CHINA EM FOCO

Novo chanceler chinês emite primeiro comunicado depois de assumir o cargo

Wang Yi, principal diplomata da China, faz primeira declaração depois de substituir Qin Gang no posto; ele ressalta que vai atuar para 'resguardar de forma resoluta' os interesses da potência asiática

Créditos: SCMP - Wang Yi, principal diplomata chinês, foi reconduzido ao posto de chanceler, que acumula com o de dirigente de política externa do PCCh
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Wang Yi, o principal diplomata chinês, prometeu "resguardar de forma resoluta" os interesses nacionais e delineou seus objetivos em um comunicado emitido nesta sexta-feira (28), dias depois de ser anunciado como ministro das Relações Exteriores da China.

Essa foi a primeira declaração de Wang sobre seu novo cargo desde que foi nomeado na terça-feira (25) para liderar o Ministério das Relações Exteriores no lugar de Qin Gang, um assessor próximo do presidente Xi Jinping e uma estrela política em ascensão que não é visto em público desde o final de junho.

Após o anúncio da repentina demissão de Qin, apenas sete meses após assumir o cargo, os registros de suas atividades públicas foram rapidamente apagados do site do ministério das Relações Exteriores. As informações sobre suas reuniões com autoridades estrangeiras reapareceram no site nesta sexta-feira, incluindo as últimas atividades registradas em 25 de junho - quando ele se reuniu com diplomatas da Rússia, Sri Lanka e Vietnã. Até sexta-feira à tarde, o nome de Qin ainda estava ausente da lista de ex-ministros das Relações Exteriores.

Questionada sobre o reaparecimento dos registros de Qin, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Mao Ning pediu que a imprensa não especule sobre o fato.

"Temos observado que o site [do ministério das Relações Exteriores] está atualizando. É normal atualizar informações. Vocês não precisam sobredescodificar nossas informações", comentou Mao Ning em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira.

O anúncio de terça-feira não mencionou o papel de Qin como membro do Conselho de Estado - o gabinete da China - mas os registros de seu trabalho como ministro das Relações Exteriores ainda constavam no site do Conselho de Estado.

A súbita remoção de Qin do cargo levantou questões sobre a falta de transparência na política chinesa, já que nenhuma razão oficial foi fornecida para a mudança. O ministério das Relações Exteriores havia atribuído sua ausência no início de julho a "motivos de saúde" não especificados, mas posteriormente afirmou que não tinha "nenhuma informação" sobre o assunto.

Liderança de Xi Jinping

Alguns observadores sugeriram que os acontecimentos poderiam ser vistos como um revés para o governo de Xi, mas a declaração de Wang no site do ministério das Relações Exteriores na sexta-feira afirmou a fé coletiva em seu comando.

"Vamos nos unir mais estreitamente em torno do Comitê Central do Partido Comunista, com o Companheiro Xi Jinping no centro," disse Wang.

Wang foi promovido no ano passado a chefe de assuntos externos do Partido Comunista da China (PCCh), tornando-se o principal diplomata do país. Ele havia sido ministro das Relações Exteriores por quase uma década antes de ser sucedido por Qin em dezembro.

Ele também estava ocupando o lugar de Qin em reuniões diplomáticas antes do anúncio formal de sua demissão, sendo visto por observadores como uma "escolha segura" em um ano agitado para a diplomacia.

A China seguirá "firmemente uma política externa independente de paz" e participará ativamente da reforma da governança global, disse Wang em seu comunicado, prometendo expandir parcerias com países ao redor do mundo.

"A China resguardará resolutamente sua soberania nacional, segurança e interesses de desenvolvimento" e "protegerá plenamente" os direitos dos cidadãos chineses", afirmou Wang.

Observadores disseram que a decisão de reconfirmar Wang é típica da abordagem de Pequim - em linha com a tradição de confiar aos membros de seu principal órgão de tomada de decisões, o Politburo, a condução do partido através de uma crise política.

A reafirmação de Wang o torna um dos ministros das Relações Exteriores mais poderosos da China em décadas e o primeiro membro do Politburo desde Qian Qichen a ocupar o cargo.

Com informações do SCMP