A China construiu a maior e mais completa cadeia industrial do setor de novas energias no mundo, fornece 70% dos componentes fotovoltaicos e 60% dos equipamentos de energia eólica do planeta e lidera a transição energética global.
Durante coletiva regular de imprensa do Ministério das Relações Exteriores desta sexta-feira (23), a porta-voz Mao Ning destacou que o florescente setor de novas energias fez da China um dos países com a maior redução da intensidade energética no mundo.
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"Isso dá um forte impulso à transição energética global e ao desenvolvimento verde, de baixo carbono e sustentável. Em particular, os produtos de novas energias da China impulsionaram efetivamente a transição verde em países do Sul Global, melhorando significativamente a vida das populações locais", destacou Mao.
A porta-voz citou que os muitos projetos de energia limpa realizados pela China em África têm ajudado cada vez mais países africanos a entrar no caminho do desenvolvimento verde e de baixo carbono.
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"A usina de energia fotovoltaica de Garissa, no Quênia, realizada por uma empresa chinesa, reduz as emissões de CO2 em 64 mil toneladas por ano, e a usina hidrelétrica de Kaleta, na Guiné, aliviou consideravelmente a escassez de eletricidade no país", listou.
Mao comentou que durante a Terceira Sessão Plenária do 20º Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), realizada em julho deste ano, foi enfatizada a necessidade de intensificar a transição verde em todas as áreas do desenvolvimento econômico e social, priorizar a proteção ecológica, conservar recursos e utilizá-los de forma eficiente, e buscar um desenvolvimento verde e de baixo carbono.
"Ao perseguir o desenvolvimento verde internamente, a China também continuará a contribuir para o combate às mudanças climáticas e a melhorar a governança ambiental global. É preciso destacar que alguns países usam a 'excesso de capacidade' como pretexto para atacar a indústria verde da China. Isso não é propício para a resposta global às mudanças climáticas. O mundo não precisa de barreiras verdes, mas de esforços conjuntos para uma transição verde global", finalizou.
Liderança verde da China
Em 2023 e 2024, a China consolidou sua posição como líder global na instalação de energia eólica e solar, superando em larga escala os países mais ricos do mundo.
Ano passado a potência asiática instalou aproximadamente 340 GW de capacidade de energia eólica, um número que cresceu ainda mais em 2024, consolidando sua liderança global. É mais do que o dobro do que tem os Estados Unidos, o segundo maior instalador, que tinha cerca de 120 GW, enquanto a Alemanha, um dos líderes na Europa, possuía aproximadamente 65 GW.
Outros países ricos, como o Reino Unido e a França, mantinham capacidades significativamente menores, com 25 GW e 20 GW, respectivamente. O Japão, outra economia avançada, tinha cerca de 50 GW.
A China também liderou na instalação de energia solar, com cerca de 300 GW de capacidade em 2023, expandindo para níveis ainda maiores em 2024. Os Estados Unidos, novamente em segundo lugar, tinham cerca de 100 GW, seguidos pela Alemanha com 60 GW.
No Reino Unido, a capacidade solar era de aproximadamente 20 GW, enquanto a França possuía cerca de 15 GW. O Japão, com uma forte tradição em energias renováveis, tinha cerca de 70 GW.
Esses números destacam o avanço significativo da China em energias renováveis, com uma capacidade instalada de energia eólica e solar que supera em muito a dos países ricos.
A liderança da China nesses setores é um reflexo de sua estratégia de longo prazo para se tornar uma potência em energias limpas, contribuindo significativamente para a transição global para uma economia de baixo carbono. Enquanto isso, os países ricos continuam a expandir suas capacidades, mas em um ritmo muito mais lento comparado ao gigante asiático.
Planejamento de longo prazo
Durante a Terceira Sessão Plenária do 20º Comitê Central do PCCh, realizada em julho deste ano, foram tomadas decisões importantes para intensificar a transição energética do país, com foco em um desenvolvimento mais verde e de baixo carbono.
- Aceleração da Transição Verde: A plenária destacou a necessidade de acelerar a transição para uma economia e sociedade mais verdes, priorizando o uso eficiente dos recursos e a proteção ecológica.
- Desenvolvimento de Energias Renováveis: Foi reafirmado o compromisso da China em expandir significativamente seu setor de energias renováveis, incluindo a energia solar, eólica e hidrelétrica, como parte essencial da estratégia nacional para reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
- Inovação e Eficiência Energética: A plenária enfatizou a importância da inovação tecnológica e da melhoria da eficiência energética em todos os setores econômicos, promovendo o desenvolvimento de tecnologias limpas e a modernização da infraestrutura energética.
