CHINA EM FOCO

O próximo grande salto: China anuncia mega projeto hidrelétrico

Potência asiática aprova construção de barragem três vezes maior que a icônica Três Gargantas

China anuncia mega projeto hidrelétrico.China deu luz verde para a construção de um projeto hidrelétrico no trecho inferior do Rio Yarlung Zangbo, localizado no Tibete.Créditos: VCG
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A China deu luz verde para a construção de um ambicioso projeto hidrelétrico no trecho inferior do Rio Yarlung Zangbo, prometendo redefinir os padrões globais de geração de energia renovável.

De acordo com o anúncio oficial feito na quarta-feira (25), a nova barragem terá capacidade de gerar impressionantes 300 bilhões de kWh por ano, superando em três vezes a capacidade da atual maior usina hidrelétrica do mundo, a icônica Barragem das Três Gargantas.

Xinhua - Hidrelétrica Três Gargantas, a maior do mundo

Preocupações regionais e garantia de responsabilidade

Durante a coletiva de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da China na sexta-feira (27), a porta-voz Mao Ning comentou sobre o impacto e a escolha da região para o projeto.

A barragem será construída em uma das áreas mais ecologicamente sensíveis do mundo, o que gerou preocupações significativas nos países vizinhos. Índia e Bangladesh, localizados a jusante (direção em que a água de um rio ou curso d'água flui, ou seja, para abaixo no sentido da correnteza), temem alterações no fluxo do rio que possam impactar a agricultura, a pesca e a subsistência de milhões de pessoas.

Em resposta, Mao afirmou que a China adota uma postura responsável no desenvolvimento de rios transfronteiriços.

“O desenvolvimento hidrelétrico no trecho inferior do Rio Yarlung Zangbo busca acelerar a geração de energia limpa, enfrentar as mudanças climáticas e mitigar desastres hidrológicos extremos”, declarou.

A porta-voz ressaltou que o projeto foi precedido por décadas de pesquisas aprofundadas e que medidas de proteção foram implementadas para garantir tanto a segurança quanto a sustentabilidade ecológica.

"A China continuará mantendo comunicação com os países localizados a jusante e intensificará a cooperação em prevenção e mitigação de desastres para beneficiar as comunidades da bacia do rio", concluiu.

A maior hidrelétrica do mundo

Localizado no Tibete, o projeto destaca-se por sua magnitude sem precedentes e sua integração ao plano de transição energética da China. Com um investimento estimado em 1 trilhão de yuans (aproximadamente 137 bilhões de dólares), a obra supera em muito os custos da Barragem das Três Gargantas, que foram de 254,2 bilhões de yuans (cerca de 35,59 bilhões de dólares).

Apesar dos desafios ambientais e geopolíticos, o governo chinês classifica o projeto como essencial para alcançar a neutralidade de carbono e impulsionar a economia local, especialmente nas indústrias de engenharia, transporte e serviços.

Planejamento estratégico e ambições globais

Incluído no 14º Plano Quinquenal da China (2021-2025), o projeto simboliza a busca do país por sustentabilidade e reafirma sua capacidade de realizar projetos de engenharia de escala incomparável. O documento detalha a importância de integrar infraestrutura energética a estratégias de desenvolvimento econômico, social e ambiental.

Leia o plano completo aqui (em inglês): 14º Plano Quinquenal da China (2021-2025)

Potencial e desafios

O Rio Yarlung Zangbo atravessa o cânion mais profundo do mundo, com um desnível vertical de 5.486 metros, oferecendo um enorme potencial hidrelétrico. No entanto, a região é também uma das mais vulneráveis ecologicamente. Grupos ambientalistas alertam que o projeto pode causar erosão do solo, perda de biodiversidade e deslocamento de comunidades locais.

Além disso, a área é altamente sísmica, e os riscos de deslizamentos de terra e fluxos de lama são motivo de preocupação. O governo chinês garante4 que o projeto é seguro, com base em extensas investigações geológicas e avanços tecnológicos.

Este mega empreendimento não apenas estabelece um novo recorde global em infraestrutura, mas também enfrenta desafios técnicos sem precedentes, consolidando a China como líder global na transição para uma economia de energia limpa.

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