CHINA EM FOCO

China e Brasil estreitam laços na educação

Ministros da Educação Camilo Santana e Huai Jinpeng celebram acordos para fortalecer parceria educacional entre os dois países

Huai Jinpeng e Camilo Santana.Ministros da Educação da China, Huai Jinpeng, e do Brasil, Camilo Santana, apertam as mãos em frente às bandeiras dos respectivos países.Créditos: MEC (Ângelo Miguel)
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Brasil e China avançaram no fortalecimento de sua parceria educacional com a celebração de acordos firmados entre os ministros da Educação Camilo Santana e Huai Jinpeng. As iniciativas integram as comemorações pelos 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países.

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Os dois ministros assinaram na última terça-feira (26) dois memorandos de entendimento voltados para o ensino de português e a facilitação do acesso ao ensino superior.

Os acordos refletem a prioridade dos dois países em ampliar a cooperação acadêmica e tecnológica, consolidando o intercâmbio de estudantes e pesquisadores.

Durante o encontro, realizado em Brasília (DF), Santana destacou os desafios da educação brasileira e a importância de parcerias internacionais.

“Queremos capacitar nossos estudantes para mercados globais, como o de carros elétricos, com apoio de instituições e empresas chinesas, incluindo a BYD, líder mundial em veículos eletrificados”, afirmou.

Huai Jinpeng, por sua vez, sublinhou a relevância do ensino para as metas conjuntas de sustentabilidade e desenvolvimento econômico.

“A cooperação educacional entre Brasil e China sustenta a expansão de nossas relações comerciais e econômicas, promovendo um planeta mais sustentável e justo”, destacou.

Os dois memorandos assinados preveem a ampliação do ensino de português na China e o reconhecimento mútuo de diplomas, facilitando o acesso de estudantes brasileiros e chineses ao ensino superior em ambos os países. Atualmente, cerca de 5 mil estudantes chineses aprendem português em 40 universidades.

Mecanismo de consultas e novos projetos

MEC (Ângelo Miguel) - Ministros Huai Jinpeng e Camilo Santana celebram acordos na área de educação

Para garantir a implementação eficaz dos projetos, foi proposta a criação de um mecanismo de consultas ministeriais entre os dois países, com encontros periódicos.

“Essa é uma oportunidade de traduzir em ações concretas os consensos alcançados durante a visita do presidente Xi Jinping ao Brasil”, destacou o ministro chinês.

Camilo Santana aprovou a ideia, ressaltando que o potencial da cooperação educacional entre Brasil e China ainda não foi plenamente explorado.

“Queremos que a intensidade dessa parceria alcance o mesmo nível das nossas relações comerciais e científicas”, pontuou.

Entre as primeiras propostas em análise está a realização de um Fórum de Reitores Brasil-China, que deve impulsionar novas parcerias entre universidades. Os memorandos assinados têm validade inicial de cinco anos, com renovação automática, e reforçam a aliança estratégica entre as duas nações no campo educacional e tecnológico.

Instituto Brasil-China de Inovação Ciência e Tecnologia

Moisés Pimentel/UFRJ - Inauguração Instituto Brasil-China de Inovação, Ciência e Tecnologia

Além disso, o Instituto Brasil-China de Inovação, Ciência e Tecnologia (BCCSTI, da sigla em inglês) foi inaugurado com uma estrutura que reúne Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Petrobras, a Universidade do Petróleo da China e grandes empresas do setor energético, como Sinopec e Cnooc na segunda-feira (25).

A iniciativa é um importante avanço nas relações educacionais e tecnológicas entre Brasil e China e visa impulsionar o ensino e a pesquisa na área de engenharia, com foco em colaboração acadêmica e industrial.

“Educação é a chave para o desenvolvimento de um mundo mais justo. Este é mais do que a abertura de um centro, é um marco nas relações Brasil-China. Estamos criando uma ponte para o futuro, e esse instituto trará grandes contribuições para a engenharia em ambos os países”, afirmou o reitor da UFRJ, Roberto Medronho.

O BCCSTIpretende integrar pesquisa e inovação tecnológica, reforçando a cooperação científica entre as duas nações.

“Essa é uma ação concreta para implementar os acordos firmados durante a visita do presidente Xi Jinping ao Brasil na Cúpula do G20. Inicia-se uma nova fase de cooperação em ciência, tecnologia e inovação, além do intercâmbio cultural entre os países. Vamos unir pesquisa e indústria para formar engenheiros de excelência”, destacou Huai Jinpeng.

Também foi lançado o Instituto China-Brasil de Engenheiros de Destaque, que vai operar com base no modelo “2+2”, reunindo duas universidades e duas empresas de cada país. A parceria envolve a UFRJ, a Petrobras, a Universidade do Petróleo da China (CUP, da sigla em inglês) e a China National Offshore Oil Corporation (Cnooc), a maior estatal produtora de petróleo chinesa.

A cerimônia contou com a presença de representantes de empresas estratégicas do setor de energia, como a Corporação Nacional de Petróleo da China (CNPC) e a Companhia Petroquímica da China (Sinopec). Também participaram o secretário nacional de Educação Superior, Alexandre Brasil, e o diretor de Relações Internacionais da Capes, Rui Vicente Opperman.

Além da assinatura dos protocolos, a comitiva visitou uma feira universitária promovida pelo China Scholarship Council (CSC), no Centro de Tecnologia da UFRJ, que reuniu as principais universidades chinesas.

Recentemente, a UFRJ firmou novos convênios com a Universidade de Tsinghua, considerada a melhor instituição de ensino da China, e com a CUP, especializada no setor petrolífero. Ambas figuram entre as 15 melhores universidades do mundo, segundo o ranking da Times Higher Education.

Futuro da cooperação Brasil-China

O fortalecimento da parceria foi celebrado com o convite para que a UFRJ participe de um fórum de universidades brasileiras na China no próximo ano, evento que deve coincidir com uma visita de Estado do governo brasileiro a Pequim. Na ocasião, está prevista a entrega do título de doutor honoris causa ao presidente Xi Jinping, aprovado pelo Conselho Universitário da UFRJ em 2020.

Os institutos recém-criados têm o objetivo de fomentar a troca de tecnologia e a realização de pesquisas conjuntas, além de promover a formação de engenheiros brasileiros e chineses em programas acadêmicos conjuntos.

Na UFRJ, os projetos funcionarão no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), consolidando a instituição como referência em inovação e ensino no setor de engenharia.

Impactos na educação e na tecnologia

Os acordos entre Brasil e China na área de educação refletem um compromisso conjunto em investir na formação de profissionais alinhados às demandas globais, especialmente em áreas tecnológicas.

Na educação básica, professores brasileiros vencedores de olimpíadas de matemática participarão de intercâmbios em centros da Unesco na China, com apoio da Huawei para iniciativas de inclusão digital no Brasil.

No âmbito do ensino técnico e profissionalizante, os números apresentados pelo Brasil apontaram avanços significativos, que serão impulsionados pela cooperação com empresas chinesas e pela futura participação na Conferência Mundial de Educação Digital, em 2025.

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