CHINA EM FOCO

China vai para cima de empresas e executivos dos EUA por venda de armas a Taiwan

Potência asiática anunciou sanções contra 13 companhias e 6 dirigentes que insistem em comercializar armamentos para o território insular chinês

China anuncia medidas contra EUA por venda de armas a Taiwan..Parede rachada com desenhos das bandeiras da China, Taiwan e EUA.Créditos: Shutterstock
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A China respondeu às vendas de armas dos EUA à Taiwan com duras medidas contra 13 empresas militares e seis altos executivos. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (5) pelo Ministério das Relações Exteriores chinês.

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Durante coletiva regular de imprensa da diplomacia chinesa, o porta-voz Lin Jian explicou que a questão de Taiwan está no centro dos interesses fundamentais da China. Ele comentou que nos últimos meses, os EUA anunciaram múltiplas vendas de armas para a a ilha chinesa

O porta-voz ressaltou que essas vendas violam gravemente o princípio de Uma só China e os Três Comunicados Conjuntos entre China e EUA, interfere nos assuntos internos da China e prejudica a soberania e a integridade territorial do país.

Ele citou que, de acordo com a Lei Anti-Sanções Estrangeiras da República Popular da China, o país asiático decidiu adotar contramedidas contra as empresas militares e os executivos seniores dos EUA envolvidos", afirmou.

"Gostaria de enfatizar que a 'independência de Taiwan' é tão incompatível com a paz no Estreito de Taiwan quanto o fogo com a água. As tentativas dos EUA de apoiar a agenda de 'independência de Taiwan' por meio do armamento de Taiwan não abalarão nossa firme determinação de se opor à 'independência de Taiwan' e de realizar a reunificação nacional. Essas ações apenas empurrarão Taiwan para um perigo militar", destacou.

Lin informou ainda que a China insta os EUA a respeitar o princípio de uma só China e os três comunicados conjuntos China-EUA, especialmente o Comunicado de 17 de agosto de 1982 (leia abaixo), a cumprir o compromisso dos líderes dos EUA de não apoiar a “independência de Taiwan,” a cessar imediatamente o fornecimento de armas a Taiwan e a parar de ajudar e fomentar a tentativa de separatistas de buscar a “independência de Taiwan” por meio de um aumento militar.

Medidas contra empresas e executivos dos EUA

A medida da China determina o congelamento de propriedades móveis e imóveis, além de outros tipos de ativos e a proibição de atividades como comércio e cooperação com organizações e indivíduos no país e atinge 13 empresas dos EUA:

  • Teledyne Brown Engineering
  • BRINC Drones
  • Rapid Flight LLC
  • Red Six Solutions
  • Shield AI, SYNEXXUS
  • Firestorm Labs
  • Kratos Unmanned Aerial Systems
  • HavocAI
  • Neros Technologies
  • Cyberlux Corporation
  • Domo Tactical Communications
  • Group W.

Já contra os seis altos executivos de empresas que vendem armas para Taiwan a medida determina o congelamento de seus ativos ativos móveis e imóveis no país; a proibição de atividades comerciais e de cooperação com entidades chinesas; e a negativa de vistos ou entrada na China, incluindo Hong Kong e Macau. Os indivíduos atingidos são:

  • Barbara Borgonovi (presidenta da unidade de negócios estratégicos de Naval Power da Raytheon)
  • Gerard Hueber (vice-presidente da unidade de negócios estratégicos de Naval Power da Raytheon)
  • Charles Woodburn (CEO da BAE Systems Land and Armament)
  • Richard D. Crawford (fundador e CEO da Alliant Techsystems Operation)
  • Beth Edler (presidenta da Data Link Solutions)
  • Blake Resnick (fundador e CEO da BRINC Drones)

Essas medidas entram em vigor a partir desta quinta-feira e refletem o esforço da China para proteger sua soberania e reforçar sua oposição a interferências externas em assuntos internos, especialmente relacionados a Taiwan.

Os Três Comunicados Conjuntos entre a China e os Estados Unidos

Os Três Comunicados Conjuntos entre a China e os Estados Unidos são documentos fundamentais que estabeleceram as bases para a normalização das relações bilaterais entre os dois países. Eles foram assinados em 1972, 1979 e 1982, respectivamente, e abordam questões cruciais, especialmente a política de "Uma Só China" e o status de Taiwan.

1. Primeiro Comunicado Conjunto (1972): Conhecido como o Comunicado de Xangai, foi emitido em 28 de fevereiro de 1972, durante a visita do presidente Richard Nixon à China. Neste documento, os EUA reconheceram que "todos os chineses de ambos os lados do Estreito de Taiwan mantêm que há apenas uma China e que Taiwan é parte da China". Os EUA declararam que não contestariam essa posição e reafirmaram seu interesse em uma solução pacífica para a questão de Taiwan.

2. Segundo Comunicado Conjunto (1979): Intitulado Comunicado Conjunto sobre o Estabelecimento de Relações Diplomáticas, foi emitido em 1º de janeiro de 1979. Neste comunicado, os EUA reconheceram o governo da República Popular da China como o único governo legítimo da China e afirmaram que Taiwan faz parte da China. Consequentemente, os EUA encerraram relações oficiais com Taiwan, mantendo apenas laços não oficiais.

3. Terceiro Comunicado Conjunto (1982): Conhecido como o Comunicado de 17 de Agosto, foi emitido em 17 de agosto de 1982. Neste documento, os EUA declararam que não buscariam implementar uma política de vendas de armas a Taiwan a longo prazo e que pretendiam reduzir gradualmente suas vendas de armas para Taiwan, com a condição de que a situação na região evoluísse de maneira pacífica.

Esses comunicados são pilares das relações sino-estadunidenses e estabelecem o entendimento mútuo sobre a política de "Uma Só China" e o tratamento da questão de Taiwan.

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