"Sem progresso significa regressão", diz um provérbio chinês. Este foi o espírito da conversa entre o presidente da China, Xi Jinping, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, nesta sexta-feira (26), em Pequim.
Xi enfatizou que esse ditado popular da China se aplica às relações bilaterais entre as duas maiores economias do mundo, que neste ano completam 45 anos e cuja tendência de estabilidade não tem percorrido um caminho tranquilo.
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O presidente chinês expressou que está feliz em ver um Estados Unidos confiante, aberto, próspero e em crescimento, e espera que o país também possa olhar para o desenvolvimento da China de forma positiva.
"Esta é uma questão fundamental que deve ser abordada, assim como o primeiro botão de uma camisa que deve ser ajustado corretamente, para que a relação entre China e Estados Unidos verdadeiramente se estabilize, melhore e avance", disse.
A expectativa de Xi é de que os dois países sigam o trabalho ativo para concretizar a visão de São Francisco, forjada durante o encontro entre ele e o presidente dos EUA, Joe Biden, na cidade do estado da Califórnia em novembro de 2023.
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O líder chinês relembrou que em sua reunião com Biden, ele propôs cinco pilares para as relações entre China e Estados Unidos:
- desenvolver conjuntamente uma percepção correta,
- gerenciar efetivamente as discordâncias,
- avançar mutuamente em cooperação benéfica,
- assumir responsabilidades como países grandes e
- promover intercâmbios entre pessoas.
Xi comentou que esses cinco pontos devem servir como o suporte para a mansão das relações China-EUA. Quando os princípios gerais são estabelecidos, questões específicas se tornam mais fáceis de abordar, enfatizou.
"A China está disposta a cooperar, mas a cooperação deve ser de mão dupla. A China não teme a competição, mas a competição deve ser sobre progredir juntos em vez de jogar um jogo de soma zero. A China está comprometida com a não-aliança, e os EUA não devem criar pequenos blocos", afirmou Xi.
O presidente chinês sublinhou que, embora cada lado possa ter seus amigos e parceiros, não deve visar, opor-se ou prejudicar o outro.
Avanço difícil das relações sino-estadunidenses
Desde a reunião entre Xi e Biden, autoridades dos dois lados tentam achar uma forma para estabilizar, melhorar e avançar nas relações bilaterais.
No encontro entre o presidente chinês e Blinken, no Grande Salão do Povo, na capital nacional chinesa, Xi fez um resumo dos desafios das relações sino-estadunidenses nessas quatro décadas e meia.
"Ao longo dos últimos 45 anos, a relação passou por altos e baixos, e os dois lados podem tirar algumas lições importantes: a China e os Estados Unidos devem ser parceiros em vez de rivais; ajudar um ao outro a ter sucesso em vez de se prejudicarem; buscar pontos em comum e reservar diferenças em vez de se envolverem em competição feroz; e honrar palavras com ações em vez de dizer uma coisa e fazer outra", pontuou Xi.
O presidente chinês propôs o respeito mútuo, a coexistência pacífica e a cooperação mutuamente benéfica como os três princípios principais para a relação. "São lições aprendidas do passado e um guia para o futuro", ressaltou.
Xi enfatizou que em sua ligação telefônica com Biden, há três semanas, ele compartilhou seus pensamentos sobre como estabilizar e desenvolver as relações entre China e Estados Unidos em 2024.
Na ocasião, o presidente chinês destacou que os dois lados devem valorizar a paz, priorizar a estabilidade e manter a credibilidade. "Os detalhes mais finos se encaixarão quando estiverem alinhados com o quadro geral", destacou.
Laços em construção
Blinken observou que desde que os presidentes Biden e Xi se encontraram em São Francisco, os Estados Unidos e a China fizeram progressos significativos em sua cooperação em áreas como interações bilaterais, combate ao narcotráfico, inteligência artificial e intercâmbio entre pessoas.
"A multiplicidade e a complexidade dos desafios que o mundo enfrenta exigem que os Estados Unidos e a China trabalhem juntos", destacou Blinken.
O secretário de Estado dos EUA comentou ainda que a comunidade estadunidense na China, de todos os setores da vida, que ele conheceu durante essa visita expressou a esperança de ver as relações entre os Estados Unidos e a China melhorarem.
"Os Estados Unidos não buscam uma nova Guerra Fria, não buscam mudar o sistema da China, não buscam suprimir o desenvolvimento da China, não buscam revitalizar suas alianças contra a China e não têm intenção de entrar em conflito com a China. Os Estados Unidos aderem à política de uma China", destacou Blinken.
Blinken comentou ainda que Washington espera manter comunicação com o lado chinês, seguir adiante com o que os dois presidentes concordaram em São Francisco, buscar mais cooperação, evitar mal-entendidos e cálculos equivocados, gerenciar responsavelmente as diferenças e alcançar um desenvolvimento estável das relações entre os Estados Unidos e a China.
Futuro compartilhado
Xi observou também que o mundo de hoje passa por uma transformação não vista em um século e a maneira de responder a essa mudança é uma questão dos tempos e do mundo.
Para Xi, a resposta está em construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, que se tornou uma bandeira da política externa da China e foi bem recebida por muitos países.
O presidente chinês observou que o planeta Terra é apenas esse grande, e a humanidade enfrenta desafios comuns.
"Como diz um antigo provérbio chinês, 'Os passageiros no mesmo barco devem se ajudar.' Hoje, os habitantes do mesmo planeta devem se ajudar. Vivemos em um mundo interdependente e subimos e caímos juntos. Com seus interesses profundamente entrelaçados, todos os países precisam construir o máximo consenso para resultados de ganha-ganha e todos-ganham. Este é o ponto de partida básico para a China ver o mundo e as relações China-EUA", destacou Xi.
O presidente chinês enfatizou sua visão de que os países grandes devem se comportar de maneira condizente com seu status e agir com grandeza de espírito e senso de responsabilidade.
Para Xi, China e Estados Unidos devem dar o exemplo nesse sentido, assumir responsabilidades pela paz mundial, criar oportunidades para o desenvolvimento de todos os países, fornecer bens públicos ao mundo e desempenhar um papel positivo na promoção da unidade global.