- Contribuição Global: A China reafirmou seu papel na governança ambiental global, comprometendo-se a continuar contribuindo para os esforços globais de combate às mudanças climáticas e melhorando a cooperação internacional em projetos de energia limpa.
- Proteção e Conservação Ecológica: As decisões também incluíram um foco na conservação dos ecossistemas e na redução da pegada de carbono do país, integrando esses objetivos nas políticas de desenvolvimento econômico e social.
Essas decisões refletem o compromisso da China em liderar a transição global para energias limpas e enfrentar os desafios das mudanças climáticas de forma proativa, alinhando seu crescimento econômico com metas de sustentabilidade ambiental.
De olho no futuro
As metas futuras da China em relação à transição energética e ao desenvolvimento sustentável são ambiciosas e fazem parte de uma estratégia mais ampla para posicionar o país como líder global em energia limpa.
- Neutralidade de Carbono até 2060: A China se comprometeu a atingir a neutralidade de carbono até 2060. Isso significa que o país pretende eliminar ou compensar completamente suas emissões de dióxido de carbono até essa data.
- Pico de Emissões até 2030: Antes de alcançar a neutralidade de carbono, a China pretende fazer suas emissões de dióxido de carbono atingirem o pico até 2030. Após essa data, as emissões deverão começar a diminuir progressivamente.
- Aumento da Capacidade de Energias Renováveis: A China planeja aumentar significativamente a capacidade instalada de energias renováveis, como solar e eólica. O objetivo é que essas fontes de energia representem uma parcela cada vez maior da matriz energética do país.
- Redução da Dependência de Carvão: Embora o carvão ainda desempenhe um papel importante na matriz energética da China, o país está trabalhando para reduzir gradualmente sua dependência dessa fonte de energia poluente. A meta é diminuir o consumo de carvão em favor de fontes mais limpas.
- Desenvolvimento de Tecnologias de Armazenamento de Energia: A China está investindo no desenvolvimento de tecnologias de armazenamento de energia, como baterias avançadas, para melhorar a estabilidade e a eficiência das redes elétricas, especialmente com o aumento da participação das energias renováveis.
- Expansão de Infraestrutura de Carregamento para Veículos Elétricos: Como parte de seu compromisso com a redução das emissões, a China está expandindo significativamente a infraestrutura de carregamento para veículos elétricos (VEs), visando facilitar a adoção em massa desses veículos.
- Inovação em Hidrogênio Verde: A China também está explorando o potencial do hidrogênio verde como uma nova fonte de energia limpa. A meta é desenvolver a tecnologia e infraestrutura necessárias para produzir e utilizar hidrogênio de forma sustentável.
- Proteção Ambiental e Conservação Ecológica: A China está fortalecendo suas políticas de proteção ambiental, com metas para restaurar ecossistemas degradados, melhorar a qualidade do ar e da água, e conservar a biodiversidade.
Essas metas refletem o compromisso da China em lidar com os desafios das mudanças climáticas e em promover um desenvolvimento sustentável que equilibre o crescimento econômico com a proteção ambiental. O sucesso dessas metas dependerá de uma combinação de políticas internas robustas, inovação tecnológica e cooperação internacional.
Desafios para transição energética
Além das metas ambiciosas de transição energética e sustentabilidade, a China enfrenta vários desafios complexos que podem impactar sua capacidade de alcançar seus objetivos de desenvolvimento.
- Dependência de Carvão e Combustíveis Fósseis: Apesar dos esforços para aumentar a participação das energias renováveis, a China ainda depende fortemente do carvão para gerar eletricidade. Reduzir essa dependência sem comprometer a segurança energética e o crescimento econômico é um desafio significativo.
- Poluição Ambiental: A poluição do ar, da água e do solo continua sendo um grande problema em muitas partes da China, especialmente nas grandes cidades e regiões industriais. Embora tenham sido feitos progressos, a melhoria contínua da qualidade ambiental é uma tarefa árdua.
- Crescimento Econômico Sustentável: A China busca equilibrar o rápido crescimento econômico com a sustentabilidade ambiental. No entanto, a transição para um modelo de crescimento mais verde pode enfrentar resistência em setores que dependem de práticas tradicionais e intensivas em carbono.
- Desigualdade Regional e Social: Existem disparidades significativas no desenvolvimento econômico e na qualidade de vida entre as regiões costeiras mais ricas e as áreas rurais e interiores. Essa desigualdade pode complicar a implementação uniforme das políticas de transição energética e sustentabilidade.
- Segurança Energética: Com o aumento da demanda por energia, a China enfrenta o desafio de garantir um fornecimento de energia estável e acessível, especialmente em um cenário global onde as tensões geopolíticas podem afetar o comércio de recursos energéticos.
