Nesta segunda-feira (20), o governo chinês reiterou sua firme oposição à "independência de Taiwan" e enfatizou sua posição inflexível contra qualquer forma de atividades separatistas, após o discurso de posse de Lai Ching-te, o novo líder da região de Taiwan.
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Lai e a vice-líder regional Hsiao Bi-khim assumiram oficialmente seus cargos nesta segunda. Durante o discurso de posse, Lai referiu-se à ilha como uma "nação", falou sobre o sistema político e a "liberdade" da ilha, e destacou a suposta "intimidação" política e militar da China continental.
O porta-voz do Gabinete de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado do governo chinês, Chen Binhua, disse em um comunicado que o discurso de Lai seguiu teimosamente a postura de "independência de Taiwan", advogou abertamente o separatismo, incitou a confrontação entre os dois lados do Estreito e buscou a independência confiando no apoio estrangeiro e pela força.
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"A aspiração pública dominante na ilha favorece a paz em vez da guerra, o desenvolvimento em vez da regressão, a comunicação em vez da separação e a cooperação em vez da confrontação. No entanto, Lai ignora esse sentimento e vai contra a maré, emitindo sinais perigosos de provocação separatista. Isso perturba a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan e expõe plenamente sua natureza de 'trabalhador pela independência de Taiwan'", disse Chen.
"Nunca toleraremos ou permitiremos qualquer forma de atividades separatistas que busquem a 'independência de Taiwan'", disse Chen, enfatizando que Taiwan é uma parte inalienável da China e que "independência de Taiwan" e paz no Estreito são incompatíveis como fogo e água.
"Nossa determinação para resolver a questão de Taiwan e realizar a reunificação nacional é sólida como uma rocha, nossa capacidade de salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial é inabalável, e nossas ações para combater as atividades separatistas de 'independência de Taiwan' e a interferência externa são resolutas e poderosas", destacou Chen.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, também enfatizou em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira que "a 'independência de Taiwan' é um beco sem saída. Independentemente do pretexto ou bandeira que use, qualquer tentativa de promover o secessionismo da 'independência de Taiwan' está condenada ao fracasso."
Discurso de Lai omite princípio 'Uma Só China'
O discurso de Lai, que omitiu a menção ao princípio de Uma Só China e ao Consenso de 1992, revelou mais uma vez sua postura inflexível de confiar nos EUA e em forças externas para buscar a "independência de Taiwan".
Apesar da retórica de Lai de "buscar a paz", que visava enganar tanto o povo da ilha de Taiwan quanto a comunidade internacional, sua postura secessionista e suas ações levariam a ilha à instabilidade, disseram analistas.
O discurso de Lai levantou preocupações dentro da ilha de Taiwan. O TAIEX, índice de referência da bolsa de valores de Taiwan, caiu durante o discurso de posse de Lai, o que alguns analistas disseram refletir a baixa confiança da sociedade taiwanesa no novo líder regional.
Hsiao Hsu-tsen, diretor da Fundação de Cultura e Educação Ma Ying-jeou, disse em um comunicado que o discurso de Lai, que se referiu à ilha como "uma nação" e viu a China continental como um "país estrangeiro", é uma nova retórica de "dois estados". Para ele, trata-se de "uma provocação flagrante" e as relações entre os dois lados do Estreito cairão em uma "situação extremamente perigosa".
Incorreções históricas do discurso de Lai
O secretário-geral do Fórum pela Paz no Estreito, Wang Wu-lang, disse ao Global Times que, apesar do uso deliberado de uma linguagem direta por parte de Lai para se conectar com seu público, seu discurso estava repleto de imprecisões históricas alarmantes e conceitos constitucionais e legais deturpados.
"A ausência de qualquer sentimento em relação à nação chinesa indicou que o discurso essencialmente endossou a perspectiva separatista da chamada retórica de "uma China, uma Taiwan", revelando a postura de "independência de Taiwan" de Lai sem muito disfarce, disse Wang.
Sobre a questão das trocas entre os dois lados do Estreito, Lai usou deliberadamente o termo "sob os princípios de paridade", implicando certas limitações nessas trocas e uma abordagem que inclinava mais para a cautela do que para a abertura, disse Wang Wu-lang, observando que Lai provavelmente adotará mais medidas regulatórias preventivas das perspectivas de "segurança" e "defesa" nas trocas entre os dois lados do Estreito.
Além disso, o DPP está pronto para depender cada vez mais do envolvimento dos EUA, Japão e de algumas potências ocidentais. Ao adotar a estratégia de "internacionalizar a questão de Taiwan", eles continuarão no caminho de rejeitar a reunificação, resistir ao continente e buscar a independência com o apoio dos EUA, afirmou Wang.
