PEÃO DE WASHINGTON

EUA mandam porta-aviões à Argentina, em "mensagem" à China

Javier Milei é o peão de Washington para desmantelar integração pregada pelo Brasil

Rendição.Milei se rendeu ao Ocidente, o que exige afastamento do Brasil e da ChinaCréditos: Wikipedia e reprodução X
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Pela primeira vez desde 2010, a Argentina vai receber em maio o porta-aviões USS George Washington, que comanda a Sétima Frota dos Estados Unidos baseada no Japão.

A informação foi divulgada pelo diário Clarín.

De acordo com o jornal, trata-se de mais um gesto dos Estados Unidos para enfrentar a crescente influência da China na América do Sul.

Sob Javier Milei, a Argentina se tornará uma peão de Washington para atrapalhar os planos de integração continental apoiados sobretudo pelo Brasil.

Recentemente, depois de ser aceita nos BRICs, por indicação do Brasil, a Argentina voltou atrás e desistiu de aderir ao bloco.

Nesta semana, com apoio dos Estados Unidos, o Fundo Monetário Internacional concedeu empréstimo de U$ 3,7 bilhões para dar sustentação econômica ao governo de Milei.

O BRICs Plus, agora integrado por China, Rússia, Brasil, África do Sul, Índia, Egito, Arábia Saudita, Irã, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, dispõe de seu próprio banco, sob comando da ex-presidenta Dilma Rousseff.

Os integrantes do bloco planejam realizar trocas comerciais utilizando suas moedas locais, o que já está acontecendo de maneira bilateral.

Os Estados Unidos usam o dólar para manter sua hegemonia planetária, além de instituições multilaterais que controlam, como o Banco Mundial e o FMI.

Também controlam a Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (Sociedade para Telecomunicação Financeira Mundial Interbancária), conhecida por SWIFT, através da qual são feitas transações internacionais.

O pagamento de uma conta em Nova York com um cartão de crédito emitido no Brasil só é possível graças ao SWIFT.

Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, foi excluída do SWIFT.

Como a maioria dos países recorre parcialmente a títulos emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos para acumular reservas, em caso de sanções internacionais eles ficam sujeitos a decisões tomadas em Washington.

Hoje os Estados Unidos aplicam sanções contra centenas de indivíduos, organizações e países, dentre os quais Cuba, Rússia, Irã, Síria e Coreia do Norte.

Os EUA podem emitir dólares à vontade e com isso, ainda que indiretamente, acabam condicionando a vida econômica em quase todo o planeta.

Países que estavam sob algum tipo de sanção dos EUA em 2023

PARCEIRO PRIVILEGIADO

Desde que assumiram a hegemonia, depois da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos privilegiam alguns países em suas relações bilaterais, como Israel e o Reino Unido.

A Argentina sob Javier Milei assumiu este papel, que herdou da Colômbia, hoje governada pelo esquerdista Gustavo Petro.

Em recente viagem a Davos, Milei encontrou-se com o ministro das relações exteriores do Reino Unido, David Cameron, representante de um país que trava uma disputa internacional com a Argentina pelas ilhas Malvinas.

De acordo com o diário Daily Express, Londres pretende dar ajuda econômica à Argentina em troca de colocar a questão das Malvinas em segundo plano.

Aparentemente, os EUA estão triangulando sua relação com a Argentina através do Reino Unido por conta dos elogios que Milei fez a Donald Trump, provável adversário de Joe Biden nas eleições de 2024.

Mas um encontro entre Biden e Milei ainda este ano não está descartado.

Antes de se eleger, Milei falou em acabar com as relações comerciais com o Brasil e a China, dois dos principais parceiros de Buenos Aires.

A chanceler Diana Mondino, numa óbvia provocação, recebeu em audiência o representante comercial de Taiwan em Buenos Aires.

A China, então, cancelou um empréstimo que havia acordado com o ex-presidente Alberto Fernandez e ameaçou substituir o trigo, a soja e a carne que compra da Argentina por produtos do Brasil e do Uruguai.

A China considera Taiwan uma província e tem como meta a reunificação da ilha, que sobrevive do apoio recebido dos EUA.

Em abril deste ano, o navio USCGC Stone, da Guarda Costeira dos Estados Unidos, fará exercícios na Argentina supostamente para combater a pesca ilegal.

Para garantir uma presença militar na região da Tríplice Fronteira -- entre Brasil, Argentina e Paraguai -- funcionários dos EUA já fizeram alertas no passado sobre a atuação de "terroristas" ligados ao Hezbollah, mas nunca apresentaram provas.

Eles também expressaram desgosto com a parceria entre China e Argentina para a construção de um observatório espacial na província de Neuquén. Ele começou a funcionar em 2018, como parte de um acordo de 50 anos de duração.

Os chineses dizem que a base foi essencial para permitir o pouso de uma nave no lado escuro da lua.

Como o lado chinês no projeto é representado por uma divisão da Força de Apoio Estratégico do Exército Popular da China, as suspeitas sem provas espalhadas na Argentina falam que a base pode ter utilidade em guerra espacial, cibernética e eletrônica.

O porta-aviões que vai visitar a Argentina depois de um hiato de 14 anos, o George Washington, foi recentemente reformado e pode levar a bordo um avião de reabastecimento que dá autonomia de 800 quilômetros para os caças que carrega.

Por isso, em eventual guerra no estreito de Taiwan, o porta-aviões muito provavelmente seria utilizado -- um detalhe que não escapou aos analistas.