Os fabricantes estatais de aeronaves militares da China participaram do World Defence Show, realizado em Riad, capital da Arábia Saudita, para mostrar a mais recente tecnologia com expectativa de aumentar as exportações de equipamentos militares para a região do Oriente Médio.
Um dos equipamentos que mais chamou a atenção no evento realizado entre os dias 4 e 8 de fevereiro foi um modelo da FC-31, o mais novo caça de quinta geração da China construído pela Aviation Industry Corporation of China (Avic) e pela China National Aero-Technology Import and Export Corporation (Catic).
Te podría interesar
O jato é projetado para uso em porta-aviões e ainda está em fase de desenvolvimento, mas seus fabricantes o veem como um potencial rival dos jatos dos EUA de quinta geração, as aeronaves de escolha para muitos países da região.
Caos abre mercado
A ameaça de um conflito regional mais amplo poderia encorajar os países do Oriente Médio a expandir suas forças de caça. Mas não será fácil para a China colocar em prática a tentativa de acabar com o domínio dos EUA e a concorrência feroz de outros fornecedores.
Te podría interesar
Os caças FC-31 apresentam tecnologia furtiva e são conhecidos como o equivalente chinês do caça de quinta geração da Lockheed Martin, o F-35.
Embora o F-35 tenha uma velocidade máxima menor do que o FC-31 – a 1,6 Mach versus 1,8 Mach – considera-se que tem uma faixa de combate mais longa de 1.240 km (770 milhas) em comparação com os 1.207 km do jato chinês (750 milhas).
A exibição das mais recentes aeronaves da China no World Defence Show coincide com os países do Oriente Médio que buscam expandir suas capacidades de força aérea diante dos crescentes conflitos regionais na Faixa de Gaza e no Mar Vermelho.
EUA são principais fornecedores de armas para o Oriente Médio
O Oriente Médio mantém vínculos sólidos com os fabricantes de armas dos Estados Unidos, com Lockheed Martin e Boeing marcando presença proeminente na feira de defesa.
De acordo com o mais recente relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), aproximadamente 41% das exportações de armas dos EUA foram destinadas à região entre 2018 e 2022.
Durante a gestão de Donald Trump, os Emirados Árabes Unidos firmaram um acordo com os EUA para adquirir 50 caças F-35, em troca do estabelecimento de laços diplomáticos com Israel, único país do Oriente Médio a operar essa aeronave de combate.
Entretanto, o acordo foi suspenso após a posse do presidente Joe Biden em 2021, devido às relações dos Emirados Árabes Unidos com a China e preocupações sobre vazamentos de segredos tecnológicos.
À medida que as restrições de exportação dos EUA estabelecem padrões mais elevados para aquisição do F-35, os países do Oriente Médio têm explorado outros fornecedores de armas, incluindo a China, para atender às suas necessidades na região.
FC-31 X F-35
Analistas militares ouvidos pelo jornal chinês sediado em Hong Kong SCMP avaliam que os caças chineses FC-31 vão competir contra o F-35, dos EUA; os Sukhois, da Rússia; e os KAAN, da Turquia.
O principal concorrente das aeronaves militares chinesas são os F-35. Os FC-31 são uma possibilidade de acesso a uma plataforma moderna de quinta geração para nações que, de outra forma, não seriam capazes de arcar, ou ser autorizadas, a importar os modelos estadunidenses.
A maioria dos países do Oriente Médio opera frotas de quarta geração e precisa realizar uma transição rápida para plataformas de quinta geração para se manter atualizada e melhorar a capacidade de sobrevivência de suas aeronaves contra as defesas aéreas modernas e integradas, observam os analistas.
No entanto, a introdução de uma plataforma furtiva chinesa ou russa poderia ser prejudicial para os importadores, pois provavelmente geraria tensões nas relações com os EUA e impediria o acesso a outros equipamentos avançados.
As principais nações do Oriente Médio adquiriram defesa aérea avançada e infraestrutura dos EUA, enquanto operam quase exclusivamente com caças estadunidenses.
Caso optem por comprar aeronaves chinesas, correm o risco de conflitos com os EUA, o que, por sua vez, poderia resultar em sanções. Isso seria prejudicial para seus equipamentos atuais ou planos de modernização.
A China tem mais chances de atender países como o Paquistão e Iraque, que têm relações menos sólidas com os EUA. Já países como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egito dependem significativamente do equipamento estadunidense, o que torna mais difícil a transição para uma plataforma avançada de uma nação adversária, independentemente de sua eficiência ou custo.