Futuro do Estreito
O futuro das relações econômicas e comerciais através do Estreito não parece promissor, dado o forte confronto de Lai em relação ao continente, observou Wang Jianmin,v um especialista sênior em questões entre os dois lados do Estreito da Universidade Normal de Minnan, em Fujian, ao Global Times.
"As tentativas do DPP de buscar o 'desacoplamento' econômico entre o continente e Taiwan e seu difamação irracional do continente provavelmente permanecerão inalteradas. Como resultado, as relações econômicas e comerciais entre os dois lados do Estreito podem continuar difíceis, com a possibilidade de deterioração em meio aos riscos crescentes", disse Wang.
Papel dos EUA na questão de Taiwan
Lai provavelmente continuará a abordagem de Tsai Ing-wen de colaborar com a "Estratégia Indo-Pacífica" dos EUA para conter o continente chinês e manter um status de confronto entre os dois lados do Estreito, avaliou Wu Jung-yuan.
Com Lai assumindo o cargo, os EUA podem aprofundar suas "relações substanciais" com a ilha de Taiwan. No entanto, essas relações geralmente são simbólicas e de curta duração, disse Wu.
Na segunda-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, parabenizou Lai e disse estar ansioso para trabalhar com ele, informou a Reuters.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, destacou que o princípio de Uma Só China é um consenso amplamente reconhecido na comunidade internacional e uma norma fundamental nas relações internacionais. A grande maioria dos países e organizações internacionais apoia firmemente o governo e o povo chineses na causa justa contra o separatismo e pela reunificação.
"Alguns políticos de poucos países se envolvem em manipulações políticas e shows pessoais sobre a questão de Taiwan, interferindo gravemente nos assuntos internos da China e violando o princípio de uma só China. A China condena fortemente tais ações e tomará todas as medidas necessárias para salvaguardar firmemente a soberania nacional e a integridade territorial", disse Wang.
O porta-voz da diplomacia chinesa enfatizou ainda que as forças externas que interferem nos assuntos internos da China e apoiam a "independência de Taiwan" não têm saída, e qualquer tentativa de conter a China usando Taiwan está condenada ao fracasso.
"Somos firmemente contra qualquer interação oficial entre os EUA e a ilha de Taiwan em qualquer forma e condenamos fortemente a interferência dos EUA nos assuntos de Taiwan sob qualquer pretexto", ressaltou Chen em um segundo comunicado na segunda-feira.
Resposta de Pequim a Washington
Também nesta segunda-feira, a China adicionou três empresas dos EUA, incluindo Boeing Defense, Space & Security, General Atomics Aeronautical Systems e General Dynamics Land Systems, à lista de entidades não confiáveis após venderem armas para a ilha de Taiwan.
Essas empresas serão proibidas de realizar atividades de importação ou exportação relacionadas à China e estão proibidas de fazer novos investimentos na China.
Executivos seniores das empresas estão proibidos de entrar na China, enquanto suas autorizações de trabalho serão revogadas, junto com seus status de visitante e residencial, e qualquer solicitação relacionada não será aprovada, disse o Ministério do Comércio em um comunicado.
As ações do Ministério do Comércio sublinham a posição resoluta da China em combater quaisquer esforços que visem promover a "independência de Taiwan". Além disso, quaisquer entidades ou grupos dos EUA que se alinhem com atos separatistas em Taiwan para minar os interesses fundamentais da China inevitavelmente provocarão ações retaliatórias da China, disse Li Haidong, professor da Universidade de Assuntos Exteriores da China.
Agora no cargo, Lai possivelmente se alinhará estreitamente com os EUA, assumindo voluntariamente o papel de marionete e servindo aos interesses estadunidenses. Suas políticas em relação ao Estreito de Taiwan, ditadas pelas preferências americanas, aumentarão as tensões e prejudicarão os interesses das pessoas de ambos os lados do Estreito, disse Li.
Li observou que, ao abraçar seu papel de marionete dos EUA, Lai perde a capacidade de levar a ilha de Taiwan à paz, prosperidade e estabilidade. Em vez disso, a ilha corre o risco de cair em uma situação de crise, confusão e instabilidade.
Wu também observou que, à medida que os EUA persistem em apertar o controle sobre Taiwan para sua própria agenda, muitas vezes às custas do povo de Taiwan, os indivíduos na ilha estão gradualmente despertando para a verdadeira natureza da hegemonia americana.
As pessoas na ilha estão começando a entender que "a unidade traz prosperidade, enquanto buscar a 'independência de Taiwan' leva a um beco sem saída, e confiar em potências externas é algo não confiável", disse Wu.
Com informações do Global Times