CHINA EM FOCO

Xi Jinping e Lula: o que esperar dos próximos "50 anos dourados"?

Presidente chinês conclui visita de Estado ao Brasil e assina 39 atos internacionais em setores como comércio, agricultura, ciência e tecnologia, energia e cultura

Xi Jinping e Lula.Presidentes da China, Xi Jinping, e do Brasil, Lula, aproximam as mãos para selar um novo patamar de parceria bilateral com um painel de ladrilhos dourados ao fundo.Créditos: Ricardo Stucker (PR)
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Uma das mensagens-chave do presidente da China, Xi Jinping, durante sua visita ao Brasil, foi o desejo de conduzir as relações sino-brasileiras a um novo período de "50 anos dourados".

Ele usou essa expressão em artigo publicado na Folha de S.Paulo no dia de sua chegada ao Rio de Janeiro (RJ), no último domingo (17), onde participou da 19ª Cúpula do G20.

Intitulado "Com Futuro Compartilhado e Amizade que Supera Distâncias, É Hora de Navegarmos Juntos sob Velas Cheias", Xi  escreveu:

"Aguardo trabalhar junto com o presidente Lula para conduzir as relações China-Brasil a entrar nos novos '50 anos dourados' e formar uma comunidade com futuro compartilhado mais justa e mais sustentável."

Além disso, em um discurso escrito divulgado na Base Aérea do Galeão, na capital fluminense, Xi reiterou:

"Acredito que esta visita aumentará ainda mais a confiança mútua estratégica entre os dois países, aprofundará os intercâmbios e a cooperação em vários campos e conduzirá as relações China-Brasil para os próximos '50 anos dourados'."

Xi também usou a expressão durante coletiva de imprensa da qual participou ao lado do presidente Lula, no Palácio da Alvorada, em Brasília, na quarta-feira (20), durante a visita de Estado ao Brasil. Ambos anunciaram os consensos estratégicos para o futuro das relações bilaterais.

"E isso promoverá, com certeza, as relações China-Brasil a levar adiante o que herdou do passado e arrancar os próximos '50 anos dourados', bem como estabelecer exemplo de união e autofortalecimento para os países do Sul Global e dar nova contribuição ao aumento de representação e voz dos países em desenvolvimento na governança global", declarou Xi

A expressão adotada por Xi reflete o compromisso de ambos os países em fortalecer e expandir sua parceria estratégica nos próximos 50 anos, com foco em desenvolvimento sustentável e cooperação mútua.

Novo patamar da parceria estratégica China-Brasil

O resultado da visita é que Brasil e China deram um novo passo em sua relação bilateral ao elevar a Parceria Estratégica Global ao nível de uma Comunidade de Futuro Compartilhado por um Mundo Mais Justo e um Planeta Sustentável

O compromisso consolida a cooperação entre os dois países pelos próximos 50 anos em áreas estratégicas como infraestrutura sustentável, transição energética, inteligência artificial, economia digital, saúde e aeroespacial.

Recebido pelo presidente Lula no Palácio da Alvorada, a residência oficial do chefe do Executivo federal, Xi destacou a importância de unir esforços para enfrentar desafios globais. 

“China e Brasil, como os maiores países em desenvolvimento de seus hemisférios, têm a responsabilidade histórica de liderar a construção de um mundo mais equitativo e sustentável”, afirmou o líder chinês.

Leia aqui a íntegra do discurso de Xi Jinping.

Lula ressaltou que a parceria vai além do comércio e enfatizou o papel dos dois países na defesa da governança global e no avanço de tecnologias sustentáveis. 

"Estamos construindo juntos uma base sólida de cooperação que terá impacto nas próximas décadas, beneficiando não apenas nossos povos, mas também contribuindo para um planeta mais equilibrado", disse o presidente brasileiro.

Leia aqui a íntegra do discurso de Lula.

A visita, marcada por reuniões e assinatura de 39 acordos, reforça os laços bilaterais e amplia o escopo da cooperação Brasil-China em áreas de interesse mútuo.

Leia aqui todos os acordos assinados.

Sinergia com a Nova Rota da Seda

Ricardo Stuckert - Com a presença de Lula e Xi, o diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, Zheng Shanjie, e o ministro-chefe da Casa Civil do Brasil, Rui Costa, assinaram o Plano de Cooperação para a Conexão Estratégica.
Ricardo Stuckert - Lula e Xi exibem o Plano de Cooperação para a Conexão Estratégica.

Depois de debates se o Brasil iria aderir ou não à Iniciativa Cinturão e Rota (ICR), durante a visita de Xi  foram estabelecidas sinergias entre o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Plano Nova Indústria Brasil, o Plano de Transformação Ecológica, o Programa Rotas da Integração Sul-americana e a Nova Rota da Seda.

LEIA TAMBÉM: Nova Rota da Seda: Brasil escolhe estratégia para entrar no projeto da China sem melindrar EUA

Com a presença dos presidentes Lula e Xi, o diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, Zheng Shanjie, e o ministro-chefe da Casa Civil do Brasil, Rui Costa, assinaram o Plano de Cooperação para a Conexão Estratégica.

O documento estabelece que os dois países vão alinhar suas estratégias em áreas prioritárias como finanças, infraestrutura, cadeias produtivas, transição ecológica e inovação tecnológica. A meta é ampliar a colaboração prática e fortalecer a relação bilateral em setores de alto impacto econômico e sustentável.

Impactos regionais e globais

Ricardo Stuckert - Xi e Lula reforçam confiança política entre China e Brasil.

Segundo Lula e Xi, o plano reforça a confiança política entre os países e promove uma conexão mais estreita entre suas estratégias de desenvolvimento. Além disso, o acordo foi apontado como um exemplo para aprofundar a cooperação entre a China e os países da América Latina dentro do escopo da Nova Rota da Seda.

O acordo sela o compromisso dos dois países em explorar sinergias entre suas políticas de crescimento e inovação, com vistas a impulsionar tanto o desenvolvimento local quanto a colaboração internacional.

Os próximos passos

O novo patamar das relações sino-brasileiras marca um avanço significativo na cooperação bilateral entre os dois países. Os próximos passos da cooperação Brasil-China devem envolver a implementação dos acordos firmados, com foco em projetos de infraestrutura, inovação tecnológica, sustentabilidade e fortalecimento dos laços culturais e educacionais.

A expectativa é que essa parceria estratégica contribua para o desenvolvimento econômico e social de ambos os países nos próximos anos.

  • Alinhamento de estratégias de desenvolvimento: assinatura de acordos para integrar a Nova Rota da Seda a programas brasileiros em uma sinergia que fortalecerá a cooperação em infraestrutura, energia e tecnologia.
     
  • Expansão do comércio e investimentos: celebração de 39 acordos bilaterais abrangendo setores como agricultura, tecnologia, comércio, investimentos, infraestrutura, energia, saúde e cultura. Espera-se que esses acordos ampliem o comércio bilateral e atraiam novos investimentos chineses para o Brasil.
     
  • Cooperação em ciência e tecnologia: parceria que inclui planos para colaboração em inteligência artificial, economia digital e inovação tecnológica, áreas consideradas cruciais para o desenvolvimento futuro de ambos os países.
     
  • Sustentabilidade e meio ambiente: Lula e Xi destacaram a importância de projetos conjuntos em infraestrutura sustentável e transição energética e reforçaram o compromisso com o desenvolvimento sustentável e a proteção ambiental.
     
  • Fortalecimento de laços culturais e educacionais: a cooperação também se estende a intercâmbios culturais e educacionais, visando aproximar as sociedades e promover maior entendimento mútuo.

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