O presidente chinês, Xi Jinping, encerrou a viagem pela Europa, onde visitou França, Sérvia e Hungria, nesta sexta-feira (10). Esta foi a primeira vez em cinco anos que ele fez viagem oficial a países europeus.
Xi deixou Budapeste nesta sexta-feira e o balanço da viagem aos três países foi a injeção de ímpeto nas relações China-Europa para a construção de um mundo multipolar e em busca de estabilidade global.
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No evento de despedida em Budapeste, capital húngara, Xi afirmou que a China tem avançado na grande revitalização da nação chinesa em todas as frentes por meio da modernização chinesa, e o desenvolvimento de alta qualidade e abertura. Ele ressaltou ainda que as relações China e Europa têm perspectivas brilhantes para o desenvolvimento.
Parceira estratégica, futuro compartilhado e cooperação
Nesta quinta-feira (9), China e Hungria decidiram elevar as relações bilaterais para uma parceria estratégica abrangente de todos os climas para a nova era.
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Para enriquecer a nova relação, as duas partes estão comprometidas em aumentar a sinergia entre a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, da sigla em inglês) e a política de "Abertura Oriental" da Hungria, disse uma declaração conjunta divulgada após a reunião de Xi com o primeiro-ministro húngaro Viktor Órban.
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Na Sérvia, Xi foi recebido por milhares de sérvios em Belgrado. Com o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, assinou uma declaração conjunta sobre a construção de uma comunidade China-Sérvia com um futuro compartilhado na nova era, tornando a Sérvia o primeiro país europeu a construir tal comunidade com a China. Na declaração conjunta, os dois países decidiram aprofundar e elevar a parceria estratégica abrangente China-Sérvia.
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No seu primeiro dia na França, o presidente Xi disse durante uma reunião trilateral em Paris com o presidente francês Emmanuel Macron e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que a cooperação China-UE é "complementar e mutuamente benéfica" em essência.
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Construindo confiança
Apesar da definição da União Europeia sobre a China como "um parceiro para cooperação, um concorrente econômico e um rival sistêmico" e das vozes que pedem a redução de riscos, uma versão mais suave da retórica de "desacoplamento" dos EUA, a viagem do presidente Xi à Europa foi precedida por uma série de visitas de líderes europeus à China este ano.
O chanceler alemão Olaf Scholz esteve na China em abril; o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, em março; e o primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, em janeiro.
O presidente sérvio Vucic e o primeiro-ministro húngaro Orban ambos participaram do terceiro Fórum Cinturão e Rota para Cooperação Internacional quando realizaram conversas bilaterais com o presidente Xi, em outubro de 2023.
O que dizem os especialistas
O jornal chinês Global Times consultou vários especialistas europeus e chineses sobre o impacto da visita de Xi Jinping aos três países europeus esta semana.
O diretor de análise política do think tank político Szazadveg Foundation, disse Zoltan Kiszelly, baseado em Budapeste, na Hungria, avalia que a parceria estratégia entre Hungria e China pode gerar uma atmosfera e base sólidas para um ambiente de investimento seguro a longo prazo.
"Em um mundo ofuscado pela ameaça do protecionismo e desacoplamento econômico disfarçado de redução de riscos, a cooperação econômica e comercial precisa de uma atmosfera circundante de confiança e respeito mútuo", comentou Kiszelly.
Da Sérvia, o presidente do Fórum de Belgrado para um Mundo de Iguais, Zivadin Jovanovic, que foi ministro das Relações Exteriores da extinta Iugoslávia entre 1998 e 2000, avaliou que a visita do presidente Xi à Europa representa a continuidade do diálogo de mais alto nível e expressão de um interesse mútuo em reforçar a parceria estratégica Europa-China e a cooperação.
"As visitas à França, Sérvia e Hungria, bem como a reunião tripartite entre Xi, Macron e a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, levaram à conclusão de muitos novos acordos para cooperação futura e à remoção de barreiras desnecessárias", disse Jovanovic.
Houve vozes na mídia ocidental dizendo que o impulso da China em suas relações com a Europa visa minar a relação transatlântica entre Europa e EUA e até mesmo minar a União Europeia.
"Não há conflito fundamental de interesses entre China e Europa. Para a Europa, o verdadeiro risco seria prescindir da China", rebateu o especialista do Instituto Schiller, na França, Sébastien Périmony.
Périmony acrescentou que é óbvio para qualquer pessoa racional que a única solução para os problemas de hoje está em um mundo multipolar baseado no conceito de desenvolvimento mútuo, com novos acordos em vigor para uma arquitetura de segurança e estratégias de crescimento ganha-ganha para todas as nações do mundo.
Especialistas chineses observaram que, à medida que é intensificada a competição entre grandes potências e a rivalidade geopolítica abalam a ordem global existente, a importância das relações China-Europa cresce, assim como a complexidade dessa relação.
O diretor e professor titular do Centro de Estudos da União Europeia, Universidade de Estudos Internacionais de Xangai, Xin Hua, comentou que essa mentalidade subestima os interesses da Europa.
"A China e a Europa precisam uma da outra. Em certo sentido, a Europa precisa da China para contrabalançar os EUA, dadas as contradições e divergências entre Europa e EUA. A Europa não fechará suas portas para desenvolver relações com a China", disse Xin.
O pesquisador do Instituto de Estudos Europeus da Academia Chinesa de Ciências Sociais, He Zhigao, acredita que se a China e a Europa trabalharem juntas, o confronto entre campos, a política de blocos e uma nova Guerra Fria não surgirão, e isso está relacionado ao futuro de uma multipolaridade igual e ordenada.
"Da perspectiva do desenvolvimento econômico global, se a China e a Europa trabalharem juntas para se desenvolver, o protecionismo, o desacoplamento e a redução de riscos não acontecerão. Isso está relacionado ao futuro de uma globalização inclusiva", disse He.