A China tem consolidado sua posição como uma potência global ao liderar iniciativas diplomáticas envolvendo segurança nuclear e ao expandir sua infraestrutura de energia nuclear.
No dia 4 dezembro, os países participantes do Processo P5 reuniram-se em Dubai, Emirados Árabes Unidos, para uma reunião de especialistas sobre armas nucleares, sob a presidência da China.
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Embora detalhes específicos das declarações de cada país não tenham sido amplamente divulgados, a iniciativa reflete um esforço conjunto para fortalecer a confiança mútua e a estabilidade estratégica global.
A China, como coordenadora atual do P5, reafirmou seu compromisso em facilitar essas discussões no futuro, enfatizando a importância do diálogo contínuo para a segurança internacional.
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Informações sobre o encontro foram divulgados ao público apenas no dia 10 de dezembro, durante coletiva de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da China. A porta-voz Mao Ning informou que a reunião envolveu uma discussão franca sobre doutrinas nucleares.
“Foi acordado que esse tipo de discussão é oportuna para aprimorar a compreensão das doutrinas nucleares de cada país e evitar mal-entendidos e cálculos equivocados”, afirmou.
O encontro reflete o esforço do P5 em buscar entendimento mútuo e reduzir os riscos de escaladas nucleares.
O que é o Processo P5?
O Processo P5 foi estabelecido em 2009 como uma plataforma de discussão para os cinco principais poderes nucleares do mundo: Rússia, Estados Unidos, China, Reino Unido e França.
Todos os participantes são signatários do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Originalmente, o P5 tinha como foco três questões-chave: desarmamento nuclear, não proliferação de armas nucleares e aplicação pacífica da energia nuclear.
Atualmente, o Processo P5 permite que as maiores potências nucleares do mundo discutam arranjos mutuamente benéficos na esfera de segurança global e trabalhem para reduzir riscos estratégicos. A presidência do grupo é rotativa, e a China ocupa essa posição em 2024.
Em janeiro de 2022, os membros do P5 declararam formalmente que suas principais responsabilidades incluem “evitar a guerra entre Estados com armas nucleares e reduzir riscos estratégicos”.
No entanto, o contexto geopolítico desafiador, agravado por tensões entre três de seus participantes (EUA, Reino Unido e França) e a Rússia, torna o trabalho do P5 ainda mais essencial, apesar das dificuldades.
Em julho de 2024, Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, alertou que o Processo P5 enfrenta desafios, mas destacou a importância de manter essa plataforma como um canal para “enviar sinais importantes” entre as potências nucleares.
Energia nuclear como base para sustentabilidade energética
Enquanto lidera diálogos sobre segurança nuclear, a China avança significativamente na expansão de sua capacidade de geração de energia nuclear. O país opera ou constrói 102 reatores nucleares, com uma capacidade instalada de 113 milhões de quilowatts.
Em agosto de 2024, o governo chinês aprovou a construção de 11 novos reatores, com um investimento de 200 bilhões de yuans (US$ 27,5 bilhões). Esses projetos visam aumentar a participação de fontes não fósseis no consumo de energia para 25% até 2030, com a meta de alcançar a neutralidade de carbono até 2060.
Apesar de representar apenas 5% da geração elétrica total em 2023, a energia nuclear já é responsável por mais de 20% do consumo em províncias costeiras como Fujian e Hainan. Para alcançar seus objetivos de descarbonização, especialistas projetam que a capacidade instalada de energia nuclear na China deve atingir 380 milhões de quilowatts até 2050.
A importância do P5 no atual cenário global
A reunião do P5 em Dubai ocorre em um momento de intensas tensões geopolíticas e conflitos regionais. O Processo P5 permanece como uma plataforma vital para evitar confrontos nucleares e reduzir os riscos associados ao uso de armas de destruição em massa.
Ao liderar essas discussões, a China busca promover a transparência, mitigar tensões globais e fortalecer a confiança estratégica entre as maiores potências nucleares.
A postura da China combina avanços em energia limpa com uma abordagem diplomática focada na segurança global. Isso reafirma seu papel de destaque em moldar o futuro nuclear, tanto no campo energético quanto no estratégico.
Em um mundo marcado por incertezas e rivalidades, a continuidade do P5 é essencial para construir um ambiente de paz e cooperação internacional.