), Wellington Dias (MDS), Márcio França (MENP) e Paulo Teixeira (MDA), além dos presidentes da ApexBrasil, Jorge Viana, e da ABDI, Ricardo Cappelli.