Qin Gang, que não é visto em público desde junho, foi destituído do cargo de ministro das Relações Exteriores do país, segundo relato da emissora estatal CCTV nesta terça-feira (25). A saída do chanceler ocorre durante a alta temporada da diplomacia chinesa desde o fim da política Zero Covid.
O anúncio abrupto da remoção de Qin veio após semanas de especulações sobre seu destino. Sua ausência tem dominado as discussões políticas internas e se tornou uma das maiores crises para o presidente chinês, Xi Jinping, desde o início de seu terceiro mandato sem precedentes no ano passado.
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A breve declaração da CCTV afirmou que Wang Yi, que está acima de Qin e serve como principal assessor de política externa de Xi, é o novo ministro das Relações Exteriores.
Wang, diretor do Escritório da Comissão Central de Assuntos Exteriores, vem atuando como ministro das Relações Exteriores nas últimas semanas. Ele participou de uma série de atividades diplomáticas, incluindo a cúpula dos Brics em andamento na África do Sul e reuniões com os ex-secretários de Estado dos EUA, Henry Kissinger e John Kerry, na China, na semana passada.
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Embora Qin seja o rosto da diplomacia chinesa, ele é apenas o executor da política externa das políticas elaboradas pelo Partido Comunista da China (PCCh). Quem toma as decisões é o seu substituto, Wang, que foi o ministro das Relações Exteriores da China no primeiro e segundo mandato de Xi, antes de Qin ser promovido em dezembro.
Decisão do Congresso Nacional do Povo
A decisão de remover Qin de seu cargo foi tomada em uma sessão especial do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo (NPC, da sigla em inglês), que ocorreu um dia após o principal órgão de tomada de decisões, o Politburo, se reunir na segunda-feira (24).
De acordo com as regras atualizadas em junho do ano passado, o Comitê Permanente do NPC realiza uma sessão a cada dois meses, mas na prática, geralmente as realiza no final dos meses de número par.
Uma sessão intermediária para casos especiais pode ser agendada pelo presidente do comitê. A remoção de Qin do cargo de ministro das Relações Exteriores está de acordo com a Lei Orgânica do Congresso Nacional do Povo, que entrou em vigor em março de 2021.
A regra confere ao Comitê Permanente, em vez de um congresso nacional, o poder de nomear ou destituir alguns membros do Conselho de Estado.
Qin foi visto pela última vez em público durante uma reunião de diplomatas de alto nível da Rússia, Vietnã e Sri Lanka em 25 de junho, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores da China.
Rumores e especulações
A ausência de Qin alimentou rumores e especulações na imprensa estrangeira. Um deles é o de que Qin teria sido afastado devido a um caso extraconjungal. Outros são de que estaria sofrendo problemas de saúde ou até que teria desertado.
Outra versão é a de que o diplomata foi afastado em razão de uma postagem nas mídias sociais chinesas em que sugeria que a China poderia invadir outros países em caso de necessidade. O alerta teria irritado Xi, o que levando Qin ao afastamento.
Apesar dos rumores circulando nas redes sociais e entre diplomatas estrangeiros, Pequim tem sido vaga sobre o status e o paradeiro de Qin, atribuindo sua ausência prolongada a "razões de saúde" não especificadas desde o início de julho.
"As atividades diplomáticas da China estão ocorrendo normalmente", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, em 17 de julho, quando questionada sobre o desaparecimento de Qin, mas sem negar especulações sobre seu destino.
Antes considerado um assessor confiável do presidente, Qin subiu rapidamente nas fileiras - de porta-voz do ministério e vice-ministro das Relações Exteriores responsável por protocolo e assuntos europeus, até se tornar o segundo diplomata mais importante do país.
Qin foi nomeado embaixador da China nos Estados Unidos em julho de 2021, e 17 meses depois foi promovido a ministro das Relações Exteriores, e depois a conselheiro de Estado em março, uma posição que está acima de um ministro de gabinete.
Com informações do SCMP