- Inovação Tecnológica e Infraestrutura: A China precisa continuar investindo em inovação tecnológica e infraestrutura para apoiar suas metas de energia limpa. Isso inclui o desenvolvimento de novas tecnologias, como armazenamento de energia, redes inteligentes e hidrogênio verde, além de modernizar a infraestrutura existente.
- Mudanças Climáticas e Desastres Naturais: A China é vulnerável aos impactos das mudanças climáticas, como inundações, secas e aumento do nível do mar, que podem afetar a produção agrícola, a segurança hídrica e as comunidades costeiras. Esses desafios exigem uma adaptação contínua e resiliente.
- Relações Internacionais e Comércio Global: A China enfrenta desafios em suas relações internacionais, especialmente com países ocidentais, que podem impor barreiras comerciais e sanções, afetando o comércio de tecnologias e recursos necessários para a transição energética.
Esses desafios refletem a complexidade da transição da China para um futuro mais sustentável, equilibrando o desenvolvimento econômico com a necessidade urgente de mitigar os impactos ambientais e sociais. O sucesso dependerá da capacidade do país de navegar por essas questões de forma eficaz e adaptativa.
Energia da China na nova era
Em dezembro de 2020, o Conselho de Estado chinês divulgou um white papper que detalha suas realizações no setor energético e as direções futuras para a reforma e desenvolvimento nesse campo. Desde a fundação da República Popular da China em 1949, o país construiu um sistema energético robusto, alcançado por meio de autossuficiência e reformas estratégicas.
Na nova era, sob a liderança de Xi Jinping, a China tem promovido um desenvolvimento energético de alta qualidade, com foco em inovação, sustentabilidade e cooperação internacional.
Intitulado "Energy in China's New Era" ("Energia na Nova Era da China", em tradução livre) o documento está dividido em nove capítulos: Preâmbulo, Desenvolvendo Energia de Alta Qualidade na Nova Era, Conquistas Históricas no Desenvolvimento Energético, Esforço Abrangente para Reformar o Consumo de Energia, Construção de um Sistema de Fornecimento de Energia Limpo e Diversificado, Aproveitando o Papel da Inovação como o Principal Motor do Desenvolvimento, Reforma Mais Profunda do Sistema Energético em Todas as Áreas, Reforço da Cooperação Internacional em Energia em Todos os Aspectos e Conclusão.
Confira os principais pontos:
Desenvolvimento de Energia de Alta Qualidade na Nova Era
- A China está implementando uma nova estratégia de segurança energética focada em reformas para melhorar a estrutura de consumo e diversificar a oferta de energia, com ênfase no desenvolvimento de energias renováveis e nucleares.
- O país está investindo em inovação tecnológica e promovendo a integração de tecnologias digitais com as de energia limpa, visando transformar o setor energético.
Conquistas Históricas no Desenvolvimento Energético
- A China se tornou o maior produtor e consumidor de energia do mundo, com avanços significativos na produção de carvão, petróleo, gás natural e eletricidade.
- A infraestrutura de transporte de energia foi expandida, incluindo redes de gasodutos e linhas de transmissão elétrica, melhorando a capacidade de resposta a emergências energéticas.
Reforma do Consumo de Energia
- Implementação de um sistema de controle duplo de consumo total de energia e intensidade energética.
- Fortalecimento das leis, regulamentos e padrões de conservação de energia, incentivando a eficiência energética e promovendo práticas de baixo carbono.
Construção de um Sistema Energético Limpo e Diversificado
- Prioridade ao desenvolvimento de energias não-fósseis, como solar e eólica.
- Promoção do uso de energia limpa em setores-chave como transporte e construção, com políticas de apoio fiscal e de preços para impulsionar a transição energética.
Inovação e Reforma no Sistema Energético
- Reforma do mercado de energia, promovendo maior concorrência e acesso diversificado ao mercado para capital estrangeiro.
- Desenvolvimento de um sistema de governança energética que abrange estratégias, planos e regulação, garantindo um ambiente de negócios mais viável e competitivo.
Benefícios para a Vida das Pessoas
- Melhoria do acesso à energia nas áreas urbanas e rurais, com investimentos em redes de eletricidade e projetos de alívio da pobreza através da geração de energia solar.
- Progressos significativos na promoção de aquecimento limpo no norte da China, melhorando as condições de vida e o ambiente energético.
Esses pontos destacam os esforços da China para liderar uma revolução energética global, com foco na sustentabilidade e na inovação tecnológica, enquanto busca equilibrar o crescimento econômico com a proteção ambiental e o bem-estar social.
Leia aqui o documento na íntegra, em inglês.