O principal diplomata da China, o chanceler Wang Yi, fez um balanço sobre a participação do presidente Xi Jinping na 31ª Reunião Informal de Líderes da APEC, na 19ª Cúpula de Líderes do G20 e sobre as visitas de Estado ao Peru e ao Brasil.
Em uma entrevista coletiva no sábado (23), o ministro das Relações Exteriores da China apresentou aos jornalistas um resumo da viagem de Xi à América Latina.
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Wang destacou que o presidente chinês atravessou montanhas e oceanos para iniciar sua primeira viagem à América Latina após o 20º Congresso do Partido Comunista da China (PCCh), realizado em outubro de 2022.
"Essa visita focou na América Latina, conectou-se ao Ásia-Pacífico, teve alcance global e contemplou questões de importância mundial. Foi uma jornada de amizade que promoveu o desenvolvimento por meio da unidade, uma jornada de cooperação que expandiu parcerias", comentou o diplomata.
Wang destacou que, durante 11 dias, Xi percorreu mais de 40 mil quilômetros, atravessou as costas leste e oeste do continente sul-americano, participou de cerca de 40 atividades bilaterais e multilaterais, firmou mais de 60 acordos de cooperação, reencontrou antigos amigos e fez novas alianças, realizou comunicações estratégicas e aprofundou colaborações práticas.
"Além disso, impulsionou relações saudáveis e estáveis entre grandes potências, liderou a solidariedade do Sul Global e ampliou os espaços de desenvolvimento de alta qualidade e abertura de alto nível da China, ao mesmo tempo em que avançou na construção de uma comunidade de destino compartilhado para a humanidade", observou.
A mídia chinesa e estrangeira e internacional deu ampla atenção e cobertura ao evento. Palavras como "unidade", "cooperação", "desenvolvimento" e "comunidade de destino" tornaram-se termos frequentes. Foi amplamente reconhecido que a visita de Xi à América Latina teve significado extraordinário e impacto duradouro.
"O entusiasmo pela China na América Latina foi evidente, e o mundo voltou seu olhar para o país. De Lima ao Rio de Janeiro, o presidente Xi Jinping, mais uma vez, enviou uma mensagem clara e firme em defesa do multilateralismo, destacando a sabedoria chinesa na governança global e mostrando a imagem de um país responsável, justo, corajoso, inclusivo e comprometido", comentou.
Novo capítulo na cooperação aberta do Ásia-Pacífico
Wang destacou que nos 35 anos desde sua criação, a APEC impulsionou o grande desenvolvimento e integração da região, transformando o Ásia-Pacífico no motor mais dinâmico da economia global.
"Contudo, o mundo entrou em uma nova era de turbulências e mudanças, marcada pela disseminação de unilateralismo e protecionismo, o que trouxe sérios desafios à cooperação no Ásia-Pacífico", ponderou.
Já em 2017, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, Wang relembra que o presidente Xi alertou sobre os perigos do protecionismo, afirmando que isolar-se seria como trancar-se em um quarto escuro. O líder chinês destacou que é impossível transformar o oceano da economia global em lagos ou rios isolados. Agora, mais uma vez, ele abordou a questão em um momento crucial, propondo soluções chinesas para o futuro.
Em sua participação na reunião da APEC em Lima, Xi apresentou uma visão abrangente sobre o desenvolvimento econômico global e enfatizou a necessidade de persistir na abertura econômica e evitar retrocessos históricos.
Xi ressaltou que a globalização é uma demanda objetiva do progresso tecnológico e da produtividade social e que, em tempos difíceis, é crucial fortalecer a confiança, apostar na inovação e no progresso inclusivo e trabalhar juntos para promover uma globalização econômica mais inclusiva.
"Xi Jinping também destacou as razões por trás do "milagre do Ásia-Pacífico", chamando os membros da APEC a aderirem ao multilateralismo genuíno e a construírem uma estrutura de cooperação aberta, inovadora e sustentável", recordou Wang.
Sob o esforço conjunto das partes, a reunião de Lima aprovou novos documentos-guia para a construção de uma área de livre comércio no Ásia-Pacífico, reativando esse processo e injetando nova energia no desenvolvimento econômico da região.
O chanceler Wang destacou que a China, que já sediou a APEC duas vezes, sempre foi uma defensora ativa e líder na cooperação regional, promovendo a construção de um destino compartilhado para o Ásia-Pacífico. Ao propor sediar a reunião da APEC em 2026, a China reforçou seu compromisso histórico e sua responsabilidade, demonstrando a confiança que os países têm no país.
Foco na reforma da governança global
No contexto de grandes mudanças no cenário internacional, a governança global permanece atrasada em relação às novas realidades de poder, especialmente no que se refere às demandas do Sul Global.
"Com a entrada da União Africana no G20 e a liderança sucessiva de países emergentes como Indonésia, Índia, Brasil e África do Sul, um 'momento do Sul' desponta na governança global", pontua Wang.
Durante a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, cujo tema central foi "Construir um mundo justo e um planeta sustentável", Xi Jinping destacou os cinco pilares essenciais para a governança global: economia, finanças, comércio, digitalização e ecologia.
Xi também anunciou iniciativas como a adesão da China à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a promoção de cooperação científica aberta com Brasil e África do Sul.
"Além disso, Xi Jinping compartilhou as conquistas da China na erradicação da pobreza, afirmando que outros países em desenvolvimento também podem superar esse desafio com resiliência e esforço", ressaltou o chanceler chinês.
Expansão das relações com parceiros globais
Ao longo da visita, Xi Jinping realizou encontros bilaterais com líderes de mais de 10 países, reforçando tanto os laços com vizinhos próximos quanto as conexões com parceiros distantes. Em destaque, esteve a reunião com o presidente dos Estados Unidos em Lima, onde os dois líderes discutiram a importância de evitar conflitos e buscar cooperação.
Por fim, Wang Yi afirmou que a viagem de Xi Jinping à América Latina não só consolidou as relações bilaterais como também exemplificou os esforços da China em promover a paz, o desenvolvimento e a solidariedade global. O sucesso da visita marca um novo capítulo na diplomacia chinesa, fortalecendo a construção de um futuro compartilhado para a humanidade.