De acordo com um estudo computacional realizado por acadêmicos da Universidade Fudan, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem "mais de 60% de chances" de vencer a vice-presidenta Kamala Harris e retomar a Casa Branca.
A previsão foi divulgada pelo Centro de Análise de Decisões Complexas (CCDA, da sigla em inglês) da universidade no último domingo (3), apenas dois dias antes da eleição desta terça-feira (5), em um momento em que pesquisas mostram uma disputa acirrada na reta final.
Te podría interesar
A equipe de pesquisa, liderada por Tang Shiping, da Escola de Relações Internacionais e Assuntos Públicos de Fudan, utilizou uma simulação computacional para estimar a distribuição de votos e o resultado no colégio eleitoral em oito estados-chave.
Esses estados – com uma margem inferior a 5% entre republicanos e democratas na eleição de 2020 – incluem Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin.
Te podría interesar
A Flórida, tradicionalmente um estado decisivo nas eleições presidenciais dos EUA, foi o oitavo estado incluído no modelo. Nos últimos ciclos eleitorais, o "estado ensolarado" tem mantido uma inclinação consistente a favor dos republicanos.
A técnica usada, conhecida como modelagem baseada em agentes (ABM, da sigla em inglês), recria ações e interações entre agentes individuais dentro de um sistema, permitindo analisar comportamentos complexos e prever possíveis desfechos.
Fator China nas eleições dos EUA
Nesta acirrada disputa pela Casa Branca, Donald Trump e Kamala Harris se enfrentam em um cenário de crescentes tensões geopolíticas, onde a China ocupa um papel central em diversas frentes.
LEIA TAMBÉM: China é um fator importante nas eleições dos EUA
Tanto a vice-presidenta, candidata pelos Democratas, quanto o ex-presidente e candidato pelos Republicanos, fazem referências frequentes ao país asiático em seus discursos e exploram temas como comércio, segurança e tecnologia.
Pequim mantém sua posição oficial de não interferência nos assuntos internos dos EUA e defenda relações de respeito mútuo.
As acusações de interferência chinesa nas eleições dos EUA são reiteradamente rejeitadas pelo governo chinês, que considera essas alegações parte de uma narrativa de tensão fabricada.
A China enfatiza seu desejo por coexistência pacífica e cooperação econômica e argumenta que seu crescimento não representa uma ameaça direta à soberania dos EUA.
Entre os pontos de divergência entre Trump e Harris, destacam-se as abordagens sobre tarifas, investimentos tecnológicos e a crise do fentanil.
Trump defende uma política mais agressiva e protecionista, enquanto Harris adota um tom diplomático, mas igualmente firme.
O projeto da empresa chinesa Gotion High-Tech em Michigan ilustra essa disputa: a instalação de uma fábrica de baterias de US$ 2,4 bilhões no estado traz promessas de empregos e avanços em energia limpa, mas levanta críticas republicanas sobre a influência chinesa em setores estratégicos dos EUA.
A eleição terá impacto direto nas relações entre Washington e Pequim. Independente do vencedor, questões como Taiwan, cadeias de suprimentos e políticas comerciais continuarão a moldar a dinâmica entre as duas potências, com o "fator China" permeando decisões que afetam diretamente a economia e a segurança nacional dos EUA.
Precisão das previsões variam
A Universidade Fudan, localizada em Xangai, China, é uma das instituições de ensino superior mais antigas e prestigiadas do país asiático. Fundada em 1905, a instituição de ensino superior oferece diversos programas acadêmicos e é reconhecida por sua excelência em pesquisa e ensino
Em relação ao uso de modelagem computacional para previsões eleitorais, a Universidade Fudan conta com centros de pesquisa dedicados à análise de decisões complexas, como o CCDA. Esses centros utilizam técnicas avançadas, incluindo modelagem baseada em agentes, para simular e prever resultados eleitorais.
No entanto, a precisão de tais previsões pode variar dependendo de diversos fatores, como a qualidade dos dados utilizados, os modelos estatísticos empregados e as condições políticas e sociais no momento da previsão.
Embora a modelagem computacional seja uma ferramenta poderosa para análises preditivas, as previsões eleitorais estão sujeitas a incertezas inerentes ao comportamento humano e às dinâmicas políticas. Portanto, os resultados dessas previsões devem ser interpretados com cautela e considerados como estimativas baseadas em modelos matemáticos.
Siga os perfis da Revista Fórum e da jornalista Iara Vidal no Bluesky